por Eddie Van Feu
Filmado com simplicidade e elegância, A Cisterna toca em uns pontos interessantes, nevrálgicos na nossa sociedade. A personagem principal, interpretada por Fernanda Vasconcelos, é uma jornalista ambiciosa e destemida que não se omite na hora de confrontar crimes, seja a corrupção no sistema de água que tira seu lucro da seca e da escassez, seja acusando um padrasto de pedofilia e fazendo-o perder a guarda da filha. Sua gana e coragem, a princípio admirável, é o que a coloca em perigo. Sua ambição também compromete a criação da filha única e coloca na mesa a questão: mulheres podem ser profissionais de sucesso E serem boas mães? Deveríamos mesmo cobrar isso delas? Por que não cobramos o mesmo dos homens?
Ao mesmo tempo, acompanhamos o ator chileno Cristobal Tápia Montt, um homem melancólico, amargo e infeliz, que vive um conflito interno invisível aos que o rodeiam.
O filme cumpre seu papel de abrir
questionamentos para quem estiver disposto a olhar os detalhes além da trama.
Também não deixa nada a desejar quando o tema é suspense. A trilha de Dudu Maia
é discreta, parece um coração batendo em tensão enquanto nos sentimos presos
dentro de um poço sem saída.
Cristiano Vieira, que também escreveu
além de dirigir, faz um bom trabalho ao mostrar uma coisa com uma mão, enquanto
prepara uma surpresa com a outra, como um bom truque de mágica. É um filme todo
certinho, sem grandes arroubos, mas também sem grandes erros. É uma boa
diversão para quem gosta de uma boa história. Destaque para as ótimas
interpretações da belíssima Fernanda Vasconcelos e do talentoso Cristobal Tápia
Montt que convencem do início ao fim.
A Cisterna foi filmada em Brasília em 2019 e teve seu
lançamento atropelado pela pandemia, como tantos outros. Com estreia para o dia
09 de setembro nas plataformas iTunes, Now, Google
Play, Vivo e Oi.
Nenhum comentário:
Postar um comentário