segunda-feira, 10 de setembro de 2012

JOGOS VORAZES: COMENDO O COBERTOR

por Eddie Van Feu

Pois é, eu sou aquela que está sempre à margem dos furacões culturais e populares que andam por aí. Eu sou aquela que nunca ouviu uma música do Restart, só viu o Justin Bieber no Saturday Night Live (e gostei muito!), e fiquei um bom tempo sem saber quem era Michel Teló ou o que ele cantava. Mas ando insistindo em sair da minha bolha onde só toca Enya para ver o que acontece no mundo lá fora, mesmo que com atraso (só fui ver High School Musical anos depois!).

Enfim, vi Jogos Vorazes. Considerando o bafafá que o livro fez, esperava outra coisa, mas, vamos aos fatos.


O filme tem um visual estranho, beirando o bizarro, numa espécie de Anos 80 exagerado (como se isso fosse possível) num revival futurista. Algo que não tenho certeza se funcionou muito bem. A história se passa numa realidade alternativa, ou num mundo distante, ou num futuro não tão distante, onde um reality show é a forma do governo de manter os pobres sobre controle. Pois é, a temática daria pano pra manga, podendo tocar em assuntos polêmicos sobre a mídia e as massas.

Jennifer Lawrence ao lado da  namorada do Chapeleiro Louco.
Mas não toca. Na verdade, nem passa perto. O filme é fiel à sua primeira intenção. O que ele mostra, logo no começo, é exatamente o que você terá no final, sem surpresas, sem reviravoltas, sem nada pra pensar a respeito. A mocinha e o mocinho são jogados numa arena ao vivo para se matarem com outras crianças. Você espera algum tipo de ponto de virada, mas não tem nenhum. Você espera que alguém tenha um plano, mas ninguém liga. No final, você fica com a sensação de que comeu seu próprio edredom quando lhe prometeram uma panqueca.

O trio principal é fraquinho. Jennifer Lawrence é lindinha, mas não deixa claro a que veio, se é uma rebelde ou só uma coitada que precisa sobreviver. Como é regra nos filmes e livros adolescentes atualmente, ela está dividida entre dois amores. Josh Hutcherson e Liam Hamsworth são uma fraqueza só e não convencem como galãs ou candidatos a.


Não sei o livro, mas saberei, já que a Carol já comprou pra me dar de presente. Depois que vi a diferença cósmica entre o filme do Percy Jackson e o livro, até acredito que o livro de Jogos Vorazes possa ser melhor. Mas se a história é a mesma do filme, sinceramente, duvido. A própria ideia de que uma sociedade com aquele avanço médico e tecnológico invista tanto numa rinha de crianças é débil. Os artifícios usados nessa arena são surreais, explicados apenas por mágica. E aquele povo todo que manda seus filhos para o Big Brother do Mal já devia ter se revoltado muitas vezes dentro desses 74 anos em que isso acontece. O Oscar tem quase essa idade e teve suas demonstrações de revolta!


As cenas de ação e violência foram amenizadas para não chocar o público e para o filme não receber uma censura.

No final, há uma total falta de mensagem, o que torna o filme ainda mais vazio. Se podemos extrair uma mensagem do filme, com muita dificuldade, esta seria: "Aprenda a jogar o jogo e jogue". Claro que os fãs vão dizer que aquilo é só o começo e tem muito mais nos outros dois livros e nos outros dois filmes. A questão é: o ingresso que eu paguei não vai valer por dois ou três filmes. Só pra um! Tudo o que eu quero é uma boa história. Não foi o que tive. Aguardem a crítica do livro quando eu o ler, lá pelo final do ano! Por enquanto, fiquem com o lado bom de jogos Vorazes: as paródias.






Um comentário:

J. disse...

http://www.interney.net/blogs/lll/2012/05/26/jogos_vorazes_e_um_filme_machista_e_ning/
Eu gostei deste texto sobre o filme.
E o livro não me empolgou não.
Abraço!