Por Nanael Soubaim
Certo, fui lerdo e quem casou já está amamentando o rebento. Lamento, as coisas nunca saem como esperamos, pelo menos para mim.
A Dama da Montanha é mais uma demonstração do enorme talento do amigo Renato Rodrigues para administrar muitos, mas muitos personagens ao mesmo tempo. Outro enorme talento dele é mostrar que ser louco não significa ser idiota, e vice versa.
Este terceiro livro da saga mostra uma maturidade já consolidada da trama, prevista para ter quinze livros, por isso cada um pode ter tão poucas páginas, por conseqüência ter custos mais baixos de produção para seu autor. Sim, o número de páginas não é determinante, nada é determinante, mas são mais horas de funcionamento da impressora, mais horas de salário para os montadores, mais caminhões para carregar toda a edição, enfim. Por isso vai uma dica, se a história for muito longa, é melhor dividir em fascículos. Páginas encarecem.
Já que toquei no assunto, este livro nos mostra justamente isso, que absolutamente nenhum fator isolado determina o desenrolar e o final de uma trama, o que vale também e principalmente para a vida real. O leitor atento e ávido por conteúdo pode se irritar com o jogo de "Wataru é bom! Wataru é mau! Wataru é bom! Wataru é mau!" que toma boa parte do livro, mas a persistência na leitura mostrará que o lorde manequim de funerária tem seus motivos para agir daquela forma. Aliás, todos têm seus motivos para suas esquisitices, como é na vida real e o nosso bom amigo mostra isso com maestria.
Em dado momento parece que o Renato enlouqueceu, se deixou influenciar demais por séries estúpidas de televisão e colocou tudo a perder. Depois parece que ele ficou preso em um elevador jamaicano e saiu doidão directo para seu computador, depois ainda dá a entender que se arrependeu e tentou consertar tudo, mas gostou tanto do estrago que resolveu deixá-lo lá mesmo. Mas não é essa zorra que parece. como o Citröen 2CV, que parece ter sido feito de qualquer jeito, mas foi
cuidadosamente desenhado para o que se propunha. A trama também é assim, mas só nos últimos capítulos é que o leitor vai se dar conta de quase tudo o que aconteceu. Eu disse "QUASE" porque só nas últimas páginas é que muita coisa começa a fazer um débil sentido, porque os esqueletos só começarão a sair do armário no livro quatro, ainda em gestação.
Uma característica deste volume é ter sido escrito a quatro mãos. Renato teve a colaboração de sua adorável esposa para escrever um dos capítulos, onde o leitor habitual vai pensar que o rivotril fez efeito contrário. É um manicômio! Dois personagens preciosos dos Dragões de Titânia pensam que estão entrando em um país, mas entram em um sanatório e caem justo na ala dos casos perdidos. Morre de dó das vaquinhas marrons, mas devora sem dó o porquinho selvagem... Sei... Bem, o facto é que nossos adoráveis e cômicos personagens não voltam sozinhos à Titânia, embora ninguém seja visto com eles. Só sei que o amor é lindo!
Há ainda cenas que seriam proibidas para menores de dezesseis anos, em um ambiente psicodélico de fazer inveja aos anos setenta. Parece, mas ninguém aproveitou a viagem para se servir de cogumelos ardentes, A partir deste ponto, decepções e revelações acontecem, coisas que sozinhas renderiam um livro exclusivo. Esta fase ainda nos brinda com o fio da meada, o que realmente causou toda essa confusão, e mostra que eles estão apenas ganhando tempo, força e aliados para o confronto final.
O que o livro nos ensina?
Primeiro que jamais devemos confiar no óbvio. O que nos parece claro e inequívoco a ponto de xingarmos quem não enxergar o mesmo, pode ser uma ilusão, uma armadilha do ego que se apropriou da conclusão que lhe era mais confortável, como a recusa em acreditar que a figura tida como herói não passa de um canalha, ou vice versa.
Mostra também que o mal mente sempre, que o mal é sempre covarde, que sempre se encolhe quando está em desvantagem. Que aquela frase usada por cidadãos revoltados para os bandidos, serve direitinho para ditadores. Nenhum deve ser admirado, ditadores mentem sempre.
Mostra ainda o quanto são absurdamente cotidianas e até infantis, as motivações de eventos de grande envergadura, que uma dor de cotovelo pode ser o estopim de uma guerra, um casamento mal sucedido o motivo da busca pelo poder, enfim... Não existem motivações extraordinárias, transcendentes ou sobrenaturais para os vultos históricos, não são nem mesmo razoáveis em sua maioria. O leitor atento vai reconhecer esta e outras lições no decorrer do livro.
Mostra finalmente, que não existe poder bom ou mau, bom ou mau é quem faz uso dele. E mesmo um poderoso mau pode se arrepender e se tornar bom, mas sem se tornar idiota, que ser bom E idiota é coisa da DC Comics.
O que me causa estranheza é a semelhança da narrativa do Dom Renatonski com a minha, dá a impressão de que bebemos na mesma fonte, no Norte dos estados Unidos. Conversarei com ele mais tarde. O facto é que eu recomendo, rebebendo e redançando o livro. Exemplares desta edição ainda podem ser encontrados nas lojas de departamento e no site da Linhas Tortas (clicar aqui). Por agora eu aguardo o próximo hospício, digo, volume da saga de OS DRAGÕES DE TITÂNIA.
Certo, fui lerdo e quem casou já está amamentando o rebento. Lamento, as coisas nunca saem como esperamos, pelo menos para mim.
A Dama da Montanha é mais uma demonstração do enorme talento do amigo Renato Rodrigues para administrar muitos, mas muitos personagens ao mesmo tempo. Outro enorme talento dele é mostrar que ser louco não significa ser idiota, e vice versa.
Este terceiro livro da saga mostra uma maturidade já consolidada da trama, prevista para ter quinze livros, por isso cada um pode ter tão poucas páginas, por conseqüência ter custos mais baixos de produção para seu autor. Sim, o número de páginas não é determinante, nada é determinante, mas são mais horas de funcionamento da impressora, mais horas de salário para os montadores, mais caminhões para carregar toda a edição, enfim. Por isso vai uma dica, se a história for muito longa, é melhor dividir em fascículos. Páginas encarecem.
Já que toquei no assunto, este livro nos mostra justamente isso, que absolutamente nenhum fator isolado determina o desenrolar e o final de uma trama, o que vale também e principalmente para a vida real. O leitor atento e ávido por conteúdo pode se irritar com o jogo de "Wataru é bom! Wataru é mau! Wataru é bom! Wataru é mau!" que toma boa parte do livro, mas a persistência na leitura mostrará que o lorde manequim de funerária tem seus motivos para agir daquela forma. Aliás, todos têm seus motivos para suas esquisitices, como é na vida real e o nosso bom amigo mostra isso com maestria.
Em dado momento parece que o Renato enlouqueceu, se deixou influenciar demais por séries estúpidas de televisão e colocou tudo a perder. Depois parece que ele ficou preso em um elevador jamaicano e saiu doidão directo para seu computador, depois ainda dá a entender que se arrependeu e tentou consertar tudo, mas gostou tanto do estrago que resolveu deixá-lo lá mesmo. Mas não é essa zorra que parece. como o Citröen 2CV, que parece ter sido feito de qualquer jeito, mas foi
cuidadosamente desenhado para o que se propunha. A trama também é assim, mas só nos últimos capítulos é que o leitor vai se dar conta de quase tudo o que aconteceu. Eu disse "QUASE" porque só nas últimas páginas é que muita coisa começa a fazer um débil sentido, porque os esqueletos só começarão a sair do armário no livro quatro, ainda em gestação.
Uma característica deste volume é ter sido escrito a quatro mãos. Renato teve a colaboração de sua adorável esposa para escrever um dos capítulos, onde o leitor habitual vai pensar que o rivotril fez efeito contrário. É um manicômio! Dois personagens preciosos dos Dragões de Titânia pensam que estão entrando em um país, mas entram em um sanatório e caem justo na ala dos casos perdidos. Morre de dó das vaquinhas marrons, mas devora sem dó o porquinho selvagem... Sei... Bem, o facto é que nossos adoráveis e cômicos personagens não voltam sozinhos à Titânia, embora ninguém seja visto com eles. Só sei que o amor é lindo!
Há ainda cenas que seriam proibidas para menores de dezesseis anos, em um ambiente psicodélico de fazer inveja aos anos setenta. Parece, mas ninguém aproveitou a viagem para se servir de cogumelos ardentes, A partir deste ponto, decepções e revelações acontecem, coisas que sozinhas renderiam um livro exclusivo. Esta fase ainda nos brinda com o fio da meada, o que realmente causou toda essa confusão, e mostra que eles estão apenas ganhando tempo, força e aliados para o confronto final.
O que o livro nos ensina?
Primeiro que jamais devemos confiar no óbvio. O que nos parece claro e inequívoco a ponto de xingarmos quem não enxergar o mesmo, pode ser uma ilusão, uma armadilha do ego que se apropriou da conclusão que lhe era mais confortável, como a recusa em acreditar que a figura tida como herói não passa de um canalha, ou vice versa.
Mostra também que o mal mente sempre, que o mal é sempre covarde, que sempre se encolhe quando está em desvantagem. Que aquela frase usada por cidadãos revoltados para os bandidos, serve direitinho para ditadores. Nenhum deve ser admirado, ditadores mentem sempre.
Mostra ainda o quanto são absurdamente cotidianas e até infantis, as motivações de eventos de grande envergadura, que uma dor de cotovelo pode ser o estopim de uma guerra, um casamento mal sucedido o motivo da busca pelo poder, enfim... Não existem motivações extraordinárias, transcendentes ou sobrenaturais para os vultos históricos, não são nem mesmo razoáveis em sua maioria. O leitor atento vai reconhecer esta e outras lições no decorrer do livro.
Mostra finalmente, que não existe poder bom ou mau, bom ou mau é quem faz uso dele. E mesmo um poderoso mau pode se arrepender e se tornar bom, mas sem se tornar idiota, que ser bom E idiota é coisa da DC Comics.
O que me causa estranheza é a semelhança da narrativa do Dom Renatonski com a minha, dá a impressão de que bebemos na mesma fonte, no Norte dos estados Unidos. Conversarei com ele mais tarde. O facto é que eu recomendo, rebebendo e redançando o livro. Exemplares desta edição ainda podem ser encontrados nas lojas de departamento e no site da Linhas Tortas (clicar aqui). Por agora eu aguardo o próximo hospício, digo, volume da saga de OS DRAGÕES DE TITÂNIA.
Nenhum comentário:
Postar um comentário