Por Ricky Nobre
Os filmes de cunho político de Spielberg são os que menos
rendem na bilheteria, sendo Munique
(2005) um dos seus trabalhos menos bem sucedidos na arrecadação. Apesar de ter
a espionagem como tema, A Ponte dos
Espiões não é exatamente um filme do gênero. Ambientado no início da década
de 60, no auge da guerra fria, é de fato um filme que tem a política como
principal enfoque, para a frustração de muitos que esperavam um típico filme de
espiões com ação.
Baseado num caso real (e como tem casos reais nesse
Oscar!!), o roteiro dos irmãos Coen (olha só!) conta a história de James
Donovan, um advogado especialista em patentes que é escolhido para defender um
russo (Mark Rylance) acusado de espionagem. Tom Hanks, impregnando seu personagem
de integridade e bom mocismo como de costume, interpreta o advogado que, do
momento em que assume a defesa do espião, já começa levando seu trabalho muito
mais a sério do que o governo julga adequado. Conforme ele aponta falhas no
processo de investigação e acusação ao defender seu cliente, as reações de
autoridades à sua volta vai deixando claro que aquele julgamento nada mais é do
que um grande espetáculo para mostrar ao mundo a maravilhosa democracia que é a
América. O destino do espião, porém, não pode ser outro a não ser a pena de
morte. Mas a defesa não colabora.
Esta é apenas a primeira parte de A Ponte dos Espiões, porém não entraremos no mérito para não darmos
mais spoilers do que o necessário.
Basta dizer que Donovan possui, além de uma inabalável e infantil fé nas
instituições democráticas americanas, uma razão muito prática em sua defesa do
russo Abel. E essa visão desencadeia os eventos na segunda metade do filme,
onde Donovan irá encarar desafios que ele jamais sonhou viver.
É desnecessário entrar no mérito da narrativa de Spielberg.
Mesmo em seus filmes menos interessantes, ela é sempre precisa e dramática,
fazendo os 142 minutos passarem rápido. A construção e a interação dos
personagens de Donovan e Abel é um dos pontos altos do filme, investindo na
humanização dos cidadãos de nações que se odeiam. O resgate da história é muito
interessante, porém, no geral, não é nem de longe o mais memorável dos filmes
de Spielberg, tampouco a indicação a melhor filme é das mais merecidas. Mas se formos
comparar com os demais indicados...
INDICAÇÕES AO OSCAR
Melhor filme
Ator coadjuvante:
Mark Rylance
Roteiro original: Matt
Charman, Ethan Coen e Joel Coen
Música original:
Thomas Newman
Mixagem de som
Direção de arte
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