por Eddie Van Feu
O primeiro filme de um projeto interessantíssimo da Universal traz Tom Cruise como um soldado picaretas com sérias tendências larápias às voltas com um artefato egípcio que se recusa a permanecer morto. Se você espera um filme de terror, talvez a obra não o agrade. Mas se você se contenta com uma divertida aventura que relembra A Múmia de Brendan Fraser, aí você pode comprar seu ingresso sem medo.
Quando comecei a ver, reconheci imediatamente várias semelhanças com A Múmia de 1999, filme que ressuscitou os filmes de terror B com bom gosto, aventura e humor. Mas não é uma simples chupação. A Universal se muniu de uma coragem e inteligência que a DC não tem e resolveu criar um universo de monstros. Não satisfeita em unir Drácula, a Múmia, o Lobisomem, Frankestein, o Homem Invisível, Doutor Jeckyll e Mr Hide, a Universal entrega que esse Universo é o mesmo em que A Múmia de 1999 aconteceu. Não só pelas similaridades, mas pelo easter egg que mostra o Livro dos Mortos em uma das cenas.
Tom Cruise assumiu que é um grande fã da Múmia de Brendan Fraser e que o acha um ótimo ator, o que deixou fãs da Múmia como eu super felizes. Imaginar um universo compartilhado de monstros é algo que aquece os fãs de filmes de terror e clássicos. A Múmia dá o pontapé inicial nessa série ambiciosa, uma vez que conta com gigantes como o próprio Tom Cruise, Russel Crowe, Johnny Depp e Javier Bardem. Um deles já aparece. A escolha para interpretar o Médico e o Monstro não podia ser melhor do que o ator australiano que em uma hora está tocando violão e cantando e no momento seguinte está jogando cadeiras em jornalistas e é muito legal vê-lo com Cruise na tela.
Divirta-se!
Com humor rápido e muita ação, A Múmia é uma divertida aventura com poucos momentos realmente assustadores. Há alguns ecos, propositais ou não, como o amigo fantasma de Um Lobisomem Americano em Londres, que dá um ar de nostalgia ao filme inteiro. Porém, apesar de usar referências diversas, o filme surpreende com uma trama ágil e pontos de virada interessantes. A Múmia que ganha vida com Sofia Boutella, poderia ser mais assustadora e nesse ponto o ator Arnold Vosloo acaba ganhando na comparação. Russel Crowe preenche a tela com sua presença e Tom Cruise continua em forma (eu não sei o que ele anda tomando, mas quero dois!).
A ideia de Dark Universe é reunir os monstros em uma série de filmes no mesmo universo, a exemplo do que fazem a Marvel e a DC. Finalmente, alguém notou que o público consegue (e deseja) acompanhar esse tipo de experiência. A Múmia abre bem o cardápio e o apetite.
Cinema 4XD
A pré-estreia do filme foi também a inauguração da primeira sala 4XD do Rio de Janeiro. Minha experiência com esse tipo de cinema-parque-de-diversões tinha sido com o Cinema 4D do Museu da Madame Toussaud de Londres, que exibe há alguns anos uma animação dos Vingadores (com Homem Aranha e Wolverine incluídos) e todos os efeitos a que tem direito. A sala 4DX do UCI do Downtown não deixou nada a desejar e ainda foi mais longe.
Os efeitos são tão fortes que foi fácil ver o pessoal batendo nas pernas em cenas onde ratos atacavam o personagem na tela, ou cobrindo o pescoço quando aranhas entravam cena. A sensação é tão convincente que na cena em que o avião com a múmia está caindo todo mundo teve que se segurar na cadeira, literalmente, correndo o risco de literalmente voar longe, terminando com aplausos perplexos.
Entre as outras sensações, tínhamos vento, fumaça e água sempre que a cena pedia. É uma diversão, mas talvez não para todos os gostos. Competindo com a Internet e o conforto de se ver filmes em televisões cada vez mais definidas, o cinema precisa buscar alternativas para atrair o expectador. Os efeitos sensoriais são uma tendência, mas encarecem o ingresso com seu alto investimento e lugares limitados e distraem a atenção da história. Ninguém sabe ao certo o quanto as pessoas querem estar dentro de um avião que está caindo. Em certos momentos eu realmente estava mais ocupada em não sair voando do que em saber o que estava acontecendo com o Tom Cruise. E isso é ruim? Não para mim! Eu AMEI. Mas eu gosto de parques de diversão. Sempre gostei, sempre vou gostar e iria de novo facilmente. Mas para quem prefere realmente uma imersão mais tranquila e profunda, sem se assustar achando que tem ratos e aranhas subindo pelas suas pernas, pode ser um pouco demais.
O presidente da UCI fez um breve e simpático discurso sobre o quanto era difícil investir em qualquer coisa nesse momento no Brasil, especialmente em diversão, uma vez que a gente não sabe se amanhã teremos um presidente, não teremos ou presidente... Enfim, nosso país é uma bagunça mesmo, mas não adianta ficar parado esperando melhorar. Admiro a ousadia, a criatividade e a originalidade e aguardo ansiosa novos monstros para curtir e empolgantes cenas que me façam pular da cadeira. Literalmente.
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