MEU DEUS! ELES ESTÃO JUNTOS! |
Quem foi Jerry? Bem, a biographia dele pode ser pesquisada à vontade pela internet, então falarei de minhas impressões deste ícone do gênero! Este ratinho malandro, que sempre fez o gato Tom de bobo... Hein? Não é esse Jerry? Tem outro? Ah, sim, me desculpem!
Joseph Levitch, o judeu sério e irascivelmente perfeccionista detrás de Jerry Lewis, era o tipo de paciente que um psicanalista diagnosticaria facilmente como tendo dupla personalidade. Ele não fazia questão de esconder seu humor de urso faminto, na verdade o praticava com religiosa assiduidade. Durante os estudos para cada trabalho era de um tecnicismo que fazia qualquer um duvidar que aquele homem chato pra Corinthians, era o mesmo que fazia os colegas se molharem de rir durante as gravações.
Há quem diga que quando juntos Jerry, Dean Martin e Audrey Hepburn, ninguém suportava o trio. Aqui, aliás, há um gancho para corrigir algumas injustiças de aprendizes de fofoqueiros. Jerry tinha um luto íntimo e coletivo, por conta do holocausto, que a Alemanha CONFIRMA OFICIAL E
CATEGORICAMENTE QUE ACONTECEU; ninguém puxa briga com a Alemanha e sai andando em linha reta. Audrey, já contei aqui, fazia parte da resistência à ocupação nazista na Bélgica, levando mensagens em suas sapatilhas. Ela não gostava de pessoas falsas, logo aquele aloprado arrumadinho das telas, tinha sim algum reflexo na vida real, só que o mau humorado típico e verdadeiro nunca dá o braço a torcer, não em público e não a qualquer um; leia-se: imprensa.
A fidalga gostava de pessoas que a fizessem rir, mas não simplesmente gargalhar em um encontro social e depois virar a cara. Se eles se davam minimamente bem, meus caros, então o sacripantas não era tão má pessoa assim, pelo contrário. Se ela às vezes queria torcer seu pescoço? Com absoluta certeza, ela sempre foi assim com quem gostava, de quem não gostava ela preferia manter uma distância fria e civilizada.
Dean não era uma muleta e tampouco um sub-Sinatra. Ele tinha personalidade própria, era um conquistador canastrão com cantadas surradas que, justamente por isso, funcionavam. Ninguém se previne contra o que parece ser inofensivo, por isso tanta gente pega gripe todos os anos. Ele foi o parceiro perfeito e contraparte ideal para os tipos ingênuos e desengonçados de Jerry. Os dois eram as caricaturas perfeitas do americano médio da época e, acreditem, eram o cidadão se reconhecia nos dois. Um era o que o americano acreditava ser, o outro o que no fundo realmente era e não admitia nem para o espelho. Até hoje é assim, e o brasileiro não é tão diferente dele para fazer pilhérias.
Apesar de ter se desligado cedo demais, acredito para mim, dos grandes estúdios, ele continua a ser lucrativo para a Paramount, porque seus trabalhos vendem bem até hoje; e muito mais a partir de hoje, Elvis Presley e Michael Jackson que o digam! Os filmes dele sempre foram sucesso garantido na televisão. Os petizes, quando vêem seus filmes pela primeira vez, estranham e se assustam com o cenário da época, mas no fim se assustam mesmo é percebendo que as pessoas eram felizes sem esse monte de coisinhas cibernéticas de hoje. Ele é quase unânime, só desagradando mesmo à geração "mimimi olhar torto me ofende". Até quem o odeia gostava dele!
Não é todo super astro lendário da era de ouro de Hollywood, que aceita fazer uma participação em um filme brasileiro, convidado por um maluco sem noção que faz o protagonista da trama. Ele fez mil exigências, mas todas elas foram irrisórias diante do resultado, e praticamente inexistentes para quem aproveitou a experiência única de ver a dupla personalidade emergir cada vez que contracenavam. Hassum, seu rabudo!
Quanto às declarações polêmicas, provas de que ele tinha sim dupla personalidade, Lewis as assumiu, se desculpou e não tocou mais no assunto, embora a imprensa especializada até hoje esmiúce cada uma delas em todas as possibilidades inimagináveis, até que parem de dar audiência e patrocínio. O que mais queriam que ele fizesse? Que "desdissesse"? Quando indignado, não tinha jeito, o humorista sem noção emergia e evitava que ele soltasse algo bem mais grave do que o "politicamente incorrecto". Hoje, até dizer que não gosta de indie alternativo acústico folclórico milenar, pode ser ofensivo para alguém. Ele realmente estava coberto de razão, ontem, quando decidiu que não queria mais viver neste mundo insuportável.
Algo que o alter ego mostrava bem, quase que em forma de parábola humorística, é o que hoje muita gente me reclama: se você é bom, então você é só um amigo, para romance as pessoas preferem quem as faz sofrer. É só uma das mazelas da sociedade que ele mostrava de forma escancarada. Podem ver isso em todos os filmes dele, em especial em "O Professor Aloprado", que tem as duas situações em um só personagem. Desculpe, Murph, seu trabalho é óptimo, mas o verdadeiro e legítimo nerd primordial, foi Lewis quem revelou ao mundo e interpretou como ninguém.
A última polêmica é seu filme proibido "O Dia Em Que O Palhaço Chorou" de 1972, onde ele narra a tragédia de um palhaço judeu em um campo de concentração, que era obrigado a alegrar as crianças que esperavam para entrar na câmara de gás. Embora tenha financiado a obra e se divertido muito, fazendo palhaçadas e tirando o director do sério muitas vezes, ele a odiava. A considerou um lixo. Na verdade o que se acredita é que ele fez tão bem o papel, que se odiou por tê-lo feito. A boa notícia é que provavelmente estará nos cinemas até 2022, segundo especulam. Se é bom mesmo, só a estréia com acento agudo dirá, mas é certeza de que quem não gostar, ainda assim vai ver três ou quatro vezes só para apontar detalhe por detalhe e provar que não gostou; mesmo que tenha gostado.
Ah, tá, eu não falei que ele fez parte da minha infância, que era o rei da Sessão da Tarde, que a Globo perdeu a graça depois que parou de exibir seus filmes, que ele era o verdadeiro e legítimo comediante... Talicoisers! Todo mundo já disse isso! E eu não sou todo mundo!
Triste? Sim, estou, mas isso passa. A obra do mestre fica. Uma salva de gargalhadas para JERRY LEWIS!
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