quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

NOSSO ADEUS AO ZÉ DO CAIXÃO

Hoje Zé do Caixão partiu em uma nova aventura. José Mojica Marins me é familiar desde criança, pois minha mãe era fã de seus filmes. Cheguei a ver alguns depois de adulta e sempre admirei sua forma de levar a fantasia de terror ao mundo, com aquele quê de inocência e otimismo, pois o Bem sempre vencia o Mal. Tive o prazer de conhecê-lo em duas ocasiões. Na primeira, lááá atrás, nos encontramos em uma Bienal do Livro de São Paulo e nós estávamos lançando nossa primeira revista, a Olha A Frente!, e aí está a foto pra provar que não foi delírio meu.
A gente sempre lamenta a partida de alguém que enriquece o mundo, mas compreendemos que a estrada para a alma continua e que novos encontros nos aguardam. Uma boa e feliz jornada ao cineasta e artista Zé do Caixão!


Crítica Retrô - Zumbilândia: Atire Duas Vezes

Por Anny Lucard


'Zumbilândia: Atire Duas Vezes' (Zombieland: Double Tap, 2019) é a sequência de um dos filmes de zumbis mais cultuados entre os fãs do gênero, 'Zumbilândia' de 2009.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Crítica Retrô - Monster Trucks

Por Anny Lucard


O filme 'Monster Trucks' (2016) pega a ideia de animações com carrinhos falantes do tipo “monster trucks”, que no Brasil são mais conhecidos por “carros monstro”, e a leva para um nível mais literal.

domingo, 9 de fevereiro de 2020

Os filmes do Oscar: O IRLANDÊS (10 indicações)


Por Ricky Nobre


Com 25 longa metragens no currículo, que vão desde romance inglês até a vida de Cristo, budismo e mercado financeiro, Martin Scorsese ficou marcado em brasa por seus quatro filmes sobre a máfia de tal forma que, quando foi anunciado o projeto de O Irlandês, a reação de muitos foi: “Mas outro???”. Porém, mesmo para aqueles cuja referência de Scorsese seja apenas os filmes de máfia, este novo projeto não tem tanto em comum com as experiências anteriores do cineasta no gênero. Sim, tem Robert De Niro, Joe Pesci e Harvey Keitel de volta que, com a adição de Al Pacino, formam o dream team de filmes de máfia para qualquer diretor. Mas tudo é diferente em O Irlandês.

 

Para quem está acostumado à câmera extremamente ágil e a edição que acompanha e costura essa câmera nervosa com perfeição e que são marcas indissociáveis de Scorsese não só em seus filmes mafiosos mas também em outros, pode causar estranhamento a direção que foi tomada aqui. O Irlandês foi baseado no livro de Charles Brandt I Heard You Paint Houses, que narra os crimes que Frank Sheeran teria confessado no fim da vida, cuja veracidade foi contestada em alguns artigos. O filme mostra sua trajetória dos 35 aos 82 anos, graças a um processo de rejuvenescimento digital (e ligeiro envelhecimento em algumas cenas), não apenas dele mas também de Pesci e Pacino. A técnica tem resultados primorosos a maior parte do tempo, mas as cenas que mostram De Niro na casa dos 30 não apenas não convencem quanto a idade como também são esteticamente ruins. Mesmo não sendo perfeita durante todo o tempo, a escolha da técnica dá ao filme uma unidade na interpretação e ajuda os personagens a grudarem no espectador que os vê envelhecendo cena a cena, e ainda auxilia a manter o público sempre atento à cronologia dentro da estrutura de flashback utilizada. 

 

Com 3 horas e meia de duração, é o mais longo filme da carreira de Scorsese e ele não se utiliza de tanto tempo à toa. O filme não é lento ou arrastado em sua totalidade. Ele começa lento e termina da mesma forma, mas a grande parte de seu “miolo” é muito ágil e a história anda com ritmo, com coisas acontecendo a todo instante. O olhar e estilo de direção, porém, são muito mais comedidos. A câmera não possui arroubos. Ela é inteligente, segura e precisa como sempre é no cinema de Scorsese, mas é sempre sóbria, movimenta-se com parcimônia e a montagem de Thelma Schoonmaker, parceira do diretor em 24 filmes, costura takes mais longos. Para contar como a passagem de tempo e a velhice atingem homens violentos e poderosos, Scorsese optou por uma narrativa menos ágil e estilizada. 

 

Talvez o grande símbolo desta escolha narrativa seja a interpretação impecável de Joe Pesci. Famoso por seus personagens barulhentos e exagerados, sejam cômicos ou violentos, aqui Pesci vive o chefão Bufalino de forma impressionantemente econômica e contida. São os detalhes, nuances de voz, de olhar, gestos mínimos que o fazem um homem realmente poderoso e assustador num filme onde o personagem mal se levanta. E é assim que Scorsese dirige O Irlandês. Essa economia também se vê no Sheeran de De Niro, construindo um personagem também raro no gênero. Um soldado fiel, meticuloso e um assassino preciso, porém frio, sem arroubos de crueldade e que apenas faz o que lhe é ordenado da forma mais eficaz e rápida possível. Socialmente, entre superiores e pares, ele é o cara legal, o apaziguador de conflitos. Ao defender a filha, porém, ele é o mafioso violento clássico, e essa postura lhe custará caro. 

 

Pacino, por outro lado, está em casa como o famosamente expansivo Jimmy Hoffa. A história do famoso sindicalista americano insere no filme uma visão que une campanhas presidenciais, ações em Cuba, a morte de Kennedy, o que muitos podem ver como pura teoria conspiratória. E quando o ego indestrutível de Hoffa se torna um empecilho para alguns, Sheeran se vê em seu pior momento e sem saída. Scorsese também constrói um suspense incômodo, numa longa viagem de carro onde dois homens conversam as coisas mais banais e Sheeran segue em silêncio no banco de trás. Só ele e o público sabem exatamente o que vai acontecer. É a sequência mais lenta do filme, e o objetivo é justamente o de criar a agonia da espera de um momento que nem Sheeran queria que acontecesse. 

 

De todos os filmes de máfia de Scorsese, é o que menos traz a impressão de glamorização e celebração do crime e da violência. A melancolia da parte final do filme nos traz uma sensação rara no gênero. Enquanto o destino da esmagadora maioria de seus pares foi a morte violenta, Sheeran goza de longa vida, porém solitária e repleta de arrependimentos, alguns que ele sequer ainda conseguiu compreender. Viveu ao lado de poderosos, presenciou e viveu momentos decisivos na história do país, mas tornou-se uma relíquia desconhecida para jovens que sequer sabem quem foi Jimmy Hoffa. Suas escolhas custaram uma parte preciosa de sua alma. “Quem dá um telefonema daqueles?”, murmura Sheeran para o padre. 

 

Muito provavelmente, Scorsese não conseguiria lançar um filme com duração tão longa se não fosse produzido pela gigante do streaming Netflix, uma vez que não há o empecilho dos donos de cinema rejeitarem filmes que permitam apenas poucas sessões diárias. Por outro lado, a possibilidade de se interromper um filme por diversas vezes ao se ver em casa, gerou por partes de críticos e do próprio Scorcese a sugestão de que assistissem O Irlandês na maior tela possível, evitando ver no celular e, se possível, sem interrupções. Scorsese é um dos cineastas de sua geração que nunca escondeu sua antipatia pela atuação de empresas de streaming como produtoras de conteúdo e, principalmente, a participação de suas produções em premiações e festivais. Mas a Netflix foi a única disposta a arcar com o gigantesco orçamento de 160 milhões de dólares para um filme de máfia, uma vez que os efeitos de rejuvenescimento foram caríssimos. Agora aqui está seu filme concorrendo a 10 Oscars. Apesar dos terraplanistas, o mundo permanece redondo.

 

COTAÇÃO:


INDICAÇÕES AO OSCAR:
Melhor filme
Diretor: Martin Scorsese
Ator coadjuvante: Al Pacino
Ator coadjuvante: Joe Pesci
Roteiro adaptado: Steven Zaillian
Fotografia: Rodrigo Pietro
Montagem: Thelma Schoonmaker
Efeitos visuais: Pablo Helman, Leandro Estebecorena, Stephane Grabli, e Nelson Sepulveda
Figurino: Sandy Powell e Christopher Peterson
Direção de arte: Bob Shaw e Regina Graves


O IRLANDÊS (The Irishman, 2019)
Com: Robert De Niro, Al Pacino, Joe Pesci, Harvey Keitel, Ray Romano, Anna Paquin e Stephen Graham
Direção: Martin Scorsese
Roteiro: Steven Zaillian
Fotografia: Rodrigo Pietro
Montagem: Thelma Schoonmaker
Música: Robbie Robertson

sábado, 8 de fevereiro de 2020

Os filmes do Oscar: PARASITA (6 indicações)


Por Ricky Nobre 



O TEXTO PODE CONTER SPOILERS LEVES

Em nosso vídeo do Chá das 5, aqui no Alcateia, quando falávamos sobre nossos filmes preferidos de 2019, comentei rapidamente sobre algo que me chamou a atenção. Três filmes, de origens e estilos totalmente diferentes, lidavam com basicamente o mesmo tema: o abandono das classes pobres e marginalizadas em geral. Desta forma, o norte-americano Coringa, o sul-coreano Parasita e o brasileiro Bacurau formariam uma acidental e inesperada “trilogia do abandono”. Mas o que levaria artistas de países de realidades socioeconômicas tão diversas a sentirem a urgência em tratar dos mesmos temas? No apagar das luzes da segunda década do século XXI, a desigualdade social e o abandono dos marginalizados se mostram, de fato, um fenômeno global, seja na mais poderosa nação do planeta, numa das economias mais prósperas do mundo, ou em um dos maiores e mais culturalmente ricos países da América Latina. 

 

Assim como Coringa se concentra no indivíduo e Bacurau na comunidade, Parasita se concentra na família. Apesar de serem três filmes inteligentes e ricos, Parasita se mostra o de leitura mais complexa e multifacetada. É tão repleto de simbologias que o próprio diretor e roteirista Bong Joon Ho brinca com isso ao mostrar o jovem Ki-woo repetindo em várias ocasiões: “Nossa, isso é tão metafórico!”. Apenas a escolha do título já é objeto de horas de discussão sobre quem é o parasita na história: a família Kim, empobrecida, que vai se inserindo na casa da família Park, utilizando-se de métodos que são, no mínimo, antiéticos ou, até mesmo, criminosos? Seria Geun-se, escondido nas profundezas, invisibilizado ao extremo e vivendo dos restos? Seria a família Park, rica, concentradora de riqueza, que vive numa bolha e percebe pobres pelo cheiro? Seria, então, uma cadeia parasitária, onde cada grupo a exerce como forma de sobrevivência e/ou dominação?

 

A identidade cinematográfica de Parasita não é estranha para quem está mais familiarizado com o cinema sul-coreano, onde a mistura/fusão/desconstrução de gêneros não é incomum. Aqui, sua primeira metade é, primordialmente, uma comédia, onde o talento trambiqueiro da família Kim diverte o público quanto mais elaborados são os esquemas para inserir cada membro da família na folha de pagamento dos Park. De uma hora para outra, numa descida tensa, vertiginosa e sinistra aos subterrâneos, acompanhada por uma orquestra atonal e assustadora, nos deparamos com um suspense e, mais adiante, desastres naturais trazem drama e tragédia para, próximo à conclusão, sermos surpreendidos com elementos de terror, fechando o filme com desesperança e melancolia.

 

A movimentação vertical dos personagens traz a óbvia metáfora da pirâmide de classes, com os Park no topo, ricos e plenos, os Kim em sua residência que é metade abaixo e metade acima do solo (mas com o vaso sanitário ao nível da rua, sugerindo que eles vivem abaixo do esgoto, como ficará claro mais adiante) e Geun-se exilado no subsolo, na extrema pobreza. Bong Joon Ho admitiu sua inspiração nos dramas ingleses onde, nas grandes mansões, as longas escadarias separavam os donos ricos da criadagem. 

 

O filme evita como se fosse uma praga o simplismo maniqueísta dos pobres bons e ricos maus. Na maior parte do tempo, vemos a família Kim atacando, em benefício próprio direto ou por medo, pessoas de posição socioeconômica semelhante ou inferior a deles, enquanto os Park ignoram a todos, enxergando apenas a utilidade imediata que os trabalhadores podem ter a eles, se tanto. O desfecho trágico, onde o patriarca dos Kim atinge o limite suportável de humilhação, sugere que até aquele momento eles estavam escolhendo os inimigos errados em nome da sobrevivência. As duas famílias mais pobres saem devastadas, enquanto a rica sai com alguns arranhões. A luta de classes, foco central do filme, é fruto da desigualdade, e comportamentos violentos e criminosos dos oprimidos, ainda que não desculpáveis, são vistos como frutos dessa desigualdade, da invisibilização e do abandono. 

 

O final é de uma melancolia devastadora, onde, mesmo com a conclusão do pai de que o melhor plano é não ter plano, pois o acaso e sua condição social não permitem tal luxo, o jovem Ki-woo ainda planeja ascensão social, dentro da moral e da legalidade, para poder devolver alguma felicidade e união à família. Da forma como foi construído, é um final dúbio para alguns, mas bastante direto e claro para outros. 

 

Parasita tem um elenco perfeito, montagem primorosa e é bem escrito a tal nível que ainda que todas essas simbologias e metáforas escapem completamente ao espectador, ele ainda tem uma história hilária, empolgante, trágica e horripilante para se deslumbrar. Uma obra verdadeiramente provocadora e brilhante que arrebata admiradores das mais variadas nações e culturas, da mesma forma que Coringa se tornou o filme baseado em quadrinhos mais lucrativo da história e Bacurau um dos filmes brasileiros de maior repercussão no mundo recentemente. A desigualdade e o abandono crescem desenfreadamente mundo afora. E as pessoas estão começando a se dar conta. E numa constatação inegável e assustadora, percebemos que, nos três filmes, a consequência direta da desigualdade é a violência.

 

 
COTAÇÃO:


 
INDICAÇÕES AO OSCAR
Melhor filme
Melhor filme estrangeiro
Diretor: Bong Joon Ho   
Roteiro original: Bong Joon Ho e Jin Won Han
Direção de arte: Ha-jun Lee e Won-woo Cho
Montagem: Jinmo Yang

PARASITA (Gisaengchung, 2019)
Com: Kang-ho Song, Sun-kyun Lee, Yeo-jeong Jo, Woo-sik Choi, So-dam Park, Jeong-eun Lee, Hye-jin Jang, Ji-so  Jung e Myeong-hoon Park.
Direção: Bong Joon Ho
Roteiro original: Bong Joon Ho e Jin Won Han
Fotografia: Kyung-pyo Hong
Montagem: Jinmo Yang
Música: Jaeil Jung
Direção de arte: Ha-jun Lee e Won-woo Cho

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Os filmes do Oscar: 1917 (10 indicações)


Por Ricky Nobre


A obsessão do cinema (não apenas hollywoodiano) pela Segunda Guerra Mundial gerou incontáveis filmes sobre o assunto, nas mais variadas abordagens, pontos de vista, aspectos, detalhes e histórias. Mas a Primeira Guerra é assunto raro e seu filme mais significativo talvez ainda seja Nada de Novo no Front, realizado a nada menos que 90 anos. O novo filme de Sam Mendes, que é um dos favoritos para este Oscar, não explora a política, as estratégias, nem os grandes fatos históricos ligados ao conflito que durou de 1914 a 1918. Seu foco é na jornada de dois cabos do exército britânico que precisam atravessar o território inimigo numa missão suicida, com o objetivo de impedir um ataque que pode resultar no massacre de 1600 soldados. 

 

O grande triunfo cinematográfico de 1917, que é também seu principal instrumento de marketing, é sua proposta estética e narrativa extremamente ambiciosa: sua apresentação em dois únicos e enormes planos-sequência. Tecnicamente, isso foi conquistado graças a nada menos que 6 meses de ensaios, tanto com atores, não apenas para que todas as marcações estivessem exatas, mas também para que a produção soubesse exatamente qual a extensão dos trajetos percorridos para só então construir os cenários complexos, principalmente as trincheiras, que deveriam ter as dimensões exatas; mas também com pequenas maquetes dos cenários para que a equipe pudesse prever as variações de luz e planejar os movimentos de câmera. A partir daí, trechos curtos de até 39 segundos, até longos como até 8 minutos contínuos foram costurados com transições digitais que escondiam com perfeição todas as emendas, dando a sensação perfeita de uma única tomada. 

 

Mais do que um desafio técnico, essa escolha nos coloca junto com os dois protagonistas numa jornada verdadeiramente assustadora. Enquanto a câmera se move junto com os dois, vamos descobrindo o terreno junto com eles, as surpresas, os obstáculos, as crateras, os cadáveres, as armadilhas, os aliados e os inimigos. Tudo vai se revelando para nós ao mesmo tempo que para eles, e a ausência de corte (no sentido clássico) dá a perfeita sensação de tempo real. A urgência da missão, o tempo que transcorre, os perigos, as tragédias, o desespero e, acima de tudo, a absoluta exaustão são sentidas pelo público com exatidão. 

 

Na jornada, os protagonistas vão viajando pela insanidade da guerra, onde boas ações são muitas vezes severamente punidas, mas onde, ainda assim, há espaço para empatia, altruísmo, ternura e heroísmo. O senso de dever, a promessa feita, são combustíveis que levam ao limite da resistência humana. Mendes baseou o roteiro, que é o primeiro que ele próprio assina, nas histórias contadas por seu avô, que foi combatente e entrou no conflito com meros 17 anos. As histórias dele mesmo e de diversos companheiros foram costuradas, dando origem à aventura dos protagonistas. 

 

Alguns detalhes podem não funcionar à perfeição ou deixar uma impressão não tão boa, dependendo de quem vê. A câmera é extremamente inteligente ao se movimentar, hora por trás, em volta, deslizando suavemente ao lado ou por cima dos personagens. Mas trechos mais longos em que a câmera segue os atores por trás pode lembrar excessivamente vídeo games de guerra em primeira pessoa. Por vezes, a forma como a câmera precisa captar não só a ação mas todo o entorno, dando conta de muita informação, pode acabar deixando-a excessivamente distante dos rostos dos atores, diminuindo nossa proximidade emocional com eles, ainda que permaneçamos imersos na grandiosidade e loucura do ambiente. 

 

Alguns desses espaços emocionais deixados pela distância dos atores são preenchidos pela música de Thomas Newman, colaborador de Mendes durante toda sua carreira. A partitura de Newman vai desde a música ambiente mais plana, padrão e tediosa até as composições mais emocionantes, seja elas delicadas ou grandiosas. Em alguns momentos, uma instrumentação mais moderna pode tirar um pouco da imersão na época em que a ação se passa, dependendo da sensibilidade do espectador. Mesmo assim, é mais um belo trabalho de uma longa parceria. 

 

1917 é um feito cinematográfico absolutamente triunfante, um desafio técnico aparentemente impossível, realizado com grande sensibilidade artística. É ainda um monumento ao talento de Roger Deakins, talvez o melhor fotógrafo de cinema vivo, que é o principal responsável por tornar possível o delírio imaginado por Sam Mendes. Muitos acreditam que o filme todo concebido como “Oscar bait”, e talvez realmente seja. Mas se ele foi feito como isca de Oscar, ainda sim é uma obra sólida e impressionante que já está no rol dos grandes filmes de guerra já feitos.

 

COTAÇÃO:



INDICAÇÕES AO OSCAR:
Melhor filme:
Direção: Sam Mendes
Roteiro original: Sam Mendes e Krysty Wilson-Cairns
Fotografia: Roger Deakins
Música original: Thomas Newman
Edição de som: Oliver Tarney e Rachael Tate
Mixagem de som: Mark Taylor e Stuart Wilson
Direção de arte: Dennis Gassner e Lee Sandales
Maquiagem: Naomi Donne, Tristan Versluis e Rebecca Cole
Efeitos visuais: Guillaume Rocheron, Greg Butler e Dominic Tuohy

1917 (2019)
Com: Dean-Charles Chapman, George MacKay, Colin Firth, Mark Strong, Claire Duburcq e Benedict Cumberbatch
Direção: Sam Mendes
Roteiro: Sam Mendes e Krysty Wilson-Cairns
Fotografia: Roger Deakins
Montagem: Lee Smith
Música: Thomas Newman
Design de produção: Dennis Gassner