segunda-feira, 19 de outubro de 2015

CRÍTICA DE “A COLINA ESCARLATE”: apenas para maiores de 16 anos e preferencialmente para menores de 18.


por Patrícia Balan

(Para os que não suportam SPOILERS aqui vai uma crítica inofensiva.)

Desde A Era da Inocência eu não via um filme tão absolutamente LINDO! Tudo bem, é um terror gótico. É feito para apavorar. Guillermo del Toro faz isso como ninguém. O cinematógrafo é o mesmo de O Labirinto do Fauno: Guillermo Navarro – é bom guardar esse nome. Ele e Guillermo del Toro juntos são garantia de um espetáculo visual. Para quem já viu O Labirinto do Fauno está claro mais uma vez que esta riqueza de detalhes do cenário, essa beleza estonteante são as maravilhosas “rimas visuais” que os dois Guillermos criam. Em A Colina Escarlate a rima mais constante é o vermelho. Mas o que diz essa poesia que estamos vendo?



A heroína de nosso filme é Edith Cushing, filha do bem-sucedido engenheiro Carter Cushing. Edith perdeu a mãe muito cedo e vive uma vida confortável com seu pai, homem que suou muito para conseguir a dinheirama que tem e que a apoia em suas ambições de ser escritora, mesmo em uma época em que, para a mulher, usar o cérebro era garantia de ficar solteirona – não que as coisas tenham mudado muito, mas isso é outro filme.

E eis que surge o charmosíssimo inglês Thomas Sharpe, belo de doer, um engenheiro e inventor brilhante, mas com uma fortuna estéril: uma casa imensa em ruínas, impossível de manter e uma mina de argila vermelha impossível de extrair. Ele e sua irmã Lucille são a própria visão do melhor que o dinheiro pode oferecer – educação primorosa, talentos artísticos, as melhores roupas, mas nada tangível, nada de dinheiro. A fortuna da família ficou no século XIX e com o peso da aristocracia em suas costas eles não estão conseguindo se arrastar até o século XX.

O filme é basicamente a história de amor entre os dois. Uma história linda, cheia de suspiros com uma heroína sonhadora, bem letrada e um príncipe encantado com uma voz de veludo que imediatamente aceita e entende a forma especial como sua amada vê o mundo. Os dois têm algo em comum: a familiaridade com fantasmas. Eles estão sempre lá para os dois, trazendo de volta o passado que ainda não acertou as contas com eles. O passado de Sharpe o espera na mansão que é tanto sua herança e privilégio quanto seu estorvo e sua responsabilidade. Uma casa tão antiga que já respira, já pulsa e insiste em se apegar a coisas que não deveriam mais habitar seus quartos. O passado de Edith ela carrega consigo: a voz de sua mãe, um dia depois de morrer, apelando para que ela tenha muito cuidado com a Colina Escarlate.

O filme é sexy até dizer chega. O mesmo poderia ser dito sobre Tom Hiddleston se fosse possível dizer chega a qualquer coisa sobre esse homem. Sim, o filme parece mesmo ser direcionado para as meninas, mesmo as com mais idade. Thomas Sharpe é decididamente uma versão mais inteligente e elegante de Christian Grey. Ele dança valsa sem apagar a vela, ele carrega no colo sem amarrotar o vestido, ele mostra o bumbum na cena de sexo sem mostrar as vergonhas da mocinha e ele quebra o coco sem arrebentar a sapucaia! Ele é bom demais para ser verdade! Bom, se fosse mesmo esse filme acabava na metade. Pobre Edith.

Tchau e beijo para vocês.
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(Agora eu quero falar com os que gostam de SPOILERS ou que já viram o filme.)


Desde o curta “Mama” Guillermo del Toro gostou destes fantasmas gasosos, que parecem estar embaixo d’água, em uma dimensão diferente. Eles parecem estar apenas momentaneamente visíveis e de repente, com um golpe da trilha sonora, invadem nossa dimensão e causam o maior estrago. Não tenho nada contra eles. Ao contrário de muitas Hiddlestoners, eu estou lá para ver um filme de terror. Eu quero subir pelas paredes por mais razões que o bumbum do Tom Hiddleston (que não é spoiler nenhum: está lá no trailer vendendo o filme).

Uma casa sobre uma mina de argila vermelha uma ova! Esta família está estruturada, construída, fundamentada em sangue! Thomas e Lucille Sharpe são cúmplices em tudo. O sangue certamente é mais forte do que a água da bênção do casamento entre Thomas e Edith. Então por que Thomas teve que ser o “bonzinho” enquanto a sensualíssima e mandona Lucille fica com toda a maldade da família. No desenrolar do filme os dois parecem estar de acordo em tudo, mas em dado momento Thomas precisa ser o príncipe encantado e não tem culpa de nada, foi sempre teleguiado pela irmã e só tem amor no coração. Tom Hiddleston consegue dar TANTA profundidade a seus vilões. Em Deep Blue Sea (que nem título em português ganhou) ele faz um cretino chamado Freddie que é impossível não amar, odiar e amar de novo. No teatro ele foi Cariolanus, um general com nojo do povo e que tem o teatro todo torcendo por ele. Não vou nem me aprofundar em um personagem chamado Loki porque é chover no molhado. Por que não jogar Thomas Sharpe para o lado vermelho da Força? É o talento de Hiddleston, Guillermo! Aceita e aproveita!

Jessica Chastain está maravilhosa. A dor de dividir seu irmão com o mundo, mesmo que seja por pouco tempo e para garantir a existência dos dois, é visivelmente insuportável. Ela deixa isso claro sem mover um músculo. Foi ela a grande sortuda deste script. Ela pode desfilar com vestidos de megera, dar gritos alucinantes, jogar as mangas esvoaçantes com mãos assassinas para o alto e ser absoluta! Diva! Abalou a Colina Escarlate em chamas!

Mas algo mais me incomodou. Isso pode ser uma imensa chatice da minha parte, mas eu realmente gosto de torcer para os fantasmas. Neste filme eles parecem fazer pouco mais do que assustar. Tudo bem, é a obrigação deles. Mesmo assim eu achei que faltou motivação para assombrar – algo além do óbvio “estou morto, não queria ter morrido, ache meu corpo para que eu descanse em paz”. Eles só lamentam e assustam, não imploram por nada, não dão pista nenhuma. Apenas no final uma assombração que simplesmente fica quieta para que a protagonista consiga se comunicar com ela faz o favor de apontar para o quarto certo. Não adianta dizer que a protagonista não deixava os fantasmas falarem. Ela tentou se comunicar, sim. Vai ver, eles estavam apavorados demais com ela.

Se alguém tiver dúvidas do motivo que levou Edith a se mudar justamente para a Colina Escarlate depois do fantasma apavorante e nada sutil da mãe dela explicar por A + B: “Cuidado com a Colina Escarlate”, é que ela só soube o nome do lugar depois que estava enfurnada na casa. Tudo seria muito mais simples se o fantasma de sua mãe tivesse dito: “Cuidado com o gostosão de olhos azuis!”. Mas, não! Praga de mãe é fogo!

5 comentários:

Nanael Soubaim disse...

Neste caso, fogo no sangue.

Gabriel Maia disse...

O filme já parece bem convicente no trailer, e tendo a referência de "o labirinto do fauno" que eu adorei, fica ainda mais irresistível (mas aí a gente pensa na bunda do Tom e broxa um pouco....).
Tudo bem vai....não vai ser uma bunda que vai me fazer desistir.

Eddie disse...

Eu não entendo os homens! São décadas de filmes mostrando mulheres nuas, seminuas, ou mulheres se relacionando com mulheres. E nós, mulheres, não reclamamos. Mas aí é só mostrar um corpo masculino que eles reclamam... Direitos iguais, galera!

Ricky Nobre disse...

E viva SPARTACUS!!!

Eddie disse...

VIVA SPARTACUS! Mesmo com o Magno reclamando e bufando aqui do lado...