Robocop. Primeirão e unicão
por Antero Leivas Essa mania de remakes... Robocop do Padilha... Ágil demais, romantiquinho demais, certinho demais, com efeitos demais... O diretor de Tropa de Elite relê o drama do policial robô, só que subtraindo totalmente o sangue e dando uma quase disneyana polida na violência.
Samuel L. Jackson interpretando Pat Novak, um simulacro de Ratinho hi-tech, não merecia tanto destaque e o suíço Joel Kinnaman faz o que sua pouca, digamos, desenvoltura permite, na pele e no metal do protagonista (também, como ser desenvolto dentro de uma armadura? Pois é, Peter Weller, astro dos dois primeiros filmes da série, o foi). O resto do elenco simplesmente não conta. Ao contrário do longa-metragem de 1987, onde a coadjuvante Nancy Allen é lembrada até hoje, assim como os vilões... Fantásticos na crueldade, neste não há um elenco de apoio forte. Gary Oldman parece emular um James Gordon cientista e Michael Keaton atua como que conformado na decadência. Até mesmo Jackie Earle Haley, ficou bem mais expressivo sob a máscara de Rorschach em Watchmen do que encarnando Mattox, o vilão nº 1520 (a trama se perde em vilões de quinta). A própria esposa do policial Alex Murphy, a bonitinha Abbie Cornish (marcante como Sweet Pea em Sucker Punch) está completamente apagada. O competente Paul Verhoeven (o que terá acontecido a Paul Verhoeven? Alguém me diga...) assinalou seu nome na história das aventuras policiais sci-fi com seu Robocop primordial. Este sim, um primor em humor negro e ultra-violência. Três anos depois, Irwin Kershner realizaria, mesmo que de forma menos impactante, a segunda parte, ainda superior ao que foi feito agora.
Super heroico demais...
Dirão os mais jovens: "Ah, os tempos eram outros". Sem dúvida, era um tempo de menos remakes e mais criatividade em Hollywood. Ao contrário de Robocop 1 e 2, não há nada de autoral nesta nova versão. José Padilha realiza um trabalho correto, porém de arroubo criativo zero. Disse ele que é justamente o filme que queria fazer... E agora, José? Será que nosso cineasta queria mesmo realizar tão somente uma trama policialesca previsível, com muita ação e bem amarradinha, pra gringo (e brasileiro) ver, igual a tantas outras? E apesar dos senões, possui o mesmo problema (ou qualidade) de Old Boy remake: legalzinho, desde que JAMAIS comparado com o original.
Tá arriscado o desenho ainda ser melhor...
E pra quem ousar supor que eu exagero, eis aqui um caso clássico de desenho melhor que o filme
E aproveitando o ensejo, homenagem do Alcateia a uma série que deixou saudades e à passagem do grande Harold Ramis, o Egon. (1944-2014)
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