quinta-feira, 28 de maio de 2015

Livraria Leonardo da Vinci no Rio anuncia fechamento



por Antero Leivas (Via Facebook)

Conheci a Livraria (assim mesmo, com "L" maiúsculo) Leonardo da Vinci, nos idos de 1983. Por indicação de uma saudosa amiga chamada Maria do Carmo. Lá fui eu direto ao subsolo da Av. Rio Branco nº 185. Achei que ia numa simples casa com livros pra vender... Era o Paraíso, é isso que era.

Eu, tolo que nem eu só, já estatelei na porta com um baita cartaz de Mirage, uma obra prima de um sujeito chamado Boris Vallejo. E o mané aqui, mero leitor de super heróis e de um terror meio morno aqui e ali (à exceção de Kripta, minha valiosa coleção) mal sabia q era apenas a entrada. Sem saber para q bandas me direcionar, fui em direção das bandas desenhadas, lógico.

E ali, folheei logo de cara o Frankenstein do Bernie Wrightson. Sem acreditar folheei de novo. De novo e de novo. Nessas folheadas, encontrei Den, do Richard Corben. Se Deus existisse, ele desenharia assim. E graças ao Corben, cheguei a uma "máfia" de gênios denominada Humanoides Associés, responsáveis pela overdose de Europa q me apliquei dali por diante: Moebius, Druillet, Liberatore, Dionnet, Farkas... Infindável cocaína multicor, aportei na Metal Hurlant, que alguns gringos chamam Heavy, Metal e sabem como é, um vício leva a outro. Logo eu estava pretensiosamente me enfurnando nos delírios de gente como Salvador Dali, René Magritte, Francis Bacon... Naquele Shangri-la estava 57% da minha formação. E quando menos esperava virei dependente. Dia de pagamento transmutou-se em sinônimo de Leonardo da Vinci. Só não me apaixonei por Dona Vanna Piraccini porque ela tinha idade pra ser minha avó. E eu queria MUITO que ela fosse. Minha estante crescia proporcionalmente ao que minguava minha conta bancária. E agradeço encarecidamente a eles por isso. Afinal, eu podia ter enveredado pelo caminho do mal e adquirido algum quarto e sala de subúrbio... Credo, prefiro nem pensar. Abandonei a Leonardo da Vinci e a Sra Vanna por volta de 1999. O Drummond já morrera de há muito e pô, eu já "sabia tanto", pra que saber mais? Minha filha estava entrando na adolescência, eu estava me separando e tinha a tal de Internet... Hoje fiquei sabendo que a Leonardo da Vinci vai fechar.



Começa uma liquidação em junho. Aquela coisa, pra acabar... Quem tiver um MÍNIMO de humanidade em si, vai aparecer por lá. Eu não sei se tenho isso, mas vou voltar. Desavergonhadamente. Com aquela de marido que tomou um pé da amante, com a minha velha cara de urso que roubou a cesta. E arrependido por um dia tê-la deixado. Paraísos não deveriam fechar portas. Ainda mais nesse inferno tão carente que é a cidade do Rio de Janeiro.

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