terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

Oferenda ao Demônio: Pra passar medo e raiva

 Por Eddie Van Feu

 


Arthur (Nick Blood) visita seu pai (Alan Corduner), dono de uma funerária, com sua esposa grávida (Emily Wiseman). Há uma tensão no ar, já que o sogro, judeu, nunca aceitou a nora que é uma shiksa e eles andavam estremecidos. Porém, o sogro os recebe muito bem, transformado pela perda da esposa. O problema é que Arthur está endividado até a alma e precisa que o pai assine um documento dando sua propriedade como garantia para um novo empréstimo. Como se já não tivesse tensão o bastante, ainda aparece um corpo de uma vítima de suicídio e coisas estranhas começam a ocorrer.

Saindo do lugar comum de exorcismos católicos que os filmes de terror preferem abordar, Oferenda ao Demônio foca na tradição judaica, o que já é um bom diferencial. Ele lembra um pouco Possessão, de 2021, porém, menos elaborado.

Um dos grandes acertos do filme é se passar numa casa funerária. Uma casa funerária onde pessoas residem, dando ao mesmo tempo a sensação de uma coisa normal e apavorante. O filme escolheu o mesmo demônio de Possessão para combater, Abyzou, uma entidade com certeza horripilante. A “cara” que foi dada a ele é excelente, especialmente para quem tem medo do Homem Bode (quem assiste as Sextas de Mistério entenderá).

 A construção do drama e do terror, funciona muito bem. Os atores mais velhos são muito bons, mas o casal central é fraco demais. Os dois com cara de nada e pouco a contribuir para que gostemos deles.

Apesar disso, o clima de terror me capturou e a imersão foi profunda, com sentimento real de medo e alguns sustos. Porém, conforme a trama avança, as descobertas dos personagens ficam pelo caminho, os erros de cada um vão se tornando cada vez mais fatais, até que eu tenha a certeza absoluta que essa gente nunca viu um filme de terror na vida. A menina fantasma não funcionou muito bem. Maquiagem forçada e a história dela ficou jogada no filme, sem a atenção que deveria ter.

 

A lerdeza mental dos personagens é irritante, na mesma proporção da super esperteza da entidade vilanesca. Teve hora que eu xinguei os personagens. Teve horas que eu xinguei os roteiristas. O que pareceu é que havia uma intenção em forçar uma direção na história, e por isso os personagens centrais se comportavam como parvos na maior parte do tempo.

 

Ao mesmo tempo em que as vítimas não tinham recursos para lidar com aquilo, quando o recurso surgia, era de pouca valia. Ou ninguém dava atenção, ou o demônio ia lá e estragava tudo.

Ao fim do filme, fica a sensação de que poderia ter sido muito melhor, porque tinha material pra isso. Mas também não chegou a ser ruim. Só faltou um roteiro mais instigante e um casal com um pouquinho mais de carisma. Palmas para quem carrega o filme e preenche a tela: Alan Corduner, Paul Kaye e Abizou, que quase me fez sair correndo da sala.




 

 

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