domingo, 30 de junho de 2019

Crítica - "Homem-Aranha: Longe de Casa"

Por Anny Lucard


'Homem-Aranha: Longe de Casa' (Spider-Man: Far from Home, 2019), com direção de Jon Watts, é o primeiro filme do Universo Cinematográfico Marvel pós 'Vingadores: Guerra Infinita' e mesmo sendo uma produção com uma proposta mais juvenil, de uma típica trama de "eurotrip com os colegas da escola", há um grande link com o filme dos Vingadores.



O segundo filme do Marvel Studios em parceria com a Sony do personagem Homem-Aranha, criação de Stan Lee e Steve Ditko, e estrelado pelo ator Tom Holland no papel título, tem o roteiro escrito por Chris McKenna e Erik Sommers. A trama inicia com Peter Parker, identidade secreta do Homem-Aranha, na escola planejando uma viagem para a Europa com os colegas de classe, depois dos acontecimentos de 'Vingadores: Guerra Infinita'.



Peter só pensava em se divertir e, quem sabe, se dar bem com a garota que gosta, como qualquer típico adolescente. O problema é que Nick Fury (Samuel L. Jackson) e Maria Hill (Cobie Smulders) precisam da ajuda do Homem-Aranha por causa de estranhas ocorrências ao redor do mundo.

A dupla inseparável está tentando manter o planeta Terra em ordem, na falta de Vingadores disponíveis, e mesmo trabalha junto com Quentin Beck (Jake Gyllenhaal), o qual ganhou o apelido de Mysterio pela mídia, e que diz vir de um universo paralelo para ajudar, Fury ainda quer que Peter os ajudem com seus poderes de aranha.



Só que o rapaz está muito mais interessado nas férias na Europa como os colegas da escola que em ser um Vingador, pois acha que é apenas "o amigo da vizinhança".

Além de Fury e Maria Hill, vários personagens tanto do filme 'Homem-Aranha: De Volta ao Lar' como de outros do MCU, aparecem em 'Homem-Aranha: Longe de Casa', inclusive Happy (Jon Favreau) e a tia May (Marisa Tomei) que protagonizando algumas ótimas cenas.



Mesclando bem momentos de comédia, ação e drama, 'Homem-Aranha: Longe de Casa' consegue manter a promessa de filme juvenil de viagem alucinante a Europa, ao mesmo tempo que não deixa de ser um filme de super herói.

Vale destaque para a trilha sonora, com escolhas perfeitas de músicas para certas cenas e também para o visual do filme, não apenas na questão da fotografia e efeitos digitais em harmonia, mas em relação a algumas locações e figurino, mostrando o Homem-Aranha de uma forma diferente, além da vizinhança.



O filme 'Homem-Aranha: Longe de Casa' vai estrear na próxima semana, quinta-feira, dia 4 de julho, em cópias legendadas e dubladas em português, na versão 2D e 3D.

NOTA: Há duas cenas pós créditos importantíssimas em 'Homem-Aranha: Longe de Casa'. Não deixe de ver! Fique até o fim dos créditos.

quarta-feira, 26 de junho de 2019

ANNABELLE 3: DE VOLTA AO LAR E À SUA MELHOR FORMA

 Por Eddie Van Feu 


Invocação do Mal deu estabeleceu um novo patamar para filmes de terror. E o público de terror, órfão há algum tempo, passou a receber mais atenção da indústria. Os filmes de terror não podiam mais ser filmes de sustos gratuitos com aumento do som sem roteiro convincente. O público tinha experimentado lagosta!!! Não queria mais biscoito de polvilho. 



O problema é que muitos filmes tentaram emular esse novo padrão. Foi o caso dos dois primeiros filmes de Annabelle, que não primavam pelo roteiro e se apoiaram totalmente no Invocaverse, sabendo que ia agradar sem fazer muito esforço. Então, o que esperar do terceiro Annabelle? Um prato requintado ou um prato requentado?

É só a gente ver quem assumiu o roteiro dessa vez. Sim, ele, James Wan! E ver que Vera Farmiga e Patrick Wilson estão no elenco já aponta para um filme forte, já que o casal Warren é pé quente e tem sustância. E, depois de ver o filme, posso tranquilizar os fãs do Invocaverse. Annabelle é muito bom!


O filme começa em um momento de Invocação do Mal, e segue a partir daí com a consistência dos filmes originais. James Wan, esperto, percebeu o que qualquer um que viu o primeiro filme já tinha notado. Aquela salinha de coisas assombradas/amaldiçoadas dos Warren dá uns 450 filmes de terror. E é na casa dos Warren que se passa o filme inteiro.

Escapando dos caminhos fáceis e previsíveis, Annabelle nos guia por um trem fantasma assustador. O roteiro consegue, inteligentemente, inserir as novas aparições para que o público as entenda, mas fica aquele gostinho de quero mais. Qual a história da armadura samurai? E do piano? E do vestido de noiva? E daquele diabo daquele macaquinho feio pra caramba que toda hora dá susto na gente?

Sabemos que o tempo é limitado, então a gente se contenta com o pouco que nos dão. Uma série focada nessa salinha seria uma ideia fantástica! Assim dava pra conhecer cada uma das histórias de terror que ela encerra.

As personagens são muito simpáticas e suas motivações e medos são bem convincentes. Agem como pessoas de verdade (e não de forma completamente estúpida, como em Anabelle #2) e possuem camadas (camadas simples, e finas, mas camadas). Mais uma vez, dá vontade de saber mais. E os atores são uma graça! O filme ainda traz um easter egg, um fan service para quem já foi fuxicar na internet a verdadeira história de Annabelle.

Agora, vamos falar da parte mística/espiritual do filme. Um demônio está ligado a boneca e possui o poder de mudá-la de lugar. Procede? Sim, procede. Demônios, espíritos não humanos podem ficar ligados a objetos e dependendo da criatura, dão um trabalho danado. A ideia simplista de tacar fogo na boneca (até eu pensei nisso) não funciona, porque você estaria deixando o bicho solto pra se grudar em outra coisa ou, pior, pessoa. O jeito é prender de forma física e espiritual. No caso dos Warren, eles seguem a tradição católica e usam sua liturgia. Mas há várias outras formas de se fazer a mesma coisa em outras religiões e tradições.
A sala real dos Warren. Quer passar uma noite aí?

Uma roupa pode ser amaldiçoada. Tá certo isso, Arnaldo? Tá certíssimo. Não tem lugar mais carregado que um brechó ou antiquário! E eu adoro esses lugares! Mas, infelizmente, não consigo ficar muito tempo neles, pois já começo a sentir cansaço, ouvir vozes, etc. Roupas ficam impregnadas de energia e se o seu dono faleceu, a energia dele fica lá.

E lobisomem? Existe? Existe! Acredito piamente! Um dia falo mais a respeito, mas a figura do lobisomem utilizada no filme é muito interessante e assustadora. 

Objetos verdadeiramente amaldiçoados ou possuídos da sala dos Warren.

Para finalizar, Annabelle encontra o rumo no terceiro filme, sem sustos, mas com suspense da melhor qualidade. Vale muito uma ida ao cinema! 



BELAS MALDIÇÕES - Vlog Alcateia

Hoje falamos da série da Amazon Prime que quase foi proibida na Netflix! "Belas Maldições", série fechada com apenas 6 episódios e baseada no livro de Neil Gaiman e Terry Pratchett sobre a estranha amizade entre um anjo e um "coisa ruim" para tentar impedir o Armagedom.
Conseguirão antes do cancelamento?


 

presenças angelicais no bate-papo de Eddie van Feu, Patrícia Balan, Paulo Kunze e Renato Rodrigues

sexta-feira, 21 de junho de 2019

DESLEMBRO


Por Ricky Nobre


Falar sobre o período ditatorial no Brasil foi uma tácita obrigatoriedade no cinema, teatro e literatura brasileira após a abertura política, em 1979. Após tantos anos de repressão, todos queriam falar tudo que estava abafado, reprimido, entalado. Filmes como Pra Frente, Brasil e documentários como Que Bom Te Ver Viva foram marcantes em seus lançamentos, resgatando as atrocidades dos anos de chumbo. Com o fim do regime militar, vinha, além de esperança de tempos melhores, a certeza de que um período como aquele jamais, sob a vigilância popular, se repetiria, pois estava marcado em brasa em nossa memória.

 

Deslembro chega ao circuito comercial um ano após sua estreia no Festival de Veneza e do triunfo no Festival do Rio, onde levou os prémios popular e do júri de melhor filme e de melhor atriz coadjuvante. Chega em um momento em que vozes muito proeminentes ecoam em parte considerável da população pondo em dúvida o que ocorreu no país nas décadas de 60 e 70. Vozes que negam a memória de uma tragédia na política brasileira. O resgate da memória, ainda que turva, fragmentada e inexata, é o tema central de Deslembro.

 

A adolescente Joana volta (muito a contragosto) ao Brasil com sua mãe, padrasto e meio irmãos após muitos anos no exílio em Paris, iniciado após o desaparecimento de seu pai, dado como morto pelas mãos do aparelho repressivo do regime. No Rio de Janeiro, ela permanece exilada em seu quarto, junto com sua inseparável coleção de livros e discos de rock, sem vontade alguma em se adaptar a esse “país de merda que tortura e mata gente”. Aos poucos, o contato com pessoas ligadas ao seu pai vão abrindo pequenas portas em sua cabeça. Pela avó, descobre que sua paixão por livros é algo que tem em comum com o pai. Com um amigo da família, descobre que o pai cantava e amava samba, gênero musical também preferido do jovem Ernesto com quem ela descobre o amor, o sexo e a maconha. Daí, fragmentos de memórias vão voltando salteadas e desconexas, das quais ela tenta tirar sentido junto à avó, uma vez que a mãe se fecha a qualquer assunto relacionado ao pai morto. 

 

Flávia Castro formou uma carreira em documentários, principalmente com o premiado Diário de Uma Busca. Aventurou-se na ficção primeiro como roteirista em Nice: O Coração da Loucura. Deslembro é sua primeira ficção como diretora, onde também aturou como roteirista e montadora. Em praticamente todos os departamentos existe uma forte presença feminina na equipe, seja na produção, fotografia, som, montagem ou direção de arte. É basicamente feminino o olhar que constrói o de Joana sobre o mundo ao seu redor, que lhe é estranho e familiar ao mesmo tempo. O olhar do filme é o de Joana, seja na percepção direta do aqui e agora (o mar, o chão, as texturas, a música, o toque da pele), seja nos fragmentos de memórias de uma infância muito tenra que lhe trazem lampejos de seu pai, que lhe escapam. 

 

A montagem é propositadamente desconexa, onde os fragmentos de memória se confundem com o presente, cujos eventos podem ser ligados por grandes elipses. Isso pode gerar certa confusão ao acompanhar fatos e nomes, mas o roteiro cuida de conectar tudo perto da conclusão, mas o sucesso disso não é total. Ao mesmo tempo em que existe delicadeza nas buscas, sensações e descobertas de Joana, existe também uma certa frieza, um certo vácuo emocional, provavelmente pelo fato dos dois personagens centrais, Joana e a mãe, terem personalidades fechadas, esta última especificamente no que se refere ao pai desaparecido. Desta forma, a maior luz do filme vem da avó, uma personagem aberta, calorosa, agregadora. Com o talento de Eliane Giardini, a avó é o grande respiro de alegria e amor do filme. Esse contraste pode ter sido a intenção da diretora, mas existe um potencial de carga emocional em Joana e sua busca que nunca é devidamente explorada, exceto na cena clímax do filme. Ainda que a intenção tenha sido essa, não se sente essa potência emocional ao longo do filme, onde ela é mais uma informação do que um sentimento. E é principalmente nesse sentido que a personagem da mãe se mostra o mais mal explorado de todos, devido à sua importância e posição na história, ainda que pese a escolha de Joana como o centro absoluto da narrativa. 

 

A ausência de uma partitura musical original também pode ter contribuído para esse vácuo emocional, mas esta é uma escolha estética da qual a direção deve dar conta, uma vez decidida. A música de Deslembro vem do Lou Reed e The Doors que Joana ouve e, de forma muito inteligente, do samba que vem, de várias direções, invadir a vida de Joana, fortalecendo a conexão que ela tenta encontrar e estabelecer com o pai desaparecido.


Por fim, Joana precisa tanto lembrar quanto deslembrar sua infância para desvendar o destino o pai. Mas para isso, é essencial a comunicação, o compartilhamento de lembranças. Deslembro chega num momento essencial em que a memória de nossa história recente está sendo negada e correndo o risco que a História sempre tem de se repetir. A memória precisa ser mantida, resgatada e compartilhada.

 

COTAÇÃO: 
 

DESLEMBRO (2018)
Com: Jeanne Boudier, Sara Antunes, Eliane Giardini, Hugo Abranches, Arthur Raynaud, Jesuíta Barbosa, Antonio Carrara e Marcio Vito
Direção e roteiro: Flávia Castro
Montagem: François Gedigier e Flavia Castro
Fotografia: Heloisa Passos
Produtores: Walter Salles, Gisela B.Camara, Flavia Castro
Desenho de produção: Ana Paula Cardoso           

quinta-feira, 20 de junho de 2019

TOY STORY 4

Por Ricky Nobre


É difícil acreditar que já se passaram 24 anos desde o Toy Story original. O filme marcou o início de uma era que mudou para sempre o cinema de animação, sendo o primeiro longa-metragem totalmente feito em computação gráfica. Ainda que os gráficos dos personagens humanos pareçam um tanto toscos hoje, o filme ainda impressiona nos gráficos, animação e textura dos brinquedos e das paisagens externas. Apenas 3 anos depois, Toy Story 2 apresentava um salto tecnológico impressionante. De lá para cá, animação em CGI tornou-se a norma e, ainda que a Disney tenha tentado ressuscitar a técnica no fraco A Princesa e o Sapo, a secular arte de animação 2D feita à mão está atualmente abandonada e morta. 

 

Depois que o terceiro filme fechou o ciclo dos personagens com o menino Andy em 2010, o criador John Lassiter deu a franquia como encerrada, a menos que aparecesse uma ideia muito, muito boa. Então, surpreendendo um total de zero pessoas, o quarto filme foi anunciado no final de 2014, tendo sua data de lançamento adiada duas vezes, de 2017 para 2018 e, enfim, para 2019. Apesar de desejar retornar à direção, Lassiter passou a posição para Josh Cooley, pois seu trabalho como chefe criativo da Disney o impedia de ter tempo para o trabalho. Curiosamente, Lassiter deixará a Disney este ano. Cooley estreia como diretor após muitos anos como desenhista de storyboard na Pixar e uma ótima estreia como roteirista em Divertidamente.

 

Toy Story 4 segue a saga dos brinquedos mais amados do cinema com a pequena Bonnie, assustada com seu primeiro dia no jardim de infância. Com uma ajuda discreta de Woody, Bonnie constrói um brinquedo com um garfo de plástico que ela chama de “Garfinho”. Sem saber direito quem é, com horas de vida, o pequeno Garfinho só quer saber de se jogar na lata de lixo pois, afinal, foi de lá que ele veio, e Woody assume para si a tarefa de mostrar a ele que agora ele é o brinquedo favorito da menina. Não é uma tarefa fácil e Woody e Garfinho acabam perdidos no meio da estrada durante uma viagem da família e os dois acabam numa loja de antiguidades onde brinquedos raros guardam planos sinistros para eles. 



Uma novidade do filme é a quantidade de novos personagens e o espaço que tomam no filme. Ainda que os primeiros filmes, especialmente o segundo, se concentrassem bastante no Woody como protagonista, aqui ele realmente é o centro da história como em nenhum outro. Woddy, Garfinho e a bela pastora Betty, retornando após a ausência no terceiro filme, formam, junto com Gaby Gaby, o centro do roteiro e da temática do filme. Nessa aventura, personagens novos como Coelhinho, Patinho e Caboom formam o principal foco cômico, tendo também papel central na ação. Desta forma, os personagens clássicos da franquia, juntamente com os antigos brinquedos da Bonnie, assumem uma posição bem mais coadjuvante do que nos filmes anteriores, ainda que o roteiro se esforce (com sucesso) em tornar suas participações sempre relevantes e engraçadas. Cuidado especial foi dado ao personagem Buzz, dando a ele a missão de encontrar Woody, não o deixando tão de lado quanto os outros. Mesmo assim, pode-se dizer que é a primeira vez na franquia de Buzz pode não ser considerado um protagonista. 

 

Especial inteligência foi usada no desenvolvimento de Gaby Gaby. A boneca dos anos 50 do antiquário, que nunca teve uma criança, é a vilã com mais “tons de cinza” da franquia. O filme não se furta em mostra-la verdadeiramente assustadora, com seus macabros bonecos de ventríloquo como capangas, em um momento para, em outro, jogar uma luz melancólica sobre suas motivações.
Uma das grandes surpresas do filme é a Betty, a pastora de louça que virou brinquedo perdido e reaparece como uma “mulher vivida”, experiente e amando a liberdade. A forma como ela é aqui escrita, animada e interpretada é radicalmente diferente dos filmes anteriores e é brilhante o resultado, e sua importância para a jornada de Woody é vital.

 

Mas, como foi dito, o filme é de fato dele, Woody. O personagem é sempre consistente em sua determinação de jamais deixar nenhum brinquedo para trás. A diferença é que, aqui, sua obstinação chega ao ponto de ser questionada por outros personagens e suas motivações podem esconder um sentimento de obsolescência, de falta de propósito. Numa nova família, com uma nova criança, ele não é mais o “brinquedo favorito” e lidar com isso não é fácil para ele, ainda que o sentimento esteja muito além do ciúme e medo de ser substituído no primeiro filme.

 

Toda a seriedade desses temas podem dar a impressão de um filme sisudo e depressivo. Mas é o absoluto oposto. Toy Story 4 é hilário na maior parte do tempo, e os novos Coelhinho, Patinho e Caboom roubam a cena. Ainda assim, Toy Story mantém sua tradição de tratar de temas difíceis e dolorosos tanto para crianças quanto para adultos. Talvez, nunca nenhuma franquia cinematográfica tenha se engajado tanto em falar para crianças sobre perdas, despedidas e recomeços, e o faz com impressionante sensibilidade e razoável complexidade. É uma série que amadurece a olhos vistos junto com seu público, sem jamais perder de vista os mais jovens. Ainda que a busca de Woody por identidade tenha ecos do segundo filme, aqui ela acontece num estágio bem mais avançado do personagem. Nenhum personagem volta a questões já resolvidas em filmes anteriores, eles seguem sempre adiante. Ainda que alguns temas retornem, não são repetições, mas novas perspectivas de questões recorrentes da existência em fases diferentes da vida. A profundidade de tudo isso pode ser sutil e passar despercebida, mas a emoção é à flor da pele, sempre. 

 

Uma pergunta que domina as discussões sobre o filme é: precisava? Seria ele realmente necessário, uma vez que o terceiro encerrou com perfeição o arco dos brinquedos com Andy e amarrava tudo numa trilogia fechadinha? É compreensível mas um tanto equivocada a questão. A pergunta deveria ser: é bom? Porque necessárias, poucas coisas são. E as melhores coisas da vida não são necessárias. Elas são só boas. E assim é Toy Story 4. 

 COTAÇÃO:




TOY STORY 4 (2019)
Direção: Josh Cooley
História original: John Lasseter, Andrew Stanton, Josh Cooley, Valerie LaPointe, Rashida Jones, Will McCormack, Martin Hynes e Stephany Folsom
Roteiro: Andrew Stanton e Stephany Folsom
Desenho de produção: Bob Pauley
Montagem: Axel Geddes
Música: Randy Newman

sexta-feira, 14 de junho de 2019

Repórter Susana Naspolini lança livro sobre superações ao câncer no Rio

Com a equipe do RJ Móvel

por Renato Rodrigues
Que legal, Susana Naspolini, a repórter doidinha do RJTV, vai lançar um livro!!! No próximo dia 27, a jornalista lançará “Eu escolho ser feliz” às 19h, na Travessa do Leblon; e dia 29, às 15h, na Livraria Leitura, do Bangu Shopping. No livro, a repórter titular do “RJ Móvel”, conta como encarou as quatro lutas contra o câncer, em diferentes fases da vida.

“Não tenho a pretensão de que seja uma autobiografia, nem um livro de autoajuda. Só quis compartilhar histórias e sentimentos”
A alegria do carioca é receber a visita da Susana Naspolini na sua rua (mesmo que seja pra mostrar ela toda esburacada). Todo sucesso do mundo pra ela!!!

Toalhinha bordada: um dos muitos presentes que Susana ganha dos fãs

quinta-feira, 13 de junho de 2019

A LENDA DE GOLEM: UM TERROR-DRAMA COM ECOS DE FRANKENSTEIN

Por Eddie Van Feu 


Em um vilarejo da Lituânia de 1675, uma comunidade judaica vive pacificamente e somos apresentados aos rígidos códigos sociais e religiosos. Hannah é uma mãe enlutada que perdeu o filho afogado há sete anos, número considerado divino. Sem conseguir lidar com a perda, ela passa a estudar escondida a Cabalah, com a cumplicidade do marido, já que era proibido para as mulheres estudar. Como a culpa de toda desgraça recaía sempre sobre os judeus, eles são acusados pelos gentios de terem causado a praga. Um grupo armado toma a vila e a curandeira local deve salvar sua filha contaminada, ou eles matarão todos e tacarão fogo em tudo. Hannah então fala sobre usarem os poderes mágicos, enquanto alguns dos homens pensam em pegar em armas. 





A Lenda de Golem é um filme bonito, com fotografia linda em tomadas simples e inspiradas, aproveitando bem as belas paisagens da Ucrânia, onde foi filmado. Para um filme de terror, não assusta tanto, o que é bom, pois ele não se utiliza daqueles efeitos de aumento de som repentino e um gato pulando do armário. Talvez ele esteja mais para o drama do que para o terror. O casal que vive com o vazio de perder um filho enquanto vê as crianças florescendo ao redor é muito bem contada. A exclusão das mulheres de leitura e estudos porque são relegadas apenas a ter filhos é uma realidade até hoje em diversos lugares. E quando a mulher não quer ou não pode ter filhos? Pra que ela serve? E quando a mulher é melhor na magia do que os homens que a estudam há anos? E quando a mulher tem a coragem de invocar um Golem como guardião da comunidade? 


Para quem não sabe, o Golem vem da palavra Gelem, que é matéria prima, e é uma criatura criada por magia de matéria inerte, geralmente terra. O filme evoca Frankenstein, que é de fato uma inspiração no Golem original da tradição judaica. Como um tulpa, ou um homúnculo, o Golem não é muito inteligente, mas é muito forte e não sabe quando parar. Falta-lhe discernimento, ou alma. 

O Golem foi a inspiração para Frankenstein.

Mas diferente de Frankenstein, de Mary Shelley, o Golem de Hannah não é um homem grande e torto. É um menino lindo que lembra seu filho morto. Ele lembra o Frankenstein com seus movimentos lentos e robóticos e sua roupa estranhamente remendada e quadrada, como um camisão que Hannah faz com as roupas do filho falecido. Hannah porém não é um cientista maluco. É uma mãe sem filhos. E apesar do medo inicial, ela se afeiçoa e cria um vínculo com o Golem, o que só aumenta o drama no filme, especialmente quando as pessoas do vilarejo querem destruí-lo (só porque ele matou umas duas pessoas...). 

Criador e criatura desenvolvem um vínculo difícil de romper.

Alguns pecadilhos são cometidos do filme, justamente para ele se encaixar no típico filme de terror. A sequência inicial é quase desnecessária, se não fosse a ligação com uma personagem importante mais a frente. As cenas de massacre são digitais e um tanto fracas, talvez pudessem ter sido menos viscerais e mais emocionais, como o resto do filme, porque acaba destoando. O Renato, meu marido que não curte filme de terror, viu o filme comigo e gostou, o que me leva a crer que talvez o filme venha a agradar um público mais amplo. 

Os rituais descritos são reais e a Cabalah é realmente um instrumento de grande poder na magia, mas, como tudo na magia, requer conhecimento, coragem e sabedoria. E nem todo mundo tem os três ao mesmo tempo. 

Vale a pena conferir esse terror que foge do convencional e nos mostra um pouco da cultura e lendas judaicas. 


CURIOSIDADE: No século XVI, um dos mais poderosos rabinos da história, Judá Loew Ben Betzalel, era muito popular e conta-se que ele teria criado um Golem para proteger o gueto de Josefov, em Praga, de ataques contra os judeus. Essa é uma das mais antigas referências que se tem de uma criação de Golem. Há várias teorias sobre como criar um Golem. Uma delas diz que você deve escrever a palavra EMET em sua testa, que significa verdade. Para destruí-lo, apaga-se a primeira letra para que fique MET, que significa morto. O Golem então seria desfeito. 

A LENDA DE GOLEM (THE GOLEM)
PRODUÇÃO Israel, 2018
DIREÇÃO Doron e Yoav Paz
ELENCO Hani Furstenberg, Ishai Golan, Brynie Furstenberg




Crítica - "Pets 2 – A Vida Secreta dos Bichos"

Por Anny Lucard



'Pets 2 – A Vida Secreta dos Bichos' (The Secret Life of Pets 2, 2019), tem direção de Chris Renaud e é co-dirigido por Jonathan del Val. Com roteiro de Brian Lynch, a produção continua a contar a história sobre a vida do cãozinho Max (Patton Oswalt) e sua dona Katie (Ellie Kemper), mostrando o que o pet faz quando está sem supervisão de um humano.



Nessa sequência, depois de aprender a dividir Katie com o cão Duke (Eric Stonestreet) adotado por ela, Max tem que lidar com outra situação complicada, o casamento de sua dona que é seguido do nascimento do filho dela.



Diferente da primeira produção, 'Pets – A Vida Secreta dos Bichos' de 2016, que é focada em Max e mostra outros animais com quem o pet interage durante as horas que está longe de sua dona ou sem uma supervisão humana, em 'Pets 2 – A Vida Secreta dos Bichos' o roteiro é dividido em três narrativas distintas, mas que se entrelação com perfeição durante o filme. Sendo a primeira narrativa focada na continuidade da história de Max, mostrando como o cãozinho está lidando com as mudanças que o marido e o filho de Katie trouxeram para sua vida. A segunda é focada no coelho Bola de Neve (Kevin Hart) que busca se tornar um super herói de verdade. E a terceira na mimada cachorrinha Gigi (Jenny Slate) que procura a ajuda da gata Chloe (Lake Bell), pois precisa entrar no apartamento da "Tia dos Gatos" da redondeza a todo custo.



Mesclando elementos de aventura, a animação é uma comédia que mantém a qualidade visual não só em relação a fotografia e traços artitísticos da produção anterior, mas das relacionadas a Illumination Entertainment, se destacando além da franquia "carro chefe" do estúdio (a com os Minions).

Estrelada pelo ator de voz original Patton Oswalt, que faz o Max, o elenco também conta com Ellie Kemper como Katie, Eric Stonestreet como Duke, Jenny Slate como Gigi, Lake Bell como Chloe, Kevin Hart como Bola de Neve, entre outros. Além de novos personagens e participações especiais, como dos atores Tiffany Haddish, Nick Kroll e Harrison Ford que fazem as vozes originais, respectivamente, de Daisy, Sergei e Galo.



O filme também conta com uma trilha sonora cuidadosa, dos sons até as músicas incluidos em cada cena, para ajudar na veracidade dos personagens, animais e humanos, e das situações que os envolvem.

Vale destacar que assim como fizeram no primeiro filme, há uma preocupação em buscar o realismo de certas atitudes dos personagens animais, especialmente quando estão interagindo com os humanos, de forma que o publico que tem algum pet do tipo retratado na produção, vai identificar as situações e se divertir ainda mais com as desventuras dos pets.



Com distribuição da Universal Pictures Brasil, 'Pets 2 - A Vida Secreta dos Bichos' vai estrear nos cinemas brasileiros no fim do mês, no dia 27 de junho, em cópias legendadas e dubladas em português. Uma animação feita para toda família.