quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

NOSTALGIA

por Renato Rodrigues
Em 25 de Maio de 1977 chegava ao mundo o primeiro Guerra nas Estrelas e nós Lobos éramos ainda filhotes remelentos usando conguinha. Apenas Ricky Nobre driblou a censura e, de calças curtas, conseguiu ver na telona. Em 80 veio o segundo filme e em 83 o terceiro fechando a trilogia. 
"A censura de Guerra nas Estrelas era 10 anos e eu tinha 6. Fui ver no cinema, mas numa reapresentação em 1982. Pois é, amiguinhos, antes do videocassete, os cinemas reprisavam filmes!!! (Ricky Nobre via Facebook)"
 Veio então um hiato de 16 anos até que Star Wars voltasse com uma nova aventura nos cinemas e, aí sim, já estávamos no mercado lutando por um lugar ao Sol nas bancas e pudemos fazer a cobertura desta volta (quase) triunfal da saga de George Lucas.


Capa da SS#1 trazendo em destaque a sensação da época na TV, Xena,
 e a manchete "Star Wars - o filme mais aguardado de todos os tempos".
Sabiam de nada esses inocentes!  

Em 19 de maio de 1999 estreava lá fora "A Ameaça Fantasma" e Ricky Nobre foi nossa voz fazendo a matéria para o número #1 da revista "Super Séries". A expectativa para o que viria era grande, tal qual está sendo hoje (Só não tínhamos MEMES e fotinha com sabre de luz em rede social para poder expressar tal euforia). 



Aqui está, então, a matéria interna escrita pelo Ricky e publicada na época
(E mais abaixo o texto original que saiu na revista)


MATÉRIA publicada em Super Séries #1 (1999): 
Star Wars é um fenômeno. Ao contrário de outras imensas e ramificadas séries de cinema e TV (que encontrou extremos na multimídia Star Trek), George Lucas conseguiu com apenas três filmes e a mera promessa de outros seis construir a grande mitologia do século XX e, de quebra, um império de alguns bilhões de dólares. 
Dezesseis anos após o término da trilogia 2, Lucas finalmente nos trás a aguardada trilogia 1, carregando nas costas o imenso desafio de tornar interessante uma história da qual todo mundo já sabe o fim. É claro, não estamos esquecendo os romances e as séries em quadrinhos que compõem a cronologia oficial de Star Wars, mas eles não passam de azeitonas em meio ao banquete do universo de Lucas e da fome dos fãs. O aperitivo veio na forma dos special editions dos filmes anteriores, onde Lucas, munido da mais moderna tecnologia, consertou um monte de coisas de que ele não gostava. O relançamento desses filmes que todo mundo já tinha visto literalmente dezenas de vezes rendeu uma verdadeira fortuna, confirmando a sobrevivência do interesse do público pela série e dando a largada para a nova empreitada de três novos filmes a serem lançados até 2005. Lucas volta à direção, cargo que não exercia desde o primeiro filme da série, mas chegou a dizer que entregaria os demais filmes a outros diretores. Recentemente ele não tem tocado no assunto. 
Mas o que esperar dos novos filmes de Star Wars? Bem, se uma coisa é garantida, é o espetáculo áudio-visual. Nunca um filme foi tão “especialmente enfeitado” como este Episódio I. Segundo Lucas, 95% do filme é digital, pois em quase todas as cenas, mesmo que não exibissem efeitos rebuscados, alguma coisa foi adicionada ou retocada digitalmente. O filme também inaugura o novo sistema de som Dolby Digital Surround EX, que adiciona um canal no teto do cinema. O trabalho de concepção do filme começou muito antes das filmagens, quando, após terminar o roteiro, Lucas dividia seu tempo entre diversos artistas que criavam e desenhavam armas, naves, prédios e criaturas. Doug Chiang, o designer principal da equipe, tinha cerca de 6 novas coisas para criar toda semana e criava 4 ou 5 opções para cada uma, chegando a fazer até 40 desenhos por semana. Ele lembra desta fase: “Era um pouco frustrante, pois eu passava a semana toda desenhando todas aquelas opções e em 15 segundos Lucas escolhia seus preferidos”. Ele diz ter criado literalmente “milhares de coisas” para este filme. A desenhista Terryl Whitlatch, formada em zoologia, criou belíssimos desenhos de estranhos animais imaginários que serviram de base para várias criaturas do filme. 
Com os desenhos prontos o trabalho passou para os escultores, que criaram modelos em argila do que viria a ser reconstruído em computador, enquanto os diretores de arte e decoradores construíam os objetos de cena. Os figurinos são um espetáculo à parte. Lucas determinou que a Rainha aparecesse em cada cena com uma roupa diferente. A equipe de estilistas saiu com uma mistura de Rainha Elizabeth com estilos tradicionais japoneses, numa suntuosidade que saiu até na revista Vanity Fair. A roupa que a rainha usa na Sala do Trono foi toda feita a mão por uma única mulher durante um mês inteiro, trabalhando seis dias por semana, dez horas por dia. As filmagens tiveram seus contratempos, como a tempestade que arrasou os sets de filmagem no deserto da Tunísia – o que Lucas considerou um bom sinal, já que a mesma coisa aconteceu nas filmagens de Guerra nas Estrelas. Dos seis sets apenas um sobreviveu. O cronograma foi rapidamente modificado e as filmagens foram transferidas para lá enquanto os demais eram reconstruídos. 
O som do filme ficou a cargo do lendário Ben Burtt, que cunhou o termo sound designer e estava entre os garotos que tiveram sua primeira chance no primeiro Star Wars, em 1977. Usando os mais inusitados elementos, ele cria sons que realmente parecem de outro planeta, mesmo que o som de Jabba se movendo seja apenas um monte de toalhas molhadas dentro de um saco de lixo e os motores da grande corrida no novo filme sejam um barbeador elétrico dentro de uma forma de bolo. Quanto à história, Lucas nos dá as raízes de seu conto de fadas interplanetário, do Império e seus heróis e vilões. A nova trilogia promete acompanhar passo a passo a transformação de Anakin Skywalker em Darth Vader e detalha como a Aliança de Comércio aliou-se a membros do Senado para dar o golpe que originaria o terrível Império Galáctico. Esta aliança entre os poderios militar e monetário e os maiores representantes do “lado negro da força” cria uma dualidade dentro do Império, totalmente evidente na cena da reunião na Estrela da Morte em Guerra nas Estrelas (“Acho perturbadora sua falta de fé.”). 
Para dar vida a esses novos velhos personagens, Lucas se deu ao luxo de contratar algumas estrelas, coisa com que ele não podia arcar no primeiro filme com seu minúsculo orçamento. Liam Neeson é o mestre Jedi Qui Gon, Ewan McGregor é o jovem Obi Wan Kenobi e a estrelinha em ascensão Natalie Portman é a Rainha. Ian McDiarmid, que nos deu uma extraordinária interpretação como o Imperador em O Retorno de Jedi, volta como o senador Palpatine antes de dar o golpe. Frank Oz novamente interpreta e manipula o mestre Yoda, numa surpreendente decisão de Lucas de manter uma marionete no meio de uma verdadeira avalanche de criaturas em CG (computação gráfica). Além disso, Lucas ainda deu um jeito de colocar os amados e babados andróides C3PO e R2D2 e o asqueroso mafioso Jabba no meio da história. E ainda promete Boba Fett para o próximo filme. Tudo isso saiu a um custo de 120 milhões de dólares, 12 vezes mais que Guerra nas Estrelas, o que um dos melhores amigos de Lucas, Steven Spielberg, considera uma pechincha. “Se fosse eu que fizesse esse filme ele custaria quatro vezes mais”, referindo-se ao fato de que Lucas possui as duas empresas que seriam as maiores responsáveis pelo custo do filme, a Industrial Light and Magic, responsável pelos efeitos especiais, e a Skywalker Sound, responsável pelo som. Mas o que o público achou disso tudo? Apesar de ter decepcionado os analistas de Lucas e da Fox Film, Star Wars – Episode I – The Phantom Menace quebrou o recorde nos primeiros cinco dias de exibição, arrecadando mais de 100 milhões de dólares. 
A esperança dos executivos é a de que o filme bata o recorde mundial de Titanic, que somou 1,2 bilhão de dólares. Na internet se consegue achar opiniões divididas: uns adorando o filme, outros achando um verdadeiro lixo. Entre os defeitos, alguns apontam o excesso de efeitos especiais e o insuportável Jar Jar, personagem que promete ser mais chato que um Ewok. Estas reações, porém, são totalmente previsíveis para quem ficou 27 horas (ou duas semanas) na fila do cinema, como ficaram muitos ansiosos fãs à espera da primeira sessão. O dia da verdade para o público brasileiro é 24 de junho, quando nós poderemos saber se nossos sonhos de criança resistem ao tempo, ao dinheiro e ao circo da mídia. 
(Ricky Nobre)

2 comentários:

Ricky Nobre disse...

Ah, esse fundinho de KPT...! :p

Ricky Nobre disse...

E quanto dente!!