Todo domingo vamos botar aqui uma espécie de sessão nostalgia relembrando good times da TV e da infância:
Ela era a loirinha mais encantadora que já passou pela nossa pobre TV, arrancou rios de lágrimas de fãs no mundo todo com sua história triste e conseguiu não ser esquecida, mesmo com a mudança drástica da programaçaão. Candy era o nome da mocinha de um anime que passou aqui no Brasil pelos idos dos anos 70, atraindo meninos e meninas que se debulhavam em lágrimas ao ver as agruras por que passava a pobre menina. Com toda pinta de novelão, com drama, gente muito boa, gente muito má e um roteiro que era uma verdadeira delícia, Candy partiu nos deixando um final triste.
por Eddie Van Feu
Baseado no mangá escrito por Kyoku Mizuki e desenhado por Yumiko Igarashi, seus 9 volumes viraram mais de 100 episódios de uma série animada de TV que correu vários países. Dentre os países mais apaixonados por Candy Candy estão o México, a Itália e Brasil.
Somente anos depois (com a Internet), descobrimos que aquele fim triste que assistimos aqui não era o fim! Bem, se você se lembra de Candy Candy, prepare-se para desvendar os capítulos que nunca passaram (e, pelo visto, nunca irão) aqui. Se você nunca ouviu falar do desenho, leia assim mesmo, pois ela precede uma época de armaduras, naves espaciais, robôs que viram naves que viram armas que viram outra coisa e garotos domadores de monstros que vivem em bolas e nem por isso (ou talvez, justamente por isso), deixa de ser uma mega saga, tendo muito a ensinar sobre narrativa e construção de personagens.
Candy é uma menina órfã loira, bonita e extremamente alegre. Ela tem uma grande pureza no coração e vive com grande sinceridade, o que a torna vulnerável aos sentimentos mais mesquinhos de outras pessoas. No orfanato "Lar de Pôny" vive aprontando das suas e subindo em árvores.
Sua melhor amiga é Annie, menina meiga, tímida e covarde. Quando Candy é escolhida para ser adotada, boicota sua própria adoção para não deixar Annie sozinha. Aí o casal, percebendo que Candy não queria ser adotada, resolve adotar Annie, que vai sem pensar duas vezes (a cena em que Candy, super feliz, conta a Annie que vai ficar e Annie lhe conta que foi adotada em seu lugar é uma das mais comoventes que já vi). Ainda no orfanato, Candy conhece um belo garoto numa colina atrás do Lar, cuja identidade permanece misteriosa até o último capítulo e que Candy chama carinhosamente de "Príncipe da Colina".
Na adolescência, Candy é adotada pelo clã dos Audrey, o mais rico, dos EUA. Lá, ela conhece a Tia Avó, matriarca do clã, e as pestes Elisa e Neal, dois irmãos adolescentes mesquinhos e extremamente cruéis. Eles atazanam a vida de Candy com tramas, brincadeiras de mal gosto e intrigas. Lembra quando ela chega na mansão pela primeira vez? Eles a recebem com um balde de água fria. Literalmente. Mas Candy nunca deixa barato e sempre dá um jeito de dar o troco e um troco bem dado.
Candy também reencontra Annie, que tinha sido adotada pelo clã Brighten, outra família rica e influente. Mas Annie tem vergonha de suas origens e renega sua amizade com Candy, pois esconde o fato de ter sido adotada. Apesar de dar vontade de socar a Annie, criamos uma certa empatia com sua covardia. Com o tempo, Annie volta a ser amiga de Candy e se apaixona por Archie.
Por sorte, Candy conhece Anthony, também do clã, carinha lindo cujo pai está sempre viajando e a mãe morreu muito jovem. Ele vê em Candy a imagem da mãe e isso é parte do seu amor por ela. Pela mãe ele também cuida de seu jardim obsessivamente. Lembra quando ele esbofeteia Candy por ela ter arrancado uma rosa especial de seu jardim? Candy é tão sortuda que também cai nas graças dos primos de Anthony, Archie e Stear. Archie é alegre e de bom temperamento, daquelas pessoas ótimas de se conviver e se apaixona por Candy, mas quando descobre que Annie é apaixonada por ele e o coração de Candy pertence a outro, decide esconder seus sentimentos por ela. Stear é o "coadjuvante cômico", fazendo invenções que não funcionam e rendendo bons momentos para a série. Ele é criativo, muito inteligente e bastante maduro. Ele também ama Candy, mas sabe desde o começo que seu amor não será correspondido e esconde-o eternamente.
Uma personagem misteriosa aparece na figura de Albert, um loiro maravilhoso que surge quando Candy está na pior e a consola e aconselha. Candy se apaixona por Anthony, que a ama naturalmente. Sua natureza gentil e delicada, seus cabelos loiros e seu cuidado com as rosas lembram o personagem mais famoso de Antoine Saint-Exupéry e o segue o destino trágico deste personagem. Quando Candy e Anthony estão mais felizes, imaginando seu futuro juntos, Anthony sofre uma lesão fatal na cabeça numa queda de cavalo, deixando Candy sozinha. Lembro que chorei três semanas por isso...
Bem, aí, nesse final trágico, a série acabou. Aqui, nossa última lembrança de Candy é no orfanato, pra onde ela retorna, sozinha, numa árvore olhando o horizonte em silêncio e com olhos tristes. Aqui, claro. Lá fora ela continuou ainda por muito tempo.
Muita gente não se conforma até hoje com a morte de Anthony numa queda de cavalo, o que deixou nossa amiguinha infeliz e só, condenada a passar sua vida sem o amado. Certo? Errado! Para nossa sorte, tinha muito mais Candy Candy pela frente! Mas, para o nosso azar, isso nunca chegou às nossas telinhas tupiniquins... Mas pra isso existe a Séries! A gente te conta como continuou a saga da animação nipônica mais chorosa que o Brasil já teve e ainda como terminou o mangá italiano!
Candy vai estudar numa conceituada escola inglesa chamada Saint Paul, onde conhece uma menina tímida chamada Patty. A personalidade de Patty cresce sob a influência de Candy e ela se apaixona por Stear. Elisa e Neal também estão na mesma escola, como sempre, infernizando a vida de Candy, pregando toda sorte de truques e peças que pudessem expulsar a menina da escola e da família. Mas Candy é esperta e tem santo forte, não se preocupe. Certa vez, Neal, com sua personalidade insuportável, atraiu para si a fúria de uma gangue de rua. Quando estava prestes a ser massacrado, Candy aparece e bota todo mundo pra correr (afinal, Candy bate pra caramba!). O resultado é que Neal se apaixona por ela e chega até a forçá-la a noivar-se com ele.
Também no Saint Paul, Candy conhece Terence, um jovem bonito, rebelde e anti-social, filho ilegítimo de um nobre inglês com uma atriz de teatro. Terence e Candy brigam o tempo todo, até que se apaixonam, mas Terence sai de Saint Paul para seguir seu sonho: fazer teatro na América. Quando começa a Segunda Guerra, Stear vai lutar como voluntário na força aérea e morre em combate. Patty fica só e infeliz, pois Stear partiu sem nem ao menos lhe dizer adeus. Archie fica com Annie e Candy se encontra novamente com Terence. Mas Patty se apaixona por ele, o que é um problema. Patty salva a vida de Candy e por causa disso, fica paralítica. Candy acha que Patty precisa mais de Terence do que ela e deixa o caminho livre para a amiga. Candy encontra novamente o jovem da colina com quem conversava no Lar de Pony. Seu nome é Albert, ele se parece com Anthony e é o responsável pela adoção de Candy pelo clã dos Audrey. Eles se casam e vivem felizes para sempre. No Japão. Na Itália ninguém gostou muito deste final e continuaram a história num mangá feito por artistas italianos com traço mangá (claro). Nessa continuação, Albert morre do mesmo jeito que Anthony. Candy resolve ir para a África (?!) procurar sua verdadeira mãe, e lá encontra Patty. Terence por sua vez, nunca foi feliz com Patty e a deixa para viver seu grande amor com Candy. Eles se casam e têm um filho, que é seqüestrado por Elisa. Nas aventuras do mangá italiano, todos os personagens aparecem e a história termina com Terence e Candy juntos e felizes. Viu? Final infeliz uma ova! Devemos fazer como os italianos! Se não gostamos do final de uma história, devemos reescrevê-la! E não estou falando só de mangás...
Eddie Van Feu escreveu e manda um beijo para todas as Candys, Annies e Patties do Brasil!
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