sexta-feira, 30 de junho de 2017

Chá das Cinco#120 - DICAS DE SÉRIES

Renato Rodrigues fala da quinta temporada do seriado Arrow (aquela do Arqueiro Verde da DC Comics) que hoje só ele e o JM assistem e Eddie Van Feu indica o documentário The Keepers que mostra o assassinato nunca resolvido de uma freira no fim dos anos 60 em Baltimore, EUA

MAIS UM RECORD PARA A MULHER MARAVILHA

por Renato Rodrigues
A gente sabe que bilheteria não quer dizer qualidade (Estão aí os "Crepúsculos" e "50 tons" pra provar) mas essa notícia é sensacional: O site Box Office Guru divulgou que o filme da Mulher Maravilha já arrecadou US$ 330,5 milhões nos EUA ultrapassando (Nos EUA, heim) os US$ 330,3 de Batman vs Superman e os US$ 325 milhões de Esquadrão Suicida. Com isso, o filme se torna a maior bilheteria da DC no país, superando também O Homem de Aço, com seus minguados US$ 291 milhões.

CARA, isso me deixa muito feliz! MM é disparado o melhor filme deste universo compartilhado da DC! Espero que a Liga da Justiça, mesmo com uma pegada diferente, seja mais um sucesso!

Essa distinta concorrência pode forçar a Marvel a sair um pouco de sua zona de conforto e também melhorar alguns de seus pequenos problemas de repetição de fórmulas.

MULHER MARAVILHA, NÓS GOSTAMOS DE VOCÊ
Parapapapapapá!!!


quinta-feira, 29 de junho de 2017

UMA FAMÍLIA DE DOIS


Por Ricky Nobre


Não é apenas Hollywood que gosta de ganhar um dinheirinho refilmando sucessos internacionais, adequando-os melhor ao seu público. Uma Família de Dois de Hugo Gélin é um remake francês do recente sucesso mexicano Não Aceitamos Devoluções, escrito, dirigido e estrelado pelo comediante Eugenio Derbez. Enquanto o original leva o protagonista de Acapulco a Los Angeles, a nova versão vai da Marseille a Londres. 


 

O sorridente, festeiro e boa praça Samuel (Omar Sy) vive a vida que pediu a Deus como empregado de um resort, cercado de belíssimas turistas e toda a estrutura para promover festas de arromba, para a constante dor de cabeça de sua chefe. Num belo dia, uma mulher, Kristin (Clémence Poésy), o procura com uma menina de três meses nos braços, dizendo que é filha dele... e simplesmente desaparece. Ele vai até Londres desesperado, na certeza de que a encontraria para devolver a criança, mas, além de não conseguir, perde todo seu dinheiro, passaporte e, de quebra, seu emprego na França. Com um bebê nos braços, num país estrangeiro do qual ele não fala a língua, ele acaba aceitando um emprego de dublê, tentando ser pai do jeito que pode, inventando para a menina uma mãe que é agente secreta e viaja pelo mundo. 

 

Algumas cenas de Uma Família de Dois são transcrições exatas do original. Contudo, além das mais óbvias adaptações resultantes da diferença entre os países, existe uma principal diferença entre as versões que é a que dá a real personalidade do filme: Samuel. Enquanto o personagem original (e o próprio filme em si, na realidade) foi criado por Eugenio Derbez para ser um veículo seu como comediante, apesar das ambições dramáticas, o Samuel de Omar Sy é composto de forma bem menos caricata, apesar de, sendo uma comédia, a caricatura estar presente de forma mais ou menos marcante em diversos personagens. É curioso como a inclusão de um personagem gay é uma das melhores mudanças do filme em relação ao original, principalmente a inserção bem mais pessoal dele na vida do amigo e sua filha. Porém, infelizmente, é o personagem que acaba caindo mais fortemente na caricatura, com uma hiperssexualização que soa como piada velha. 

 

No fundo, Samuel é uma crianção, que nunca cresceu, e seu apartamento parece um parque de diversões, onde fica sempre dúbio se ele o fez assim apenas para a filha ou para si mesmo. O tema da recusa em crescer substitui o tema do medo no filme original, que neste é apenas ligado de forma tangencial ao tema da aversão à maturidade. Ele parece criar a filha num mundo de fantasia próprio e, se por uma lado ele justifica com a ideia de que "toda criança tem o direto de sonhar", ele também parece a estar protegendo de uma realidade mais dura, num ligeiro eco de A Vida é Bela

 

A direção é mais refinada, deixando de lado o humor mais rude e por vezes racista e machista do original (apesar dos problemas já citados do personagem gay). Com sua inesgotável simpatia e alegria de viver, o Samuel de Omar Sy convence muito mais como o cara cuca fresca e cercado de lindas turistas do que o Valentin de Eugenio Derbez.  Por outro lado, o original desafiava o público a, progressivamente, simpatizar com um personagem grosseiro e antipático, enquanto a versão francesa pegou um atalho no enorme carisma e sorriso de Samuel. 

 

É justamente nesse maior refinamento da direção que está o segredo de um filme bem mais sensível, substituindo a emocionalidade mais breguinha do original por momentos de emoção mais sutis e tocantes, principalmente no inesperado desfecho. Porém, o maior desafio do remake era quanto a escalação da personagem da menina, que no original era a sensacional Loreto Peralta, mas que encontrou na estreante Gloria Colston uma versão à altura. Se o filme tem algum problema mais sério, este é a personagem Kristin, uma vez que tudo o que é relativo a ela parece saído da cartola e nenhuma de suas motivações é explicada ou explorada, nem o abandono, nem seu retorno e nem todas as suas ações posteriores, além de um vago “porque eu quis”. Mesmo não sendo a personagem principal, Kristin deveria ser melhor estruturada, pois parece mais um furacão que acontece na vida de Samuel e Gloria do que uma pessoa de verdade. 

 

O título brasileiro reflete o título internacional em inglês oficial do filme, que a maioria dos países seguiu. Porém, o título original francês é Demain Tout Commence, literalmente, Amanhã Tudo Começa, que é justamente a última frase do filme, momento em que ao menos metade das pessoas na plateia estará procurando lenços de papel nos bolsos que elas não sabiam que iriam precisar. Fica a dica. 

 

UMA FAMÍLIA DE DOIS (Demain tout commence, 2016)
Com: Omar Sy, Clémence Poésy, Antoine Bertrand, Ashley Walters e Gloria Colston.
Direção: Hugo Gélin
Roteiro: Hugo Gélin, Mathieu Oullion e Jean-André Yerles, baseado no roteiro original de Eugenio Derbez, Guillermo Ríos e Leticia López Margalli
Fotografia: Nicolas Massart
Montagem: Valentin Feron e Grégoire Sivan
Música: Rob Simonsen

Chá das Cinco #119 - O que achamos de Baywatch

Eddie Van Feu, a salva vidas de filmes do Zac Efron, conta como foi assistir no cinema "SOS Malibu - The movie" ou Baywatch.


UM POUCO DE SENSO PARA NETFLIX

por Renato Rodrigues
O povo chorou, o povo esperneou, o povo xingou muito no twitter e o Temer caiu e a Netflix atendeu: Saiu hoje (29/06) a notícia oficial de que vai rolar episódio especial de duas horas de “Sense8” para finalizar a novelinha! AÍ SIM, agoooora eu vou ver a segunda temporada desse troço!!!

Abaixo a carta aos fãs da irmã Wachowski
“Cara família ‘Sense8’, há algum tempo queria escrever esta carta. A quantidade de amor e luto que surgiu por conta da notícia de que a série não continuaria foi tão intensa que eu não conseguia abrir o meu próprio email. Confesso que eu entrei em uma depressão bem séria. Nunca trabalhei ou me dediquei tanto a um projeto quanto com ‘Sense8’, e seu cancelamento me deixou vazia. Senti a decepção da minha incrível equipe. Senti a tristeza dos atores que se dedicaram tanto. Mas acima de tudo, senti o coração partido dos fãs (novamente, queria me unir a vocês para compartilhar alguns dos momentos lindos, os abraços, as lágrimas e as risadas, assim como as conversas profundas que tive com pessoas que se conectaram à série; nunca encontrei, como artista, fãs iguais a esses). Amigos de todo o mundo me ligavam, perguntando: ‘Não há nada que você possa fazer?’ E a verdade era que não. Não havia nada que eu pudesse fazer. Mas assim como os personagens da série descobriram que não estão sozinhos, eu também aprendi que não sou apenas eu. Eu sou nós. As cartas, as petições, a voz coletiva que surgiu como o punho de Sun para lutar pela série foi além do que todos esperavam. Neste mundo, é fácil acreditar que você não pode fazer a diferença; que quando um governo ou uma instituição ou empresa toma uma decisão, ela é definitiva; que o amor é sempre menos importante do que a decisão final. Mas aqui vai um presente para os fãs que eu sempre carregarei em meu coração: ainda que seja verdade que essas decisões sejam irreversíveis, não é sempre verdade. De forma improvável, o amor de vocês trouxe ‘Sense8’ de volta (eu poderia beijar cada um de vocês!). Tenho o maior prazer, assim como a Netflix (acreditem, eles amam a série tanto quanto nós, mas os números sempre foram difíceis), em anunciar que teremos mais um episódio especial de duas horas a ser lançado no ano que vem. Depois disso… se a experiência me ensinou algo, é que você NUNCA sabe. Obrigada a todos. Agora vamos descobrir o que acontece com o Wolfgang.”

E ANTES QUE EU ME ESQUEÇA: Golpe da bala Juquinha detectado: diz que vai acabar pra depois voltar!!! Estamos de olho!

Resultado de imagem para Bala juquinha

quarta-feira, 28 de junho de 2017

Chá das Cinco #118 - Séries que demoramos a dar chance

Sabe aquele seriado que você olhava feio e quando resolveu assistir virou fã? Vamos confessar os nossos, coloca aí nos comentários os seus.

Com Renato Rodrigues, Eddie Van Feu, Ricky Nobre, Patricia Balan e JM

 

BAYWATCH: UM ÓTIMO DIA NA PRAIA



por Eddie Van Feu

As releituras de séries mais antigas são uma faca de dois gumes. Se forem muito fiéis, podem parecer ridículas a uma nova geração que não tem ideia do que é aquilo. Se forem muito diferentes, não agradam aos fãs que poderiam ser um número significativo no cinema. O desafio é atualizar a série sem desrespeitar seus fãs, ao mesmo tempo em que agrada um novo público. Baywatch se saiu muito bem ao trazer para 2017 as aventuras de mulheres lindas que corriam em câmera lenta na famosa série dos anos 90.



Conhecida aqui como SOS Malibu, Baywatch passou na Globo e tinha como protagonista David Hasselhoff. Na atual versão, temos Dwayne Johnson e Zac Efron com uma surpreendente ótima química combatendo uma vilã sinistra na pele da bela Pryanka Chopra.



A história mostra a vida glamourosa de Mitch Buchannon (Dwayne) como salva-vidas super herói e sua equipe de mulheres lindas que correm em câmera lenta. Três novos membros entram em sua equipe. O medalhista olímpico bonitão e autoconfiante Matt Brody (Zac), o nerd gordinho e tímido Ronnie (John Bass) e a belíssima bióloga Summer Quin (Alexandra Daddario). O conflito entre Matt e Dwayne se estabelece assim que ele chega e é o que dá o tempero ao filme. Ouvir todos os apelidos que o personagem de Dwayne dá ao personagem de Zac é hilariante.


Os diálogos são ótimos, bem humorados e muito ágeis em um roteiro que brinca com as características da série ao mesmo tempo em que se mantém interessante. Enquanto Matt sugere diversas vezes que se chame a polícia, Mitch e sua equipe insistem em resolver um caso complicado por conta própria porque é a praia deles. Implausível? Talvez. Mas a série era assim!


A presença de Ronnie é redentora. Ela prova que nem todo mundo precisa ter corpo esculpido no Olimpo para estar ali. Apaixonado por uma mulher paradisíaca, a divertida C. J. Parker (Kelly RohrBach), ele se sente deslocado no meio das beldades, mas não deixa de tentar.


O humor funciona, a ação funciona, o elenco funciona. Despretensioso e simpático, Baywatch merecia continuação, mesmo que eu nunca tenha assistido a série na vida. Seguindo uma onda de homenagens feitas a séries dos anos 80 e 90 em tom mais leve, o filme deve agradar aos fãs e aos marinheiros de primeira viagem. Com visual bonito e boas risadas Baywatch é um ótimo dia na praia, com direito a camarão, céu azul e ondas maneiras. Outra curiosidade: o personagem de Zac Efron é um nadador que ganhou duas medalhas olímpicas das quais muito se orgulha, mas perdeu a medalha no nado com equipe ao cair na gandaia nas Olimpíadas do Rio de Janeiro e vomitar na piscina. Um nadador olímpico sem noção aprontando todas nas Olimpíadas do Rio não chega a ser uma total invenção, se não nos falha a memória.




Para promover o filme, foram filmadas diversas sequências do elenco correndo na praia. Em uma das corridas, Zac Efron caiu, capotou, deu cambalhota e continuou correndo atrás do grupo, gerando diversos memes para a alegria da galera. A sequência acabou sendo usada no filme, assim como outros erros de gravação que ilustravam o clima de bom humor presente nas filmagens. A presença de David Hasselhoff não chega a ser uma surpresa, mas é sempre um prazer. 



Se você vai ao cinema, vá disposto a um bom filme de ação com muito bom humor. Baywatch nunca foi sobre filosofias profundas e dilemas complexos, mas sobre ser herói, fazer mais do que é esperado de você e fazer tudo isso sendo maravilhoso(a). 




Eddie Van Feu adora o Zac Efron, mas acha que ele deve parar de malhar imediatamente antes que ele fique sem pescoço.


terça-feira, 27 de junho de 2017

Chá das Cinco #117 - O boatão sobre os salários na DC

Lembram de uma notícia compartilhada semana passada sobre a atriz Gal Gadot (Mulher Maravilha) ter recebido apenas 2% do que o Henry Cavill recebeu pelo "Homem de Aço"? Saiu até nos grande veículos! Pois é, tremendo caô, vamos falar sobre isso hoje

Presentes os assalariados Renato Rodrigues, Ricky Nobre, Patricia Balan e Eddie Van Feu

 

segunda-feira, 26 de junho de 2017

Chá das Cinco #116 - Giro da Semana

Jonny Depp falando besteira, a bilheteria da Múmia, série de Watchmen, Belas Maldições, Série dos Novos Titãs e a dança da cadeira de Star Wars estão no RESUMÃO DAS NOTÍCIAS

Com Renato Rodrigues, Eddie Van Feu, Patricia Balan e Ricky Nobre

MTV-MARAVILHA

por Renato Rodrigues
Enquanto outros filmes de super-heróis plantaram tretas a Mulher Maravilha colhe amor de todo lado. Olha essa homenagem!

Olha esse mega-clipe criado pelo Nerdist para homenagear a heroína. Participação da atriz Ciara Renee (a Mulher-Gavião de Legends of Tomorrow). O vídeo traz a combinação de seis canções famosas de intérpretes femininas, a citar: Madonna, Whitney Houston, Nancy Sinatra, Helen Reddy e Britney Spears e Beyonce.

 

domingo, 25 de junho de 2017

VLOG Alcateia #109 - Os 100 anos de Will Eisner

Em 2017 o criador do Spirit fez cem aninhos e, mesmo atrasados, fizemos um bate-papo especial sobre a obra desse que é um dos maiores quadrinistas do Século XX. E de quebra revelamos quem de nós já o conheceu pessoalmente. IMPERDÍVEL!




Presentes: Renato Rodrigues, Ricky Nobre, Patrícia Balan e JM

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Chá das Cinco #115 - Dicas de seriado

Duas séries da NETFLIX vacilona ("Dirk Gently's Holistic Detective Agency"  e  "Cara gente branca") estão em nossas dicas de seriado para o fim de semana.

Com Ricky Nobre e Eddie Van Feu

quinta-feira, 22 de junho de 2017

O CÍRCULO: ENTRE O PROMISSOR E O ASSUSTADOR

Eddie Van Feu

O Círculo não é um filme de terror. Mas assusta. É uma alegoria sobre o momento em que vivemos, com câmeras por toda parte e uma necessidade quase patológica de comunicar cada passo do seu dia nas redes sociais. Mais do que isso, é uma espiada no futuro.

Baseado no livro de Dave Eggers, a história nos apresenta uma funcionária de uma grande corporação interpretada por Ema Watson. Tom Hanks enche a tela com a imagem do cara legal, do chefe que todo mundo quer ter. E então temos O Círculo, uma companhia que detém a rede social mais ampla do planeta, que unifica todas as suas contas, que facilita compras e pagamentos! Lembra alguma coisa? E é a mesma companhia que cria câmeras que podem estar em qualquer lugar, incentivando um olhar atento, constante e perpétuo em cima de TODO MUNDO O TEMPO TODO.




Então, nós começamos a acompanhar o entusiasmo de quem acha isso ótimo, já que poderemos salvar vidas, e os questionamentos de quem simplesmente quer ter direito à privacidade.

O filme poderia ter ido mais longe. A personagem da funcionária Mae é um tanto apática e não chegamos a conhecê-la de verdade. Ela parece uma folha ao vento, e quando toma decisões, elas parecem meio forçadas em alguém que só queria pagar suas contas e ajudar a família. O personagem de John Boyega cai de paraquedas e não diz a que veio, enquanto o relacionamento de Mae com a própria família e amigos não se aprofunda. Há momentos no filme que poderiam ser infinitamente mais emocionantes, mas não são. Faltou construção de personagem para a mais importante do filme e Mae acaba sendo uma heroína que se apoia no carisma de Ema Watson.


Não há grandes inovações no conceito visual, talvez para evitar distrações do tema. O quanto estamos dispostos a mergulhar nessa era de total transparência? Isso seria realmente uma solução para todos os problemas do mundo? Ou seria apenas um problema para quem não estiver no topo da cadeia alimentar?

O fim é meio estranho, parece Super Cine (que ficou conhecido por filmes que terminavam de repente). Mas ainda vale a pena, especialmente pelo questionamento que provoca.



Chá das Cinco #114 - Qual ator você já malhou e depois se arrependeu?

Sabe quando indicaram um ator/atriz para um papel e você xingou muito no twitter? Daí quando viu no cinema quebrou a a cara? Vamos confessar nossos pecados passados mostrando que não entendemos nada de nada nessa vida!

Equivocados de hoje: Renato Rodrigues, Eddie Van Feu, Ricky Nobre, Patricia Balan e JM

PODIA SER UM FILME MAU QUE NEM PICA-PAU... MAS...

por Renato Rodrigues
O Pica-pau é um dos melhores desenhos que existem? Lógico! E pode render um bom filme longa? Hummm... talvez...

Vamos ver o trailer?




É... bom.... Pelo trailer vai ser um filme pra molecada mesmo! São só piadas físicas manjadas para crianças. E aqui no Brasil nem se deram ao trabalho de chamar o recente dublador dos desenhos (Marco Antonio Costa).

Podiam investir em mais piadas citando os desenhos (Muitas até já viraram memes). Pelo trailer o filme parece tão sem conteúdo que a promoção está toda sendo feita em cima da participação de uma atriz brasileira no elenco (Tainá, Thailá, Talula, não seu o nome e não me interessa também)

Acho que os pais (que cresceram com o desenho) ficarão entediados, então espero que os filhos pequenos ainda assistam Pica-Pau na Record para poder curtir o filme.

Se o vilão não terminar o filme descendo as cataras num barril eu peço meu dinheiro de volta! Mas não tenho muita esperança disso acontecer, no fundo os produtores só pensam mesmo é nisso:

quarta-feira, 21 de junho de 2017

FRANTZ: as feridas abertas da guerra.


Por Ricky Nobre


O filme de guerra é um gênero que existiu desde que existe cinema. O óbvio cenário na imensa maioria deles é, evidentemente, o campo de batalha, seja ele alguns milênios antes de Cristo ou em algum conflito ainda existente nos nossos dias. Poucos, entretanto, se concentraram na guerra depois da guerra, na vida das pessoas depois que cessa o fogo, sendo Os Melhores Anos de Nossas Vidas (1946) e Amargo Regresso (1978) dois dos mais famosos exemplos. O mais recente filme de François Ozon, o mais popular cineasta francês dos últimos anos, retrata justamente esse drama da dolorosa adaptação de um povo após a guerra, seja dos combatentes, seja dos familiares que perderam filhos, maridos e pais. 

 

Em 1919, após a Primeira Guerra Mundial, a jovem alemã Anna (Paula Beer) vive enlutada pela morte de seu noivo Frantz no conflito, enquanto mora com seus sogros, que a acolhem como filha. Uma dia, numa das rotineiras visitas ao túmulo do noivo, Anna vê um estranho que traz flores e presta homenagens a Frantz. Após alguns dias, o rapaz entra em contato com a família e se apresenta como Adrien (Pierre Niney), jovem francês que foi amigo de Frantz em Paris. Inicialmente, o pai de Frantz repele violentamente o rapaz por causa da rivalidade entre a Alemanha e a França na Guerra. A mãe e Anna, porém, acolhem o rapaz, atraídas pela forte ligação que ele parece ter com o saudoso filho e noivo, o que acaba levando o próprio velho pai a aceita-lo também como amigo da família. Em meio ao preconceito dos moradores da pequena cidade com a presença de um francês entre eles, a relação entre Adrien e a família de Frantz, especialmente Anna, se estreita e intensifica, enquanto a real natureza da ligação entre Adrien e Frantz permanece nebulosa, e esta revelação pode trazer consequências irreversíveis para todos. 

 

O principal desafio de Ozon em Frantz (na realidade, uma refilmagem não creditada de Não Matarás, de 1932) parece ser o de celebrar a vida numa obra com a sutil mas constante presença da morte. Anna vive um luto sem fim pelo noivo e sua alegria e desejo de viver desapareceram. Adrien é um jovem de aparência extremamente frágil, tanto física quanto emocionalmente, e seu desejo por uma conexão com a família de Frantz parece ser sua única razão de viver. Na mesma medida, a alegria e o riso voltam à casa de Anna e seus sogros com a presença do jovem francês que conta histórias dos dois amigos em Paris. Conforme os fatos se desenrolam e informações se revelam, Ozon expõe a tragédia e a insanidade da guerra à medida em que o ódio e a morte se estendem e cristalizam até anos depois da violência brutal das batalhas. Uma insanidade desumana capaz de trazer desejo de morte até para os que sobreviveram. 

 

A fotografia em preto e branco simboliza essa ausência de vida e ganha força justamente nas poucas cenas em cores que, inicialmente, parecem representar a alegria que a memória de Frantz traz mas, na realidade, simboliza o próprio personagem e sua presença na vida dos que ficaram. O grande desafio dos personagens não é apenas viverem após a perda e a tragédia, mas também com as próprias escolhas que fizeram. No restaurante em que o pai de Frantz (que vive atormentado pela culpa de ter insistido para que o filho se alistasse) se reúne com os amigos, ele repele os comentários rudes dos companheiros em relação a Adrien e a acolhida que o velho deu a um francês, que para eles é, obviamente, algoz de jovens soldados alemães. O pai repreende os amigos dizendo: “Quando nossos filhos matam mil franceses, nós comemoramos bebendo cerveja. Quando jovens franceses matam mil alemães, os pais deles comemoram bebendo vinho. Somos uma geração de pais que bebe à morte dos filhos”. Ano que vem, completará 100 anos do fim da Primeira Guerra Mundial e Ozon nos desafia a encontrar as diferenças entre o drama de seus personagens e a forma como se lida hoje na guerra com a morte dos nossos e do outro. 

 


FRANTZ, 2016.
Com: Pierre Niney, Paula Beer, Ernst Stötzner, Marie Gruber e Cyrielle Clair.
Direção: François Ozon
Roteiro: François Ozon e Philippe Piazzo (baseado no filme de Ernest Lubitsch “Não Matarás”, 1932)
Fotografia: Pascal Marti
Montagem: Laure Gardette
Música: Philippe Rombi

COTAÇÃO: 

Chá das Cinco #113 - Relembrando Akira (O mangá e o longa)

A editora JBC está trazendo de volta os mangá Akira e aproveitamos para relembrar a febre que foi o longa animado e os quadrinhos lançados pela Ed. Globo na época.
Será que ele passou no teste do tempo?

Presentes: Eddie Van Feu, Ricky Nobre, Patricia Balan, JM e Renato Rodrigues

terça-feira, 20 de junho de 2017

A GAROTA OCIDENTAL - ENTRE O CORAÇÃO E A TRADIÇÃO: sobre o que é ser mulher no islamismo e no mundo.


Por Ricky Nobre


Falar sobre islamismo no mundo atual já é um ninho de vespas. Quando é colocada a questão da mulher islâmica na equação, isso se eleva a uma complexidade que não cabe nas simplistas discussões de internet repletas da achismos. O que há de brilhante e indispensável em Garota Ocidental - Entre O Coração e A Tradição (como é infeliz esse subtítulo brasileiro...) é a forma como o roteirista e diretor Stephan Streker constrói um painel complexo e preciso da realidade da vida de famílias de religião muçulmana na Europa, em especial a realidade feminina nesse contexto. E isso de forma simples, fluida, sem arroubos de pretensão, porém, não menos dramática.

 

Zahra é uma jovem de 18 anos, de família paquistanesa que mora na França. Grávida do namorado, pretende fazer um aborto, sob a aprovação da família, que se coloca como muito mais flexível nos costumes do que seus compatriotas. Zahra, porém, tem sérias dúvidas sobre se deve ou não ir adiante, ainda que o namorado não queira de forma alguma assumir o filho caso ela o tenha. Zahra vai a clínica, mas desiste na última hora, não avisando, contudo, a família. Logo em seguida, os pais decidem que ela precisa se casar com um jovem paquistanês, e apresenta três pretendentes a ela, deixando claro que estão sendo muito “modernos” por permitirem que ela escolha. Totalmente avessa à ideia de casamento, a jovem entra em colisão com a família e as reais diferenças entre a cultura paquistanesa e os valores e anseios da moça, criada inserida na cultura e realidade francesas, vêm à tona.

 

Garota Ocidental é repleto de pequenos detalhes que compõem um mosaico da realidade islâmica na Europa. A escolha de uma família de costumes mais “abertos” é essencial não só para desconstruir certos clichês e preconceitos, quanto para evidenciar choques culturais, que se intensificam, mesmo numa família de costumes menos rígidos. Os pais e o irmão compreendem Zahra quanto à perda da virgindade e a apoiam na questão do aborto. Mas, para eles, ter uma filha que permaneça solteira após os 18 anos é inconcebível. Talvez a decisão mais importantes de Streker ao escrever foi colocar todas as discussões e conflitos como questões culturais, sem que a questão religiosa assuma qualquer protagonismo. De fato, a própria Zahra é vista rezando constantemente e seus conflitos com o aborto têm muito a ver com sua preocupação com a alma do feto, e acabamos tento a impressão de que ela é a pessoa mais religiosa do filme, ao mesmo tempo que é a que mais deseja ser livre. Parece ser a intenção de Streker propor que o grande choque entre o mundo islâmico com o ocidente não é de natureza religiosa, mas cultural, afastando o conceito de que o islamismo é uma religião que se impõe aos costumes de maneira uniforme. 


É muito enriquecedora para o filme a forma como os personagens são construídos e se apresentam. O sofrimento profundo e real dos pais de Zahra com sua recusa ao casamento entra em colisão com prováveis preconceitos do público. Todos os envolvidos sofrem. Ainda assim, o filme faz questão de deixar claro que é nas mulheres que recai o peso das injustiças. 

 

No fim, a indignação com a injustiça é o principal ponto de ligação do drama de Zahra com o público ocidental. Em determinada cena, conversando com a irmã mais velha, Zahra se lamenta com tudo o que ela passa “não é justo”. “É claro que não é justo”, responde ela. “Somos mulheres. O que você esperava?”. O destino de Zahra sugere que, talvez, o drama, não apenas nas muçulmanas, mas de todas as mulheres do mundo não é assim tão diferente. 

 

NOCES, 2016

Direção e roteiro: Stephan Streker

Com: Lina El Arabi, Sébastien Houbani, Babak Karimi, Nina Kulkarni, Olivier Gourmet e Alice de Lencquesaing.

Fotografia: Grimm Vandekerckhove

Montagem: Jerome Guiot e Mathilde Muyard

COTAÇÃO: