Por Ricky Nobre
Os feitos do jornalismo investigativo costumam dar bom
cinema, seja partindo de histórias reais como em Todos os Homens do Presidente ou ficcionais, como em A Montanha dos Sete Abutres. Para
mostrar a investigação que durou um ano feita pelos repórteres da equipe do
Spotlight do jornal Boston Globe, o diretor e ator Tom McCarthy disse ter se
inspirado nos filmes citados e também em JFK,
Cidadão Kane, O Informante, Rede de
Intrigas e Boa Noite e Boa Sorte.
Bom, na cabeça dele, pelo menos.
Apesar da entrega e comprometimento dos atores, Spotlight não é, de forma alguma, um
filme elaborado. Ele demonstra com muita precisão e detalhamento a longa
investigação que a equipe de jornalistas fazem sobre um caso específico de um
padre abusador de crianças. Conforme o trabalho se desenrola, eles acabam
descobrindo não apenas mais casos com mais padres, mas todo um esquema de
acobertamento por parte da Igreja Católica num período de décadas, com anuência
de autoridades na cidade de Boston, a metrópole mais católica dos protestantes
EUA.
Talvez o único detalhe que escape dos limites restritos da
investigação são parcas cenas onde os personagens de Ruffalo e McAdams falam
sobre os efeitos da investigação em sua fé. Fora isso o filme é absolutamente
linear e limita-se a detalhar a investigação sem nenhuma criatividade na
linguagem, na construção dos personagens ou construção de suspense ou
inquietação. De fato, o filme lembra produções para a TV, não a TV de hoje, que
anda muito melhor do que o cinema, mas seria facilmente um bom filme de TV da
década de 90.
Para quem quer saber como tudo aconteceu, o filme é
indispensável. Não é o tipo de filme que faça a cadeira “dar formiga”. A
proposta documental do filme é bem realizada o suficiente para manter o
espectador interessado na investigação durante seus 128 minutos. Mas, se
indicação a melhor filme é um enorme exagero, o de direção e montagem só se
explica por uma Academia que se permitiu confundir a extrema importância do
tema com bom cinema.
INDICAÇÕES AO OSCAR:
Melhor filme
Direção: Tom McCarthy
Ator coadjuvante: Mark Ruffalo
Atriz coadjuvante: Rachel McAdams
Roteiro Original: Josh Singer e Tom McCarthy
Montagem: Tom McArdle
Um comentário:
Eu também achei muito bom! Fiquei muito interessada no filme desde que eu li o livro em que esta baseado. Realmente vale a pena todo o trabalho que o elenco fez, cada detalhe faz que seja uma grande história. Eu acho que é um dos filmes mais interessantes de Michael Keaton além de The Founder dublado. Mas acho que Spotlight é mais interessante. Vale muito à pena, é um dos melhores do seu gênero. Além, tem pontos extras por ser uma historia criativa. Se vocês são amantes do trabalho desse ator este é um filme que não devem deixar de ver.
Postar um comentário