Por Eddie Van Feu
A série francesa é uma ótima surpresa! Em oito episódios, acompanhamos uma bizarra história de uma bruxa má que, aparentemente, sai das páginas de uma série de sucesso para aterrorizar o mundo. Suspense e drama pessoal se misturam em um texto bonito, o que dá um excelente resultado.
A bruxa Marianne sai das páginas de uma série de sucesso para espalhar a desgraça. Quando a autora quer terminar a série, ela manifesta seu desagrado com a decisão. |
Todo escritor já fantasiou com um de seus personagens se materializando de alguma forma no nosso plano físico. Eu mesma tenho uma ideia para um conto nessa linha sobrenatural. Então, podemos dizer que, a priori (olha, tô até falando bonito!), o argumento não seja assim uma total inovação. Mas Marianne é muito mais do que o argumento.
Dirigido pelo seu criador, Samuel Bodin, o roteiro é do próprio Bodin e de Quoc Dang Tran. Na história, acompanhamos a vida de uma escritora de sucesso, Emma Larsimon (na pele da ótima Victoire Du Bois) que está encerrando uma série de terror que já durava dez anos. Mas a bruxa Mariane, a vilã de sua série, não está tão a fim assim de encerrar sua carreira e começa a persegui-la, mandando não só pesadelos terríveis, mas recados bem diretos. Isso obriga Emma a voltar com sua assistente, Camille, para Elden, sua cidade natal, onde ela precisa confrontar não só seus pesadelos e a bruxa que criou, mas seu passado, as amizades machucadas, o relacionamento ferido, o amor nunca esquecido.
Marianne é uma série muito bem tratada. A fotografia é belíssima, o ambiente é envolvente, e o terror dá medo até o cabelo ficar em pé. Não tem susto de gato pulando do armário, mas um medo que assombra a alma. Ao mesmo tempo, há pinceladas de humor, há tristezas profundas, há famílias quebradas e amizades interrompidas. Tudo isso encontra um eco em quem assiste. Afinal, quem nunca teve uma família quebrada ou uma amizade interrompida?
Mas a série não seria tão brilhante se não tivesse monstros da interpretação atuando nela. Fiquei impressionada com Mireille Herbstmeyer, que possuída por Marianne se torna a pessoa mais assustadora que eu já vi. Victoire Du Bois é a escritora egoísta e egocêntrica que traz segredos trancados no peito e nos faz conectar com ela em sua dor e seu terror. Brilhantemente escrito, Marianne é uma história sobre amizade. “Amigos são os que ficam, depois que todos se vão”.
Eu sempre me conecto mais com histórias que tenham um fundo de verdade. No caso de Marianne, há uma boa pesquisa sobre magia, possessão e a história da bruxa Marianne. Fiquei meio assim quando vi que mais uma vez iriam usar o tema da bruxa má, como tantos outros já usaram. Mas vamos combinar que nem toda bruxa é boa! E Marianne era o cão chupando manga! Sua história é coerente e consistente e uma vez que você aceita que tem todo tipo de bruxa por aí, incluindo as que são terríveis, fica mais fácil compreender porque ela tem que morrer.
Outro cliché é o uso do tabuleiro Oui-ja, mas que rendeu ótimos momentos de terror, então tá perdoado. Uma falha que senti foi a resistência de Emma a aceitar o que estava acontecendo como algo sobrenatural. Tudo bem que a infeliz estava sempre bêbada, e não tem neurônio que aguente, mas considerando o passado que ela teve, e que apagou da memória, demorou um pouco demais.
As magias de Marianne são sinistras e perfeitamente compreensíveis do ponto de vista da magia mais negra que você conseguir imaginar. Já a magia que os personagens fazem para se defenderem deixa a desejar. Considerando que eles tinham uma loja esotérica impressionante na cidade, e um sujeito que manjava do assunto atrás do balcão, não terem se preparado melhor para o ritual de banimento que pretendiam fazer foi, no mínimo, imbecil. Como eu digo sempre, todos podem fazer magia, e o filme deixou isso claro. Só faltou inteligência dos personagens na hora certa.
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Se você curte terror, é uma ótima pedida. Se você gosta de boas histórias bem contadas, é uma ótima pedida também! Se você adora obras de arte, pode dar uma chance que não vai se arrepender. Disponível na Netflix.
Victoire du Bois está ótima como Emma, a escritora de sucesso alcoólatra que esconde um passado assombroso. |
Dirigido pelo seu criador, Samuel Bodin, o roteiro é do próprio Bodin e de Quoc Dang Tran. Na história, acompanhamos a vida de uma escritora de sucesso, Emma Larsimon (na pele da ótima Victoire Du Bois) que está encerrando uma série de terror que já durava dez anos. Mas a bruxa Mariane, a vilã de sua série, não está tão a fim assim de encerrar sua carreira e começa a persegui-la, mandando não só pesadelos terríveis, mas recados bem diretos. Isso obriga Emma a voltar com sua assistente, Camille, para Elden, sua cidade natal, onde ela precisa confrontar não só seus pesadelos e a bruxa que criou, mas seu passado, as amizades machucadas, o relacionamento ferido, o amor nunca esquecido.
Eu queria viver em Elden... Com bruxa e tudo. O lugar é lindo! |
Marianne é uma série muito bem tratada. A fotografia é belíssima, o ambiente é envolvente, e o terror dá medo até o cabelo ficar em pé. Não tem susto de gato pulando do armário, mas um medo que assombra a alma. Ao mesmo tempo, há pinceladas de humor, há tristezas profundas, há famílias quebradas e amizades interrompidas. Tudo isso encontra um eco em quem assiste. Afinal, quem nunca teve uma família quebrada ou uma amizade interrompida?
Cena perfeita para explica a influência de um obsessor sinistro. |
Mas a série não seria tão brilhante se não tivesse monstros da interpretação atuando nela. Fiquei impressionada com Mireille Herbstmeyer, que possuída por Marianne se torna a pessoa mais assustadora que eu já vi. Victoire Du Bois é a escritora egoísta e egocêntrica que traz segredos trancados no peito e nos faz conectar com ela em sua dor e seu terror. Brilhantemente escrito, Marianne é uma história sobre amizade. “Amigos são os que ficam, depois que todos se vão”.
Mireille Herbstmeyer está primorosa como a mãe de Carol, possuída por Marianne. |
Diferente da Maldição da Residência Hill, que é uma história fechada, Marianne deixa uma abertura para uma próxima temporada, mesmo que bem diferente da primeira, posto que há uma resolução para este arco.
Misticamente falando...
Eu sempre me conecto mais com histórias que tenham um fundo de verdade. No caso de Marianne, há uma boa pesquisa sobre magia, possessão e a história da bruxa Marianne. Fiquei meio assim quando vi que mais uma vez iriam usar o tema da bruxa má, como tantos outros já usaram. Mas vamos combinar que nem toda bruxa é boa! E Marianne era o cão chupando manga! Sua história é coerente e consistente e uma vez que você aceita que tem todo tipo de bruxa por aí, incluindo as que são terríveis, fica mais fácil compreender porque ela tem que morrer.
Outro cliché é o uso do tabuleiro Oui-ja, mas que rendeu ótimos momentos de terror, então tá perdoado. Uma falha que senti foi a resistência de Emma a aceitar o que estava acontecendo como algo sobrenatural. Tudo bem que a infeliz estava sempre bêbada, e não tem neurônio que aguente, mas considerando o passado que ela teve, e que apagou da memória, demorou um pouco demais.
As magias de Marianne são sinistras e perfeitamente compreensíveis do ponto de vista da magia mais negra que você conseguir imaginar. Já a magia que os personagens fazem para se defenderem deixa a desejar. Considerando que eles tinham uma loja esotérica impressionante na cidade, e um sujeito que manjava do assunto atrás do balcão, não terem se preparado melhor para o ritual de banimento que pretendiam fazer foi, no mínimo, imbecil. Como eu digo sempre, todos podem fazer magia, e o filme deixou isso claro. Só faltou inteligência dos personagens na hora certa.
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Se você curte terror, é uma ótima pedida. Se você gosta de boas histórias bem contadas, é uma ótima pedida também! Se você adora obras de arte, pode dar uma chance que não vai se arrepender. Disponível na Netflix.