Por Nanael Soubaim
Há uma parcela do mundo real que o mais absurdo delírio é incapaz de reproduzir.
Há uma parcela do mundo real, que o mais tenebroso e cruel filme te terror seria incapaz de transmitir às telas.
Há uma parcela do mundo real que faria a mais intensa e abrangente das dores, parecer um pedaço do paraíso.
Há uma parcela do mundo real que as pessoas comuns tomam como fantasia de escritores, e por isso até vêem graça em sua descrição.
Há uma parcela do mundo real que os céticos duvidam que exista, e para sua sanidade mental, é melhor que continuem a duvidar.
Há uma parcela do mundo real que só os poucos lúcidos, tomados por lunáticos pelos comuns e céticos, têm ciência de que existe... E destes poucos, menos ainda estão prontos para enfrentar.
Há uma parcela do mundo real, que calaria permanentemente os mais experientes e inescrupulosos apresentadores de programas policiais.
Eram apenas policiais de elite, cujas identidades só o alto comando conhecia. Eles eram policiais comuns, barras-pesadas, acreditando que passariam a vida inteira enfrentando e enterrando psicopatas e traficantes da pior estirpe. Eles acreditavam que já conheciam o máximo da perversidade humana.
Um dia eles descobrem que sua experiência não vale absolutamente nada. Um dia eles descobrem que sua bravura é absolutamente inútil. Um dia eles descobrem que seu treinamento não faz frente nem ao mais fraco dos inimigos. Um dia eles descobrem que seus segredos mais caros e dolorosos estão escancarados para esses inimigos. E eles os exploram sem piedade.
Então eles percebem que o inimigo os conhece, que sabe cada detalhe de suas vidas, mesmo o que eles mesmos já tinham esquecido. Então o inimigo prova várias vezes que eles não são invulneráveis, que não são heróis, que não são nem mesmo fortes... E que a própria polícia nada pode fazer por eles, que eles mesmos não puderem fazer.
Eles não querem tirar o que é seu e ir embora. Não querem te matar e sair rindo. Não querem violentar sua família e te deixar impotente para reagir. Tudo isso é bondade para eles. Tudo isso, para eles, é gracejo de amadores. Eles sabem como fazer sofrer, de extrair do subconsciente o desejo de uma morte que nunca virá, mesmo depois de morto.
Episódios de violência extrema e perversidade brutal além da capacidade humana, protagonizados por pessoas que estão fora do alcance da lei, que não podem simplesmente ser presas e processadas, que nem mesmo a morte física poderia deter, porque a rigor não estão mais vivas. Seres amaldiçoados, que encarnam a maldade em seu grau mais puro, baixos demais para estarem vivos. E no que depender deles, você também não estará por muito tempo.
O inimigo não se cansa, não desiste, não mede esforços e não se importa com nada além de seu objectivo, que é te destruir de tal forma, que nem a eternidade no inferno de onde vieram, te fará esquecer e fechar as feridas. Cercado de luxo e status social, ele está acima de qualquer suspeita, tem sempre o álibi perfeito, te estrangula mesmo sem estar presente, e a culpa, se sobreviver, é sua.
Este não é um livro para quem adora filmes de psicopatas, para quem adora monstros de cinema, para quem acha que desfiar a morte é prova de coragem. é um livro para quem encara a morte sabendo que pode ser puxado a qualquer momento, para quem sabe que a dor psíquica, ao contrário da física, não tem limites, e mesmo assim a enfrenta com dignidade.
Se você pensa que é forte, que é um herói, que está pronto para morrer, este livro vai te provar o contrário. Você é fraco, é um covarde, vai se borrar de medo assim que a foice do coletor realmente tocar seu pescoço. E vai descobrir, depois, que o sofrimento não acaba aqui.
Este livro vai te ensinar humildade, respeito para com a vida, com o próximo, para consigo mesmo. Danny aprendeu da pior forma, que uma única fraqueza não enfrentada no tempo certo, pode lhe custar muito mais do que a vida. Ele aprendeu então a dar valor a cada acto de respiração, e é bom você também aprender, porque pode ser privado dele... A qualquer momento.
Da aclamada escritora de ficção fantástica Eddie Van Feu...
UMA GUERRA DE LUZ E SOMBRAS
Em Agosto, na Bienal do Rio de janeiro
Um comentário:
Uma salva de palmas!!
plac!plac!plac! =D
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