Por Eddie Van Feu
Arthur (Nick Blood) visita seu pai (Alan Corduner), dono
de uma funerária, com sua esposa grávida (Emily Wiseman). Há uma tensão no ar,
já que o sogro, judeu, nunca aceitou a nora que é uma shiksa e eles andavam estremecidos.
Porém, o sogro os recebe muito bem, transformado pela perda da esposa. O problema
é que Arthur está endividado até a alma e precisa que o pai assine um documento
dando sua propriedade como garantia para um novo empréstimo. Como se já não tivesse
tensão o bastante, ainda aparece um corpo de uma vítima de suicídio e coisas
estranhas começam a ocorrer.
Saindo do lugar comum de exorcismos católicos que os filmes de terror preferem abordar, Oferenda ao Demônio foca na tradição judaica, o que já é um bom diferencial. Ele lembra um pouco Possessão, de 2021, porém, menos elaborado.
Um dos grandes acertos do filme é se passar numa casa
funerária. Uma casa funerária onde pessoas residem, dando ao mesmo tempo a sensação
de uma coisa normal e apavorante. O filme escolheu o mesmo demônio de Possessão
para combater, Abyzou, uma entidade com certeza horripilante. A “cara” que foi
dada a ele é excelente, especialmente para quem tem medo do Homem Bode (quem
assiste as Sextas de Mistério entenderá).
Apesar disso, o clima de terror me capturou e a imersão foi profunda, com sentimento real de medo e alguns sustos. Porém, conforme a trama avança, as descobertas dos personagens ficam pelo caminho, os erros de cada um vão se tornando cada vez mais fatais, até que eu tenha a certeza absoluta que essa gente nunca viu um filme de terror na vida. A menina fantasma não funcionou muito bem. Maquiagem forçada e a história dela ficou jogada no filme, sem a atenção que deveria ter.
A lerdeza mental dos personagens é irritante, na mesma
proporção da super esperteza da entidade vilanesca. Teve hora que eu xinguei os personagens. Teve horas que eu xinguei os roteiristas. O que pareceu é que havia
uma intenção em forçar uma direção na história, e por isso os personagens centrais
se comportavam como parvos na maior parte do tempo.
Ao mesmo tempo em que as vítimas não tinham recursos para lidar com aquilo, quando o recurso surgia, era de pouca valia. Ou ninguém dava atenção, ou o demônio ia lá e estragava tudo.
Ao fim do filme, fica a sensação de que poderia ter sido
muito melhor, porque tinha material pra isso. Mas também não chegou a ser ruim.
Só faltou um roteiro mais instigante e um casal com um pouquinho mais de
carisma. Palmas para quem carrega o filme e preenche a tela: Alan Corduner, Paul
Kaye e Abizou, que quase me fez sair correndo da sala.
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