MAIS RÁPIDOS QUE OS OLHOS PODEM VER
Por Eddie Van Feu
Quando vi o trailler do primeiro filme dos Transformers, fiquei intrigada. O trailler era bom, mas sabe como é trailler, né? Qualquer porcaria parece boa! É que nem foto de hambúrguer em restaurante fast food. Mas fiquei intrigada porque eu gostava de Transformers, gostava dos brinquedos e tudo, eu tinha até o álbum de figurinhas! Mas o desenho não tinha história nenhuma! É sério! O roteiro era sofrível, as frases se repetiam o tempo todo e nem cenário tinha. Eles sempre lutavam no deserto ou na neve, pra não dar trabalho e fazer uma animação mais legal. Tudo bem! Era domingo, eu era uma pessoa pouco exigente e podia me permitir um prazer culpado de vez em quando (nota: prazer culpado é quando você gosta de uma coisa que sabe que é ruim, mas gosta assim mesmo).
Pra relembrar o primeiro filme, um clipe com o tema do desenho atualizado.
Tinha outro agravante que meu cérebro apagou antes de eu ver o filme. Era dirigido pelo Michael Bay. O Michael Bay culpado por Armageddon e Pearl Harbor, duas belas porcarias de alto orçamento. Mas não teria feito diferença. Transformers I é bom pra caramba!!! Saí do cinema depois de três horas que nem vi passar, feliz de ver a alma do desenho dos anos 80 embalada num roteiro amarradinho, numa produção bem cuidada e atuações muito boas. Será que o Michael Bay estava possuído??? Não, senhores, era o Senhor Spielberg que quando se mete a fazer alguma coisa, faz direito.
Depois de ver o filme cinco vezes no DVD Especial (que tem uns extras do caramba!), vi o trailler do segundo filme. Fiquei empolgada, porém também fiquei com medo. Muito medo. É tão fácil quebrar uma coisa boa! É só lembrar de Matrix! Os dois filmes seguintes anularam o primeiro. Highlander 2 matou a franquia. E quando o primeiro filme é muito bom, o segundo não pode ser mais ou menos. Tem que ser bom pra caramba!
Bom, se você curtiu o primeiro, pode ir tranqüilo para o segundo. Transformers – A Vingança dos Derrotados é bom pra caramba! Tem pequenas falhas que poderiam ter sido concertadas por um olhar mais atento. Novos personagens robóticos na trama acabam confundindo um pouco e tirando a atenção dos que a gente já conhecia (e são meio coloridos demais, mas deve facilitar a venda de brinquedos). Há pouca interação dos Autobots entre si, especialmente nos momentos de crise. Em contrapartida, há muita interação entre os Decepticons. Reconhecemos o bom e velho Starscream do desenho, um vira-folha filho da mãe que só ataca pelas costas.
Taí o trailler que não me deixa mentir!
Entre os humanos, a troca de cenário foi boa e os ajustes do que aconteceu no primeiro filme para que todos pudessem retomar uma vida quase normal foi eficiente, rápido e convincente. Os novos personagens são interessantes e os antigos não deixam a bola cair. A música está excelente e dá vontade de sair correndo pra salvar o mundo.
A principal falha é a falta de pausa. Não dá pra respirar, não dá pra ir ao banheiro sem perder uma seqüência inteira de destruição em massa e, em certos momentos, você já esqueceu porque eles estão brigando e começa a se perguntar quem é quem. É muito robô! E os bichos são brutos!
O humor está lá, em certos momentos quase histérico, meio estilo anime, mas não atrapalha. O relacionamento entre os personagens, humanos e robôs, fica claro e as cenas emotivas convencem, mesmo quando tem tudo explodindo a sua volta. Foi legal ver os pais de Sam terem uma participação importante, ao invés de serem excluídos como se tivessem ido para outra dimensão, como na maioria dos filmes para jovens.
E aí está o negócio. É um filme para jovens. No cinema, hoje, na estréia, só tinha gente com mais de 25. Pode ser o horário, o preço (o ingresso para o Transformers estava especialmente mais caro sem maiores explicações), mas acabei vendo uma platéia que curtiu e vibrou pela nostalgia do desenho lá de trás.
Mas como Hollywood não dá ponto sem nó, manteve as mulheres maravilhosas para segurar a atenção dos garotos. Não se espera muito que as meninas vejam o filme, mas Shia le Buff é tão carismático que mesmo não sendo o modelo esperado para capturar as meninas, captura todo mundo.
No final, saímos meio cansados do filme. Se você se deixar envolver, vai sentir que correu por vários dias, com robôs gigantes mau humorados derrubando tudo pra te pegar. Só depois você consegue parar de correr na sua cabeça e curtir a amizade, a lealdade, a coragem e o trabalho em equipe que é mostrado o tempo todo.
De vez em quando, alguém toma uma decisão errada. Parece o certo, mas o coração diz o contrário. Num filme de robôs gigantes, baseado num desenho animado sem roteiro, que por sua vez foi baseado em um brinquedo sem história, encontrar decisões tomadas com o coração é mais do que eu poderia esperar... Mas, como já sabemos desde os anos 80, alguns de nós são mais do que os olhos podem ver...
Olha o que os fãs fazem!
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