sexta-feira, 8 de abril de 2016

LOBOTECA: resenha "A Cabana"

Uma nova visão de Deus para quem não tinha muita intimidade
Eddie Van Feu


O livro de William P. Young que já avisa na capa que esteve em primeiro lugar na lista no New York Times se tornou um best seller também aqui no Brasil. Ele traz o problema típico de boa parte de best sellers atualmente. Poderia ter sido mais curto... Mas, que isso não pese contra o livro. A barriguinha que ele têm é perfeitamente desculpável e A Cababa acaba sendo uma leitura agradável e necessária para a grande maioria das pessoas que precisa recuperar a fé depois de uma tragédia aparentemente sem sentido.

Tudo começa com o simpático relato do narrador, um amigo próximo do personagem principal, Mackenzie Allen Philip, um bom sujeito, homem de família, que se tornou bom pai e bom marido de uma boa esposa. Como muita gente, não teve uma infância muito boa... Na verdade, teve um pai terrível, que deixou marcas profundas, dessas difíceis de apagar. Mas, aparentemente, ele apagou. E se tornou uma pessoa que acreditava em Deus. Até que sua filha menor, de apenas seis anos, é raptada, violentada e morta por um assassino serial que não deixava rastros, nem corpos. Só vítimas, e não eram só as que ele matava, mas os parentes e amigos que sobreviviam pra sofrer a perda.

A partir de então, Mack se torna mais amargo e seu relacionamento com Deus esfria. Ele não O odeia, mas também não vê muitos motivos para amá-lo ou mesmo para acreditar ou confiar nele. Realmente, é de se perguntar pra alguém onipresente quando uma coisa dessas acontece: ONDE DIABOS VOCÊ ESTAVA?!

Mas essa fúria nunca apareceu para Mack. Era só uma tristeza cinzenta, até que um dia, ele recebe, em sua caixa de correio, um recado de Deus, dizendo: “Precisamos conversar”. O local marcado é a cabana onde encontraram o vestido ensangüentado da menina. E é aí que começa a maior aventura de Mack.

O que o espera na cabana muda sua visão de religião, sociedade, relacionamentos, sentimentos e, principalmente, Deus. Para quem já estuda magia, não vai encontrar nenhuma novidade no que Mack descobre. Bom, eu não encontrei, e talvez por isso o devolvi a amiga que o emprestada dizendo um simples “É... Legalzinho!...”. De fato, o livro realmente não me disse absolutamente nada que eu já não soubesse, e isso me fez questionar seu valor como obra.

Como obra literária, é pobre. Tão pobre quanto qualquer best seller. Como best seller, é rico. Mais do que qualquer best seller que eu tenha lido. Há muita gente precisando rever seus conceitos sobre Deus e as pessoas, há muita gente com feridas muito profundas por baixo de cicatrizes aparentes, há muita gente equivocada até a alma com os dogmas religiosos que dividem e limitam, ao invés de aproximar e libertar. Por isso, este foi o primeiro best seller que eu li e não terminei jogando-o contra a parede (é o que eu faço quando me sinto roubada). Até o momento, pode-se faze um clipe da Eddie jogando best sellers contra a parede. Este, na verdade, foi o segundo a não voar pela casa. O primeiro foi Estrada da Noite, não porque fosse bom, mas porque eu estava presa num ônibus numa viagem de seis horas e não tinha onde jogá-lo sem acertar alguém. Mas deste livro, falaremos outra hora.


Se você já conhece Deus, A Cabana é desnecessário. Se você acha que conhece, mas seu coração não é mais leve que uma pena, então não conhece. Nesse caso, deveria ler A Cabana. Pode ser uma experiência que mudará você (pra melhor). Não é qualquer livro que tem esse poder...
William P. Young é o autor de "A Cabana" e Eddie Van Feu é autora de vários "Barracos".

2 comentários:

Pedro Thiago disse...

ja tinha visto esse livro pra vender nas livrarias e nunca nem me dei o trabalhor de ler a orelha, mas depois do que li aqui acho que vou dar uma olhada. E concordo com o que você disse sobre best sellers, não consigo entender como muitos deles se tornam best sellers mas tudo bem, não endendo um monte de coisas nesse mundo.
JA estou seguindo esse blog, realmente gostei daqui!
abraços
http://falandosobremagia.blogspot.com/

Regina Lux disse...

eu li o livro e achei interessante a visão de Deus como mulher e negra.tira a visão pré-concebida de Deus e dá a noção da impossibillidade de resumirmos,limitarmos e definirmos Essa Energia Superior.o livro ressalta a importância do perdão e do amor.mostra-nos que as tragédias são erros e maldades humanas.que a morte não é o fim e pode ainda servir para aprendizado