segunda-feira, 31 de julho de 2017

GIRO DA SEMANA - Chá das Cinco #141

Mulher Maravilha tentando uma vaguinha no Oscar, o fracasso do filme dos EMOJIS, novidades sobre Outlander e "Os Simpsons #2" no cinema são as notícias da semana que passou com Eddie Van Feu, Patricia Balan, Renato Rodrigues e Ricky Nobre

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Dica de filme de terror: "Invasão Zumbi" - Chá das Cinco #140

Eddie Van Feu fala hoje do filme "Invasão Zumbi"

quinta-feira, 27 de julho de 2017

DICA DE SÉRIE - Outlander (segunda temporada) - Chá das Cinco #139

Eddie Van Feu e Carolina Mylius falam sobre a segunda temporada da série Outlander (agora disponível na Netflix), baseado nos livros de Diana Gabaldon.

PANINI LANÇA ENCADERNADO DE JACK KIRBY

por Renato Rodrigues
Agosto marca o centenário de um dos mais importantes desenhistas do século XX: Jack "O Rei" Kirby, cujo lápis deu vida a personagens lendários dos quadrinhos.

Vamos tentar fazer um vlog sobre ele, mas hoje trago a notícia de que a Panini Comics vai publicar o encadernado "Lendas do Universo DC – Super Powers – Volume 1" (formato americano, 128 páginas), que traz uma das últimas obras do roteirista/desenhista para a DC: a minissérie em cinco partes Super Powers.

Aguardando chegar nas bancas!!!


quarta-feira, 26 de julho de 2017

terça-feira, 25 de julho de 2017

Os 60 anos dos estúdios Hanna-Barbera - Chá das Cinco #137

Em 1957 dois animadores abriram uma empresa que fez parte de toda a nossa infância. Em 2017  a Hanna-Barbera completa 60 anos de criação e é isso que vamos lembrar hoje num papo "animado" de Ricky Nobre, Patricia Balan, JM e Renato Rodrigues

segunda-feira, 24 de julho de 2017

GIRO DA SEMANA - Chá das Cinco #136

Especial com nosso resumão totalmente desatualizado da ComicCon americana

com Renato Rodrigues, Eddie Van Feu, Patricia Balan e Carlos Tavares

 

sexta-feira, 21 de julho de 2017

DE CANÇÃO EM CANÇÃO


Por Ricky Nobre


Terrence Malick ocupa um lugar de destaque, porém bastante peculiar em meio à safra de grandes cineastas americanos que despontaram na década de 1970, como Scorcese, Coppola, Spielberg e De Palma. Malick caracterizou-se como o típico “cineasta bissexto”, com espaços entre suas obras que variavam entre 5 a até 20 anos. Sempre lembrado pelo belíssimo Cinzas do Paraíso (1978), Malick permaneceu como um cineasta avesso às regras e obviedades comerciais, até mesmo em Além da Linha Vermelha (1998) , talvez seu filme mais acessível ao grande público. A partir de Árvore da Vida (2011), porém, Malick engatou quatro filmes em sequência, com mais um a ser lançado ainda este ano. Como se estivesse correndo em busca do tempo perdido, ele mantém seu estilo poético, por vezes contemplativo ou hermético, e consistentemente intimista. Nesse contexto, De Canção em Canção vem sendo recebido de forma bastante controversa: se, por um lado, recebeu louvores do New York Times e do Independent, cerca de quinze pessoas abandonaram o filme em sua primeira exibição para a imprensa. 

 

No  efervescente cenário musical de Austin, Texas, a jovem compositora e musicista Faye (Rooney Mara) se divide entre o doce e leve compositor BV (Ryan Gosling) e o produtor sexy e controlador Cook (Michael Fassbender). Cook, poderoso e já estabelecido na indústria, pode ser uma excelente possibilidade de ascensão profissional para ambos. Por mais que eles tentem levar a vida sem regras e amarras, a amizade, paixão e trabalho se misturam e desgastam. Sentindo-se cada vez mais distante de Faye e BV, Cook conhece a garçonete Rhonda (Natalie Portman), que é imediatamente atraída pelo mundo e personalidade rica e opressora de Cook.

 

De Canção em Canção foi filmado sem roteiro escrito. Munidos das descrições de cada cena dadas por Malick, o elenco se desdobrou num intenso exercício de improvisação. Como resultado, temos atores profundamente mergulhados em seus personagens, sendo essa imersão provavelmente a única conexão sólida que o filme terá com o público. Foram ao todo 40 intensos dias de filmagens, espalhados por um período de dois anos. Apesar de uma grande variedade de tipos de câmeras terem sido usadas, desde película 35mm até a badalada digital RED e até Go Pro, o filme parece ter sido quase que inteiramente rodado com lentes 18mm. Na busca de um contato sempre próximo e íntimo com os atores, não importando o quão limitados fossem os espaços (tudo também parece ser locação, nada em estúdio, inclusive as casas), o resultado muitas vezes são objetos e corpos distorcidos pelo uso da grande-angular a curtíssima distância. Este é apenas um exemplo de algo que se repete com enorme frequência em De Canção em Canção. Numa busca pela naturalidade plena, pela não interpretação, pelo realismo palpável e não posado, Malick consegue exatamente o oposto. 

 

Ao inserir seus atores em situações reais, como interações com populares em cenas no México e com astros do rock nos bastidores de festivais, ou mesmo em uma (a única!) cena em que se simula um show em que Faye participava, fica evidente que se trata de ficção inserindo-se na realidade, numa mistura mal sucedida de documentário com interpretação (a participação de Patti Smith é uma bela e honrosa exceção). Chega a doer o coração perceber que o maravilhoso trabalho do elenco acaba sendo embrulhado num pacote que o afasta do público, não pela não convencionalidade da narrativa, mas pela artificialidade que é gerada, ironicamente, da tentativa de evitá-la a todo custo.

 

A partir deste material, seguiram-se mais de três anos de pós-produção, com um primeiro corte que chegava a oito horas de duração. Mais do que diminuir sua duração, a luta no extenuante processo de edição parece ter sido o de dar sentido ao material filmado, papel no qual as narrações em off dos quatro principais personagens, gravadas muito depois das filmagens, podem ter sido de fundamental importância. A intenção de Malick parece mesmo ter sido a de capturar momentos, fragmentos de felicidade, prazer, dor, desejo, dúvida, frustração, desespero, amor. Porém, a extrema fragmentação da narrativa torna-se extenuante e incômoda de acompanhar, uma vez que os pedaços não se juntam direito, seja emocionalmente, seja no fiapo de história. 

 

A música, que deveria, junto com o quarteto principal, ser a estrela do filme, apresenta-se tão fragmentada quanto a própria narrativa e apenas muito raramente age como um “cimento” eficiente para ligar os pedaços num todo coerente. Quem esperar ver um filme sobre música ficará ainda mais decepcionado. Nas pouquíssimas cenas em que os personagens parecem estar fazendo música, tudo parece constrangedoramente amador, algo que é mais um elemento que traz artificialidade ao filme, não pelo excesso de trabalho, mas pela ausência. Na verdade, o público passa a maior parte do filme sem saber exatamente o que os personagens fazem, se cantam, tocam, compõem, escrevem... Parece não fazer a menor diferença para Malick qual a relação dos personagens com a música e, afinal, que música eles efetivamente fazem. 

 

Se o espectador se dá ao esforço de, diligentemente, procurar encontrar sentido nas migalhas de informação sobre os personagens e suas vidas, é a abundância de emoção investida pelos atores que o mantém nessa ingrata tarefa. A deslumbrante atriz que é Rooney Mara constrói uma personagem tão fascinada pela luz de BV quanto pela escuridão de Cook. A felicidade, o amor e a paz estão claramente em seus dias com o compositor cuca-fresca, no qual Ryan Gosling mostra o grande ator que pode ser. O Cook de Fassbender traz fragmentos de “rei do mundo” já vistos antes em seus trabalhos como Magneto e Steve Jobs. Se não existe roteiro que sustente sua personalidade manipuladora, seu egocentrismo e até crueldade, a mera presença, postura e sutilezas impressas por Fassbender dão conta do que não é dito. Natalie Portman, cuja personagem tem o destino mais trágico neste “quadrilátero amoroso”, tem também a mais ingrata das tarefas, pois constrói sua Rhonda quase que praticamente do nada. É absolutamente óbvio que é impossível não creditar Malick no sucesso do trabalho do elenco. Se eles chegaram a esse nível de resultado, foi sem dúvida com uma excelente direção de atores. O problema é... bem, todo o resto.

 

Com mais de 40 anos de carreira, Malick trilha por um caminho (muito semelhante do anterior Cavaleiro de Copas) que poderia ser muito revigorante, que é um estilo praticamente de cinema de guerrilha, ao filmar sem qualquer estrutura de estúdio, em meio à realidade da rua e dos festivais de música. É possível reconhecer o antigo Malick criador de deslumbrantes imagens. Em determinado ponto, é impossível não imaginar como ele esperou horas pelo momento exato em que o Sol brilharia com precisão, com uma luz específica, por debaixo de uma ponte. Mas De Canção em Canção é, no fundo, um filme feito com técnicas mais apropriadas para jovens cineastas de 20 anos sem um centavo no bolso. Se você é O Terrence Malick e quer usar as mesmas técnicas, espera-se que mostre um resultado muito melhor.

 

DE CANÇÃO EM CANÇÃO (Song To Song, 2017)

Com: Rooney Mara, Ryan Gosling, Michael Fassbender, Natalie Portman, Cate Blanchett, Holly Hunter, Bérénice Marlohe, Val Kilmer e Lykke Li

Direção e roteiro: Terrence Malick

Fotografia: Emmanuel Lubezki

Montagem: Rehman Nizar Ali, Hank Corwin, Keith Fraase

COTAÇÃO:


O que achamos da peça “Os Miseráveis” - Chá das Cinco #135

Eddie Van Feu e os convidados Carolina Mylius, Gregorio Sawasato e Sara Tanimoto Sarau passaram "uma noite na ópera" assistindo a peça "Os Miseráveis". Vamos conferir o bate-papo deles?

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Os 30 anos de criação dos Simpsons - Chá das Cinco #134

Em 1987 a família Simpson apareceu pela primeira vez na TV. Vamos relembrar um pouco desse fenômeno que mudou a animação e saber como foi sua estréia no Brasil

com Renato Rodrigues, Eddie Van Feu, Ricky nobre e Patricia Balan

 

quarta-feira, 19 de julho de 2017

Chá das Cinco #133 - Uma Palhinha do Evento "Tecedores de Histórias"

Eddie Van Feu e Carolina Mylius estiveram nesse fim de semana em SP para participar de uma conversa sobre RPG e Literatura. Vamos ver um pedacinho?

Obrigado pelo convite, Dany Fernandez (www.baratoliterario.com.br)

terça-feira, 18 de julho de 2017

Chá das Cinco #132 - Nossas Lembranças dos "Homens Aranhas"

Cada geração cresceu com uma encarnação do Homem Aranha diferente. Lembraremos dos nossos e você conta aí nos comentários qual foi o seu!

Presentes os nostálgicos Renato Rodrigues, JM, Patricia Balan, Ricky Nobre e Eddie Van Feu

 

segunda-feira, 17 de julho de 2017

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Chá das Cinco #130 - Quem aí colecionou álbuns de figurinhas?


Você completou algum álbum de figurinhas na vida?
Conta aí nos comentários qual!

Presentes os figuras: Eddie Van Feu, Patricia Balan, Renato Rodrigues e Ricky Nobre

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Chá das Cinco #129 - Homem Aranha Proibidão (SÓ SPOILER)

Hoje é aquela parte do Vlog onde jogamos tudo no ventilador. Quem morre? Quem vive?
Então só veja se já assistiu ao filme, belê?

Presentes: Patrícia Balan, Renato Rodrigues, Eddie Van Feu , Ricky Nobre e JM

quarta-feira, 12 de julho de 2017

Chá das Cinco #128 - Evento de RPG e Literatura em Sampa

Bate papo com a Dany Fernandez ( www.baratoliterario.com.br ) uma das organizadoras do evento “Tecedores de Histórias: O que RPG e Literatura tem em comum?”, em que a Eddie Van Feu e a Carolina Mylius também estarão nesse fim de semana.

terça-feira, 11 de julho de 2017

TECEDORES DE HISTÓRIAS NA PAULISTA

Se você está em São Paulo, aproveite para da uma passadinha na Livraria da Vila nesse sábado onde acontecerá o  TECEDORES DE HISTÓRIAS. O evento que reunirá palestrantes que falarão um pouco sobre o RPG e a literatura.  Presentes na mesa as lobas da Alcateia, Eddie Van Feu e Carolina Mylius. Eddie Van Feu escreve a saga Crônicas de Leemyar que está em seu terceiro volume e divide o universo com Dragões de Titânia, escrito pelo lobo Renato Rodrigues. Ambas as séries foram inspiradas em divertidas e dramáticas aventuras de RPG que ambos participaram. Carolina Mylius é responsável pelas capas de vários livros nacionais e estrangeiros e estará lá para falar da experiência dela ilustrando livros de fantasia. Sorteios e brindes estão na pauta!  O Tecedores de Histórias é uma iniciativa do blog Barato Literário, Covil da Abdução e Luke Produções. Que tal compartilhar e espalhar a notícia?

Tecedores de Histórias
Dia 15 de julho, sábado, das 18 às 20 horas
Livraria da Vila
Alamera Lorena, 1731, São Paulo (perto do Metrô da Consolação)



Chá das Cinco #127 - Perdido na JEDICON

JM infiltrou-se na aliança rebelde e visitou a JEDICON 2017 aqui do Rio, evento temático de Star Wars que rolou no último fim de semana. 
Vamos ver como foi?

AS PANTERAS... quase


segunda-feira, 10 de julho de 2017

Chá das Cinco #126 - GIRO DA SEMANA

Um seriado do Jetsons, a volta de Annabelle, Lanternas Verdes no cinema, reboot de Nárnia, nova temporada do Demolidor e o falecimento da esposa de Stan Lee no resumão de notícias

com Eddie Van Feu, Ricky Nobre, Patricia Bala, JM e Renato Rodrigues

domingo, 9 de julho de 2017

VLOG Alcateia #110 - O que achamos de "Homem Aranha - De Volta ao Lar" (SEM SPOILER)

O Homem Aranha está definitivamente no universo Marvel nos cinemas e esse sempre foi o sonho de nós, leitores. Valeu a pena toda essa espera?

Confira o bate papo de Patricia Balan, Ricky Nobre, Eddie Van Feu, JM e Renato Rodrigues

 

sexta-feira, 7 de julho de 2017

A era tosca, digo, dos Halley

TEXTO VELHO! TEXTO VELHO! TEXTO VELHO! TEXTO VELHO!



por Nanael Solbain

Em 1985 (mil novecentos e oitenta e cinco, leste direito) o mundo inteiro estava tomado pela febre do cometa Halley, que passaria em 1986 bem próximo da Terra, após ter aterrorizado os incautos terráqueos da belle époque. mas como naquela época, então os grupos de catastrofistaas apocalípticos estavam a disseminar mensagens sobre o fim do mundo, um monte de dogmopatas riam dos ímpios que queimariam no inferno, mas esta é a parte idiota, tratarei só da parte tosca.

O Brasil em particular tinha uma reaçãozinha colateral por conta dessa febre: A Família Halley. Nunca ouviste falar? Pois é, caiu no limbo por um quarto de século, mas voltou a ser possível ter informações a respeito, graças à internet. Vamos lá.

Uma das especialidades das emissoras nos anos oitenta era a dos musicais, especialmente para crianças, especialmente a Globo. A Era dos Halley (aqui e aqui) foi exibida pelo plim-plim em onze de Outubro de 1985, há precisos vinte e seis anos. A família Halley era formada por Urian (Eduardo Conde, in memoriam), Mercur (Gabriel Vannucci), Juna (Carmem Monegal), Lyra (Suzane Carvalho), Big Halley (Castro Gonzaga, in memoriam) e o robô Halleyfante, havia personagens secundários, mas os seis sozinhos dariam conta do recado.

Os Halley eram remanescentes de Hydron, planeta destruído pela devastação ambiental e guerras nucleares há milhões de anos, e usavam o cometa de Halley como veículo para alertar outras civilizações sobre os perigos que corriam... Quem conhece um pouco de astronomia sabe que a órbita do cometa é bem mais restrita do que a ficção faz parecer, mas era só uma brincadeira, lucrativa, mas só uma brincadeira, vamos então brincar também.


A halleymania também era alimentada por histórias em quadrinhos editadas pela Abril, que praticamente não chegaram ao interior do país, entre outras bugigangas. O sucesso no país era estrondoso, finalmente tínhamos heróis nacionais com "classe internacional".

Ainda hoje é possível comprar a trilha sonora.

Só que durou pouco, pouquíssimo. O cometa passou, sim, mas só pôde ser visto do pólo sul, que é virtualmente desabitado. Atrelada à espectativa de se ver o Halley, a halleymania esfriou rapidamente, virou mico e caiu no esquecimento. O calcanhar de aquiles de nossos heróis, como de quase todos os criados no Brasil, é a inconsistência. Eles faziam basicamente o que muitos outros heróis já faziam desde o fim dos anos sessenta, com muito mais competência e carisma, como japonês Specteman (aqui). Só o Halleyfante, com mais apelo ao público infantil, continuou participando por algum tempo do programa Balão Mágico.

Em minha humilde e ranheta opinião, foi mais uma boa idéia mal conduzida pelos criadores, da mesma forma como conseguiram arruinar novelas excelentes sem muito esforço. A porca distribuição de revistas em território nacional, bem como subtração de brindes das mesmas, é de conhecimento geral, mas mesmo para estes padrões a divulgação da mídia material (revistas, figurinhas, botons, et cétera) foi muito ruim, concentrando-se quase que somente no sul-sudeste do país. Uma distribuição teria atenuado os efeitos nefastos da pouca consistência do grupo; Red Sonja ainda vende bem, não vende? Então!

Justo por ser uma boa idéia, que alguns internautas conseguiram trazer de volta à tona, a família Halley certamente teria uma boa chance de sucesso, se entregue às mãos dos japoneses, para ser transformada em animes e mangás, talvez nos moldes de Evangelion (aqui) ou similar. Claro, então o nome "Halley" poderia ser pelo uso do cometa como transporte, para instalação dos alienígenas na Antártida, a partir do quê a trama toda se desenrolaria.

Mas sabem quais as chances de a Globo dar o braço a torcer? As mesmas de eu acordar agora, olhar para os lados e me lembrar que sou Albert II de Mônaco.

Aliás, tosco é apelido!

 

Chá das Cinco #125 - Os vilões que quase viraram mocinhos

Sabe aqueles inimigos que, de tão populares, acabam virando casaca e ajudando os heróis? Vamos listar alguns deles, você lembra de mais aliados traíras assim me filmes, séries ou livros?

Presentes os inimigos: Ricky Nobre, Patricia Balan, Renato Rodrigues e Eddie Van Feu

quinta-feira, 6 de julho de 2017

OS POBRES DIABOS

Por Ricky Nobre


Fazer o público rir é uma das qualidades do filme Pobres Diabos, de Rosemberg Cariry. Mas é difícil não sair dele com certa tristeza, com um nó na garganta. Isso porque o filme fala de Brasil e, em particular, de arte popular brasileira. A sensação de abandono e frustração parecem inevitáveis. 


Uma trupe de circenses cruza o nordeste brasileiro à procura de lugares para se apresentarem. Sempre "no vermelho", não podem arcar com aluguel de terrenos próximos à cidade, então acabam montando o circo num terreno distante, onde a busca por público é bem mais difícil. Em meio à escassez e o amor à arte, o dono do circo, o palhaço, a cantora mexicana falsa, a menina que está aprendendo o ofício e todos os demais artistas continuam resistindo, cruzando a pequena cidade do sertão chamando público, ensaiando, e dividindo um ovo cozido e uma caneca de leite de cabra. 


Pobres Diabos não é nem muito original nem muito profundo em sua análise e crítica social, mas não parece ser esse seu objetivo. O filme sugere uma inadequação de uma manifestação cultural do calibre de um circo itinerante dentro dos desejos e repertório de entretenimento do povo simples de hoje, como parece sugerir a obsessão por novela da própria Creusa, cantora do circo, que não aguenta mais aquela pobreza. Os poucos espectadores que o circo consegue trazer, porém, parecem gostar bastante do que veem, e o filme parece querer estabelecer que o circo, assim como as tradicionais manifestações culturais populares, não envelheceram, mas tem cada vez mais dificuldade de atrair seu público. 


Ainda assim, o anacronismo do circo tradicional é discutido, seja no leão morto de fome a tempos, com sua presença forjada através de uma gravação de seu rugido, seja através do misterioso membro da trupe que, mascarado, tenta libertar os animais, como os gatos que virarão churrasquinho para ser vendido, ou a galinha que dá o ovo diário que os dois palhaços dividem. Na mesma medida em que a exploração do povo é denunciada e criticada através de um espetáculo que mostra o cangaceiro Lamparina dando um golpe no inferno, encenado por eles, o justiceiro misterioso denuncia a exploração sofrida pelos animais no circo, numa ação que pode selar o destino da trupe. 


O filme foi produzido em 2013, viajou pelos circuitos de festivais, mas só agora ganha seu lançamento comercial. Em meio a piadas sobre as dificuldades que o grupo passa e muitas sobre infidelidade (um tanto onipresentes), e diálogos e situações às vezes mais, às vezes menos inspirados, Pobres Diabos mostra um Brasil que é carente em muitos aspectos, mas que é rico em esperança.


POBRES DIABOS (2017)

Com: Everaldo Pontes, Sílvia Buarque, Chico Díaz, Sâmia Bittencourt, Gero Camilo, Georgina Castro e Everaldo Pontes.

Roteiro e direção: Rosemberg Cariry          

Fotografia: Petrus Cariry

Montagem: Petrus Cariry e Rosemberg Cariry

Música: Herlon Robson

COTAÇÃO: 

Chá das Cinco #124 - DICAS DE SÉRIES

Eddie Van Feu indica a série da Netflix GLOW sobre o início das lutas livres entre mulheres e Renato Rodrigues (quase) indica a série do Flash.

 

quarta-feira, 5 de julho de 2017

Chá das Cinco #123 - Filmes perturbadores que já vimos... ou não!

Sabe aquele filme que era tão perturbador que você jogou a pipoca pro alto e saiu correndo pra debaixo da cama? Confessamos alguns dos nossos, diga ai o seu nos comentários

com Ricky  Nobre, Patricia Balan, Eddie Van Feu e Renato Rodrigues

HOMEM ARANHA: DE VOLTA AO LAR


Por Ricky Nobre


Esse texto pode conter SPOILERS LEVES, nada que já não tenha sido mostrado ou sugerido nos trailers e no marketing da Marvel. Se você conseguiu se desviar de toda a informação já divulgada meses atrás, e gostaria de não saber nada do filme, talvez seja melhor ler apenas após ver o filme. 

Quando a Marvel virou estúdio e passou a produzir seus próprios filmes, ela estava pisando em territórios quase que totalmente inexplorados. Com exceção de Hulk, que teve um seriado de sucesso e um filme fracassado, todos os demais heróis de seus filmes tiveram pouquíssima ou nenhuma presença em telas, seja no cinema ou na TV. O Homem Aranha, porém apresenta um desafio inédito para o estúdio. Tendo não apenas uma, mas duas franquias anteriores, a Marvel tinha agora que encarar não apenas as inevitáveis comparações que leitores fariam entre os quadrinhos e os filmes, mas também a comparação do público em geral com os filmes anteriores, com o agravante de os dois primeiros filmes de Sam Raimi com o personagem serem praticamente uma unanimidade da crítica e do público em sua qualidade. 

 

Não é necessário mencionar o quão desnecessária foi a franquia recente. Basta dizer que os resultados foram tão desastrosos que acabaram acarretando em algo que parecia completamente impossível até o momento: um gigante da indústria do entretenimento devolveu um personagem extremamente rentável a seus donos originais, sob algumas condições contratuais de parceria. Após ter sido apresentado de forma extremamente bem sucedida em Guerra Civil, o cabeça de teia chega finalmente em seu primeiro filme solo no MCU (Marvel Cinematic Universe). Volta Ao Lar não poderia ter sido um título mais apropriado.

 

A trama é de uma simplicidade impressionante. Após os eventos em Guerra Civil, Peter Parker passa a operar como Homem Aranha sob a supervisão de Tony Stark, uma vez que Peter usa agora a roupa desenvolvida por ele. Peter tem certeza de que já tem tudo para ser um Vingador, e se sente frustrado por não atuar em “missões” maiores e ficar cuidando apenas de pequenos ladrões de rua. Quando ele descobre que alguém está construindo e vendendo armas poderosíssimas feitas a partir da sucata alienígena da batalha de Nova Iorque (a do clímax de Vingadores), Peter pode acabar tomando decisões precipitadas que podem custar caro. Tudo isso enquanto tenta não perder as provas, e chamar a garota que gosta pro baile. 

 

O que ficou claro em Guerra Civil e é desenvolvido e reforçado em Volta ao Lar é o fato de que Peter Parker é, de fato, um garoto de 15 anos. Toda o entusiasmo, as dúvidas, os medos, as trapalhadas da vida adolescente estão lá. Peter está constantemente deslumbrado não só com as próprias habilidades mas com a possibilidade de ser um Vingador, algo que ele persegue com insistência diária, para desespero de Happy Hogan e sua muito limitada paciência. E, como todo adolescente, ele tem pressa, e é justamente isso que o faz meter os pés pelas mãos e perder a confiança de Tony Stark. É aí que começa a verdadeira jornada do herói para Parker. Ele precisa encontrar o herói puro em si mesmo, e é incrivelmente ousada a decisão de apresentar o clímax do filme com o Aranha em sua roupa artesanal. Naquela fantasia tosca, larga e feia é onde o Homem Aranha verdadeiramente nasce e se define. Em uma situação desesperadora, ela grita e chora como um menino de 15 anos. Mas é ali que ele descobre que, para seguir adiante, precisar tirar o herói, o HOMEM Aranha de dentro de si.

 

Muitas críticas foram feitas ao personagem do Abutre e algumas delas são válidas. Mas os vilões não têm sido o forte dos filmes de heróis recentemente. Nesse contexto, o Abutre de Keaton está bem melhor que a média. Sem entrar em detalhes e revelar spoilers que estragariam a graça (afinal, ALGUMA coisa o marketing da Marvel tinha que deixar como surpresa), o personagem consegue ser humano em sua vilania, e com um discurso bastante plausível, principalmente quando coloca que o que ele faz e a forma com que Stark construiu sua fortuna não são nada diferentes, mas que esse é um privilégio dos ricos, mas que é criminalizado no cidadão comum. 

 

O humor do filme se iguala e, talvez, até supere o de Guardiões da Galáxia. Volta ao Lar é um filme simplesmente hilário e, assim como em Guardiões, era a coisa certa a fazer. Quem acompanhou o herói, seja nas animações seja nos quadrinhos, sabe que ele não para de soltar piadas o tempo inteiro, algo que foi completamente ausente na franquia de Raimi e só apareceu na franquia de Webb (um dos poucos acertos...). Mas, diferente do Aranha de Andrew Garfield, que era zoeiro como Aranha e gago e atrapalhado como Parker, o cabeça de teia do jovem e excelente Tom Holland é um personagem coeso e transparente. O mesmo humor, entusiasmo e alegria que ele demonstra como o Aranha, ele tem como Peter. Ele ama ser super-herói e só usa máscara e esconde a identidade por causa da tia. May, aliás, não tem uma participação muito ativa no filme, mas não deixa de ser engraçada a forma como o roteiro resolve brincar com o novo visual da tia que, tradicionalmente, parecia uma bisavó. 

 

Numa versão que finalmente resgata Peter Parker exatamente como ele era nos quadrinhos da década de 60, temos vários outros personagens clássicos que tiveram suas aparências e etnias modificadas, como Flash Thompson (escrito de forma inexpressiva) e Ned Leeds, o grande “parceirão” de Peter no filme, além de Betty Brant e Liz Allen, a paixão de Parker nessa primeira aventura. Michele, personagem que deu o que falar quando Zendaya foi escalada para interpretá-la, pode ser a Michele Gonzales adaptada (como foi Betty) ou outra coisa... Mas, num primeiro momento, parece estar ali apenas para preencher espaço, sem qualquer função.

 

Talvez o filme se beneficiasse de algum drama, que é praticamente ausente. Ao decidir (corretamente) de que o Tio Ben já morreu o suficiente no cinema, a Marvel parece ter decidido que o Aranha seria um herói completamente leve. De fato, só temos noção de existência e morte do Tio Ben por uma sugestão muito leve de Peter, ao citar “tudo pelo que ela (May) já passou”. Mesmo assim, Peter não parece carregar nenhum cicatriz de perda ou culpa pela tragédia, o que nos faz pensar se ela realmente aconteceu como na história original ou se a Marvel decidiu que apenas não era hora de falar disso. Aliás, a Marvel parece ter total controle do filme, o que dá para perceber pela escolha de um diretor competente mas de carreira totalmente inexpressiva e pelas seis mãos pelas quais o roteiro passou, o que sugere constantes revisões. 

 

Dessa forma, pelo maravilhoso visual original dos anos 60, pelo humor sensacional, pela juventude leve e revigorante de Peter, pela ação excelente e pela alegria com que o espectador sai do cinema, Volta ao Lar era o filme do Homem Aranha que os grandes fãs do personagem esperavam. Mesmo com muitas adaptações, é o mais perto que o cinema já chegou dos clássicos quadrinhos dos anos 60, 70 e 80. Talvez se possa esperar que, da mesma forma que os Guardiões da Galáxia no segundo filme, o drama chegue na hora e na dose certa. Por enquanto divirtam-se, e não deixem de ver a última cena pós créditos, talvez a mais importante até agora em toda a franquia do MCU. E para os preocupados com um possível onipresença de Tony Stark no filme, relaxem. Ele aparece pouco e nas horas certas, apenas o suficiente para pensar “que f*d@ o Homem de Ferro no filme do Homem Aranha! Sonhei com isso a vida toda!”. Pois é, crianças. O sonho se tornou realidade. 

 

HOMEM-ARANHA: DE VOLTA AO LAR (Spider-Man: Homecoming, 2017)

Com: Tom Holland, Michael Keaton, Robert Downey Jr., Marisa Tomei, Jon Favreau, Zendaya, Jacob Batalon, Laura Harrier, Tony Revolori, Bokeem Woodbine e Jennifer Connelly.

Direção: Jon Watts

Argumento: Jonathan Goldstein & John Francis Daley

Roteiro: Jonathan Goldstein & John Francis Daley, Jon Watts & Christopher Ford e Chris McKenna & Erik Sommers

Fotografia: Salvatore Totino

Montagem: Debbie Berman e Dan Lebental

Música: Michael Giacchino

COTAÇÃO: