James Bond tem uma trajetória ímpar na história do cinema. Nem o Carlitos de Charles Chaplin (apesar de ter aparecido em quase uma centena de filmes) atravessou tantos anos sendo produzido. O que começou com um filme de espionagem classe B em 1962, hoje é uma série de blockbusters que movimenta bilhões de dólares em bilheteria e merchandising.
por Ricky Nobre
DOS LIVROS PARA A TELONA
Em 1953 o diplomata, militar e jornalista Ian Fleming lançou, sob as baixas expectativas de seu editor, seu primeiro livro, Cassino Royale, que introduzia o agente secreto britânico James Bond. Com o codinome de 007 (os dois zeros indicando permissão para matar), Bond mostrava pela primeira vez seu mundo idealizado, onde um único homem derrotava exércitos, seja pela força bruta, habilidade ou inteligência. Sangue? Ferimentos? Escoriações generalizadas? Cabelo despenteado? Não, isso não é para Bond. Entre uma luta mortal e outra ele precisa continuar alinhado para poder conquistar todas as mulheres que cruzarem seu caminho. Não que ele precise se esforçar muito. A maioria se atira a seus pés. Ele viaja pelo mundo todo, gasta todo o dinheiro que quer, tem todas as mulheres que deseja e sempre vence seus inimigos. O mais perfeitamente idealizado herói do século pôde provar seu poder ao derrotar o ceticismo do editor inglês Jonathan Cape, que achava que a tiragem inicial sugerida por Fleming era alta demais: 4 mil exemplares. Bond contra-atacou com um golpe certeiro vendendo 10 mil livros naquele ano, dando o pontapé inicial para uma indústria que hoje rende bilhões de dólares.
Fleming, ao contrário do que muitos imaginam, era um sujeito modesto. Tinha plena noção de que produzia uma literatura barata e que muitas vezes suas histórias não faziam o menor sentido. Chegou mesmo a dizer que escrevia seus livros inteiros de uma vez, sem reler nada para não se reconhecer com o autor daquele amontoado de absurdos. Por outro lado, passou anos numa batalha sem descanso para transformar Bond em um herói do cinema, demostrando que tinha confiança no potencial de sua criação junto ao público. Entrou em contato com vários produtores e chegou a desenvolver uma série de TV de Bond, mas nada era concretizado. Então, a CBS comprou os direitos de Cassino Royale para a TV por mil dólares. Virou um especial meio teatral com um único cenário (o cassino) que foi solenemente ignorado pelo público. Pouco depois, Gregory Rattof comprou os direitos do livro para o cinema por parcos 6 mil dólares, mas não o produziu. Mais tarde, em 1958, Fleming travou contato com um jovem diretor chamado Kevin McLory. Ele tinha a proposta de não adaptar nenhum dos livros de Fleming mas sim desenvolver uma aventura totalmente original de Bond para o cinema. Durante esse período, eles desenvolveram a idéia da Spectre, uma organização internacional para substituir os soviéticos, vilões dos livros, e a trama que se tornaria o livro Thunderball.
Em 1953 o diplomata, militar e jornalista Ian Fleming lançou, sob as baixas expectativas de seu editor, seu primeiro livro, Cassino Royale, que introduzia o agente secreto britânico James Bond. Com o codinome de 007 (os dois zeros indicando permissão para matar), Bond mostrava pela primeira vez seu mundo idealizado, onde um único homem derrotava exércitos, seja pela força bruta, habilidade ou inteligência. Sangue? Ferimentos? Escoriações generalizadas? Cabelo despenteado? Não, isso não é para Bond. Entre uma luta mortal e outra ele precisa continuar alinhado para poder conquistar todas as mulheres que cruzarem seu caminho. Não que ele precise se esforçar muito. A maioria se atira a seus pés. Ele viaja pelo mundo todo, gasta todo o dinheiro que quer, tem todas as mulheres que deseja e sempre vence seus inimigos. O mais perfeitamente idealizado herói do século pôde provar seu poder ao derrotar o ceticismo do editor inglês Jonathan Cape, que achava que a tiragem inicial sugerida por Fleming era alta demais: 4 mil exemplares. Bond contra-atacou com um golpe certeiro vendendo 10 mil livros naquele ano, dando o pontapé inicial para uma indústria que hoje rende bilhões de dólares.
Fleming, ao contrário do que muitos imaginam, era um sujeito modesto. Tinha plena noção de que produzia uma literatura barata e que muitas vezes suas histórias não faziam o menor sentido. Chegou mesmo a dizer que escrevia seus livros inteiros de uma vez, sem reler nada para não se reconhecer com o autor daquele amontoado de absurdos. Por outro lado, passou anos numa batalha sem descanso para transformar Bond em um herói do cinema, demostrando que tinha confiança no potencial de sua criação junto ao público. Entrou em contato com vários produtores e chegou a desenvolver uma série de TV de Bond, mas nada era concretizado. Então, a CBS comprou os direitos de Cassino Royale para a TV por mil dólares. Virou um especial meio teatral com um único cenário (o cassino) que foi solenemente ignorado pelo público. Pouco depois, Gregory Rattof comprou os direitos do livro para o cinema por parcos 6 mil dólares, mas não o produziu. Mais tarde, em 1958, Fleming travou contato com um jovem diretor chamado Kevin McLory. Ele tinha a proposta de não adaptar nenhum dos livros de Fleming mas sim desenvolver uma aventura totalmente original de Bond para o cinema. Durante esse período, eles desenvolveram a idéia da Spectre, uma organização internacional para substituir os soviéticos, vilões dos livros, e a trama que se tornaria o livro Thunderball.
Fleming não gostou das idéias inovadoras de McLory e o projeto não deu em nada. Ainda assim, Fleming concluiu o livro Thunderball sem dar crédito algum a McLory, que entrou com um processo. Enquanto todos esperavam que tudo se resolvesse em duas semanas, o processo durou três anos e o tribunal deu ganho de causa a Fleming, garantindo os direitos do romance, mas dando a McLory os direitos de adaptação da história para o cinema.
Enquanto Fleming convalescia no hospital após o ataque cardíaco gerado por todas essas atribulações, ele recebeu a visita do produtor Harry Saltzman, dizendo que possuía os direitos de negociação de seus livros por seis meses e esperava fechar negócio com a United Artists. Após cinco meses não conseguiu resultado algum pois os estúdios não apostavam na idéia de contratar um único ator para tantos filmes. Com poucos dias restantes, Satzman se uniu a contragosto ao produtor Albert Broccoli, que tentou negociar com a Columbia, sem sucesso. Tentaram novamente com a United Artists e encontraram uma nova recepção. Finalmente um contrato foi assinado e Bond estava prestes a se tornar uma série de filmes.
Arte de Graham Kennedy |
Dr. No foi realizado, mas desagradou profundamente os produtores. Um dos executivos chegou a gritar no meio da primeira exibição: “Não vou exibir um filme com um estivador no papel principal”. O estivador era o ex-motorista de caminhão Sean Connery, tentando mais uma vez a sorte no cinema após uma série de pequenas aparições sem expressão. O filme foi exibido em alguns poucos poeiras e todas as esperanças de continuação da série foram descartadas. Para a surpresa de todos, o filme foi recebido de braços abertos pelo público, mas não sem o espanto do diretor Terence Young, que ficou chocado ao ver as pessoas se matando de rir num filme que ele levou totalmente a sério. Mesmo achando uma baboseira, o público amou e pediu mais. Daí, o filme seguinte já custou o dobro do anterior, até que Goldfinger estabeleceu todas as regras básicas da série: um vilão memorável, a maior quantidade possível de mulheres maravilhosas, perseguições, engenhocas mortais e canções de sucesso. E, claro, Connery.
Semana passada, a franquia 007 completou 50 anos. Em 5 de outubro de 1962, o filme 007 Contra o Satânico Dr. No foi lançado nos EUA e para homengear o cinquentenário, o canal oficial da franquia no Youtube publicou um vídeo que relembra os principais momentos de James Bond nas telas.
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