Por Nanael Soubaim. 
Às vezes vejo o Livro dos Espíritos e tenho vontade de esfregar nas 
caras dos autores, algumas coisas que o livro renega e chama de 
superstição, mas que algumas linhas mais adiante confirma como 
funcionais, só que com o nome científico e politicamente aceito de 
magnetismo... E como tem espírita chato! Como tem espirichiita tentando 
me demover de coisas que eu constactei terem funcionado!
Bem,
 deixemos os dito para lá, por enquanto, e vamos ao texto que o gancho 
trouxe. Vocês se lembram do filme O Exorcista? Claro, é um clássico do 
gênero, que depois descambou em papagaiadas de sustos sem função em 
filmes correlatos. Vocês sabem qual foi o erro do padre, não sabem? Ok, 
aos que ainda não entenderam a lição daquela cena, eu vou dizer o que 
faltou ao padre: AUTORIDADE. O pateta se deixou dominar pela culpa, não 
controlou os próprios pensamentos e se considerou subalterno do 
obsessor. Agiu não como um banidor, mas como um soldado se revoltando 
contra o oficial.
Vamos entender. O que diferencia um 
cidadão que faz trevosos correrem só de olhar para eles, de outro que 
berra discursos prolixos e só consegue arrancar risadas, e talvez eles 
saiam só para terem o espetáculo novamente, mais tarde? Ele tem 
autoridade. Ele não modula a voz e franze o cenho para conseguir um 
papel em um filme de pancadaria, expressão e voz não são causas, são 
conseqüências. Ele está realmente aborrecido, a situação o desagrada e 
ele se decide a resolvê-la. Sabem aquelas professoras que te fazem calar
 a matraca e se comportar só um olhar? Eu sei que são raras, tão raras 
quanto necessárias. É disso que eu falo. Ela não evoca seu título, sua 
posição social que hoje não é sequer sombra dos meus tempos de escola, 
nem mesmo o estatuto do servidor público se for o caso. Ela manda ficar 
quieto, e tu ficas quieto. Ela manda sair da sala, e tu sai da sala. Ela
 manda ir à secretaria, e tu vais à secretaria mesmo sabendo que estás ferrado.
É
 por isso que para ser um mago de respeito, não adianta memorizar um 
milhão de feitiços e evocações, porque isso não te garante se um dia 
eles se voltarem contra ti; acredite, um dia eles voltam e não será um 
contra-feitiço que salvará tua pele, não ele sozinho. Chegará o momento 
em que serão só tu e as criaturas de outros planos. O que farás então? 
Ligar para a polícia? Eles não ficarão esperando o camburão do bope dos 
exús chegar para te darem uma lição. Se tiveres consciência de tua força
 e tranqüilidade para exercê-la, simplesmente mandas todo mundo ir catar
 coquinho e atirar em quem os enviou, se não tiveres é bom que um mago 
forte e amigo esteja por perto.
É necessário que o 
iniciado treine a própria autoridade, não somente sobre outras criaturas
 e as forças do universo, mas principalmente sobre si mesmo. Não um 
treinamento meramente protocolar, com hora marcada para começar e 
terminar, é treinamento contínuo sem data de validade. É preciso ter 
autoridade primeiro sobre seus medos, porque eles são seus maiores 
sabotadores, depois sobre as culpas, que são muito pesadas e não te 
deixam erguer a cabeça para respirar direito. Quando me refiro a medos e
 culpas, falo de coisas bem mais simples e triviais do que vocês 
imaginam. Não confundir com desprezo pela dor e pelos sentimentos 
alheios, isso é psicopatia e custa caro a quem a leva a termo.
Primeiro
 é necessário ter em mente que o teu sucesso não é a causa da derrocada 
alheia. Se o outro tiver juízo, vai pegar carona nesse sucesso para 
construir o próprio. Comer um chocolate suíço, por exemplo, para muita 
gente é um acto desnecessário de ostentação, alegando que muitos nunca 
comeram um bombom do fofão. Me digam quantas pessoas saíram da miséria 
por causa da falência da Varig. É mais ou menos isso, um êxito 
conseguido por meios éticos e legais nunca deve ser motivo para 
constrangimento, este que é uma brecha para seres baixos entrarem e 
sabotarem tuas defesas. Uma das táticas é transformar a culpa em temor 
pela punição.
Se vais dizer umas verdades a alguém,
 evite ao máximo magoar a pessoa, mas não tenha pena da mala sem alça 
que tiver feito por merecer. Uma sacolejada é necessária a todos, de vez em quanto.
 A tristeza que vier depois, por conta do clima triste que por ventura 
tiver se instalado, não deve sob hipótese alguma servir de porta para a 
culpa. É como se um policial se sentisse culpado por ter baleado um 
meliante que fazia uma criança de refém. Ele pode se sentir triste por 
isso, se tiver um coração nobre, mas sob hipótese alguma deve sentir 
culpa ou arrependimento por ter feito a única coisa que poderia ter sido
 feita. Quem quiser que apresente alternativas para missões futuras.
Uma
 vez que culpa e medo tenham sido controlados, é hora de cuidar dos 
pensamentos. Lembrem-se, deixá-los livres e sem controle é como gritar a
 própria intimidade em via pública, algum malandro vai se aproveitar do 
que tiver ouvido. Algo útil e colateral de se vigiar os pensamentos, é 
conseguir diferenciar com mais facilidade os que são realmente teus, dos
 pensamentos invasores e parasitários. Porque são muitos, talvez vocês 
AINDA não percebam, mas a densidade de pensamentos soltos a procura de 
uma cabeça oca e caótica, para fazerem morada, é imensa. Se deixares, te
 levam para o abismo em um piscar de olhos. Vivo em um lugar 
particularmente rico desse tipo de resíduos, asseguro que é uma tarefa 
árdua.
Para quê tanto trabalho? É para que tuas ordens 
sejam densas, uniformes e compactas. Densas para que não haja um só 
espaço onde o inimigo consiga colocar alguma sabotagem, uniformes para 
que ele não encontre defeitos suficientes que lhe sirvam para se apegar,
 compactas para que tu não se percas em motivos e cerimônias 
desnecessários. Simplesmente diga "Saia daqui e não volte" da forma como
 achar melhor, mas não se dê o trabalho de justificar nem mesmo em 
pensamentos a sua ordem. Querer se justificar é colocar sua ordem em 
dúvida, é uma falha grave que, uma chance de revanche o outro lado não 
vai deixar passar.
Seja, nesse momento, como um 
marechal. Se vão te chamar de reaça, de tirano, de politicamente 
impatético, não deve ser motivo para tirar teu sono. As pessoas quase 
sempre não sabem patavinas do que um especialista está fazendo e adoram 
dar palpites esdrúxulos. Simplesmente diga de modo firme o que desejas. 
Lembram da história de que a fé remove montanhas? Parece uma parábola, 
mas o que foi dito é literal. Fale firme aos átomos da montanha, e ela 
sairá do lugar.