quinta-feira, 6 de abril de 2023

O Homem de Giz: Miojo sem Tempero

por Eddie Van Feu




Em 1986, cinco crianças se encontram e se divertem numa pequena cidade típica americana. Entre brincadeiras e dramas pessoais com suas famílias, um fato bizarro ocorre. Os amigos encontram um corpo desmembrado no bosque, onde costumavam brincar. Mas falta a cabeça. Enquanto isso, bonecos palito aparecem misteriosamente pela cidade. Alternamos essa história em 86 com a vida dessas pessoas em 2016.

Essa é a primeira obra de C. J. Tudor, e ficam claras as inspirações em obras de Stephan King, uma pitada de Harlan Coben e um clima meio Stranger Things. Lembra também um pouco IT ao alternar o tempo passado com o tempo presente. O livro não possui capítulos, ele se alterna simplesmente entre esses dois anos. E essa pode ser a única coisa interessante nesse livro. 

A produção do livro é muito bonita, tornando-o um daqueles exemplares que você compra pela capa e gosta de ter na estante. Porém, a autora passa looooonge de Stephen King e a similaridade com Stranger Things é que tem uns guris em bicicletas nos anos 80. Eu senti um distanciamento muito grande dos personagens, que são rasos e esquecíveis. Os amigos não pareciam pessoas gostáveis, mesmo sendo crianças. Na verdade, não pareciam nem amigos! Sinceramente, a gente fica praticamente feliz em não conhecer nenhum deles. Quando isso acontece, fica muito difícil se importar com o que vai ocorrer com eles. 

O mistério aqui é decisivo. Queremos saber quem é o assassino (mesmo com fortes suspeitas de quem seja). Queremos saber quem pegou a cabeça (embora seja meio óbvio). Queremos saber de onde diabos vieram aqueles bonecos palitos. Em alguns momentos, pinta um clima sobrenatural, mas que não chega a assustar, parecendo um pouco demodê e forçado, pegando um fiapo de inspiração de O Cemitério Maldita, mas sem conseguir convencer ninguém. 

Há uma grande falta de humor nesse livro. Também falta poesia, construção de personagens, emoção, sentimento, talento...  Há momentos potencialmente interessantes onde filhos precisam lidar com os pais perdendo a sanidade, mas no final, a gente também não liga pra eles, porque parecem todos folhas de papel. O lado bom é que é uma leitura rápida, não há muito o que degustar (eu o li em apenas 4 dias). Porém o que me moveu era saber o que aconteceu e, no final, não sei se fui totalmente convencida. Um dos mistérios, na verdade, parece bem óbvio desde o começo, então não há surpresa nenhuma quando ele se revela. Os outros mistérios pareceram ser jogados aleatóriamente e só no final a autora lembrou que tinha que explicar, então saiu inventando uns rolés meio doidos. O grande momento do livro é o acidente no parque de diversões, provavelmente o trecho mais bem narrado de toda a história. O restante é aquilo lá mesmo. É como um prato de miojo sem tempero, mas que te promete um biscoito da sorte se você terminar. No final, o biscoito da sorte também não tinha gosto de nada e o papelzinho veio com um conselho estúpido e genérico.

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Ficha técnica
Editora: Intrínseca
Tradutora: Alexandre Raposo
Páginas: 272







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