Para quem gosta de ler, a Bienal é tipo um Carnaval cheio de letras, cores, histórias e gente feliz. É uma oportunidade de conhecer outras linhas, ideias, traços e abrir a cabeça. A Bienal do Rio de 2019 contou com três pavilhões e uma mudança na entrada. A organização para os profissionais do livro me pareceu melhor e foi possível entrar sem problemas para quem já tinha se inscrito no site antes. Agora, para chegar até a Bienal, aí eram outros quinhentos.
O entorno da Bienal era um nó de trânsito e era preciso muita paciência. O trabalho de organizar e melhorar o trânsito da área era da Prefeitura, mas o prefeito Crivella estava muito ocupado caçando livros da Marvel para impedir que crianças vissem um beijo entre dois rapazes e se transformassem imediatamente em homossexuais. Essa foi a maior treta da Bienal que eu me lembro (e olha que já fui a muitas). A justificativa de que um beijo entre dois homens era “pornografia” (!!!) foi muito mal recebida pelos frequentadores da Bienal, pelos editores, pelos autores e por todas as pessoas com mais de dois neurônios. O caso foi parar na Justiça, e o prefeito perdeu logo de cara, por isso é censura. Mas aí um procurador apoiou e o prefeito mandou seus fiscais para a Bienal. Houve tentativa de entrada de homens armados da prefeitura, mas foram levados para uma sala e depois de uma longa conversa, não entraram, o que pode ter evitado uma tragédia de proporções bíblicas.
O STF, ainda no domingo, derrubou de novo a maluquice da prefeitura. No sábado de noite foi possível ouvir uma onda de gritos de apoio enquanto a organização lia a Constituição, esse livro que aparentemente o prefeito não leu.
Mas e fora isso? Fora isso a Bienal foi uma diversão! No clima do blog, o estande do Submarino que tinha os livros da Editora Darkside, também trouxe a temida Anabelle em sua caixa protegida. Calma, era só uma réplica. Acho.
A Faro Editorial também trouxe um pouco de suspense e terror para a Bienal, com livros como O Escravo de Capela, de Marcos DeBrito, que faz uma releitura mais sombria e assustadora de nossas lendas. O Vozes do Joelma também estava no estande da Faro, sendo uma coletânea de autores de terror (Marcos DeBrito, Rodrigo de Oliveira, Marcus Barcelos, Victor Bonini e Tiago Toy) que nos contam algumas histórias assustadoras de uma das tragédias mais marcantes que o Brasil já teve, o incêndio do Edifício Joelma, que deixou 200 mortos, 300 feridos e uma população marcada por um local que parece amaldiçoado desde os tempos dos índios.
O último final de semana da Bienal foi cheio. Muito cheio. MUITO CHEIO MESMO! Em alguns pontos, não dava pra andar. Em outros, parecia uma procissão. Lá fora, não havia mais lugar no estacionamento e era difícil chegar, sair, circular, voltar... Lá dentro, as filas dos banheiros femininos eram enormes, as filas para qualquer coisa com comida eram impraticáveis e isso talvez tenha afetado o humor de muitos compradores. Felizmente, eu que estava lá com o Renato Rodrigues, Ricky Nobre e o estreante Gabriel Maia autografando nossos livros no estande da Loyola, não encontramos ninguém mal humorado. O público que nos prestigiou foi ótimo e agradecemos aos velhos e novos leitores! Que possamos manter nossa amizade nos universos que nos unem!
Teve também o lançamento do primeiro livro de Niel Martins, radialista, que conta uma história inspirada em uma viagem que fez ao fim do mundo. Deus na Neve mostra as mudanças na vida de um jovem quando começa a ouvir Deus. Não, ele não foi ler a Bíblia. Ele realmente passa a ouvir Deus em uma experiência sobrenatural, o que só alimenta seus questionamentos. Estou lendo e posto resenha aqui assim que terminar!
Ah, sim! A Editora Linhas Tortas também estava lançando! O autor Gabriel Maia veio lá de Brasília para lançar seu primeiro livro com as aventuras do detetive Aliguieri em Conto Sombrios, que chamou muito a atenção do público curioso da Bienal. Renato Rodrigues e eu estávamos lançando Sol Negro e A Balada do Gladiador, mas estávamos com quase todos os nossos livros lá no estande da Loyola.
E agradecemos de coração a todos que puderam passar lá e prestigiar nossa produção. É por vocês que nossos corações batem, nossas mentem viajam a outros mundos e nossos dedos digitam o mais rápido possível! A Bienal é como um energético poderoso, o espinafre do Popeye pra gente.
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