Por Eddie Van Feu
Em meio a um caos financeiro e social, com violência, queda da bolsa e falta de empregos, um terceiro partido surge como salvador da pátria. Esse partido, que não é democrata nem republicano, ganha as eleições e patrocina uma experiência social insólita. Uma determinada área, no caso, State Island, será o palco de uma noite sem lei. Sim, isso mesmo. Uma noite em que tudo é permitido e ninguém será punido. Mais do que isso, as pessoas são incentivadas a ficar na ilha por uma recompensa em dinheiro. E se resolverem fazer algo mais, a recompensa aumenta.
A explicação é que se as pessoas derem vazão à sua fúria, a violência explodiria em uma noite, mas ficaria sob controle no restante do ano. Para mim, não faz sentido. E para a maioria dos personagens do filme também não. Dimitri, traficante bonitão da área, acha tudo muito esquisito. Sua ex-namorada é uma das militantes que protesta contra essa experiência bizarra, junto a centenas de outras pessoas.
Quando a experiência começa, a tensão cresce. As pessoas ficarão malucas e sairão se matando por aí? E quem não tem esse “desejo de matar”, faz o quê?
Há uma intenção política por trás disso tudo, claro, mas isso não é tão importante quanto sobreviver a uma noite em que todo tipo de crime pode acontecer. Eu confesso que meu tipo de filme é terror de assombração e sobrenatural e raramente filmes com humanos psicopatas me assustam. Esse é uma exceção. A sensação de se estar vulnerável em uma cidade onde pessoas armadas, malucas e furiosas estão à solta é assustadoramente conhecida. É só se imaginar pegando uma rua errada nas noites do Rio de Janeiro pós-Cabral.
Em um momento em que vivemos uma polarização tão radical na política, às portas de uma conturbada eleição onde um dos principais temas é o armamento (ou não) da população e o poder exacerbado do Estado sobre o cidadão, A Primeira Noite de Crime inspira discussões muito interessantes. Cidadãos armados tocariam o terror se não houvesse nenhum tipo de punição? E se não houvesse armas, haveria algum tipo de defesa para as pessoas de bem?
É um filme de suspense e de ação, então também não espere profundas reflexões filosóficas sobre relações humanas ou políticas. Mas algumas coisas estão no cardápio, como personagens interessantes e assustadores (se você não se assustar com o Esqueleto, você está morto por dentro), atores carismáticos e uma fotografia estilosa que rende cenas muito bonitas, apesar de medonhas.
Se você quiser ver os outros filmes da série, segue a ordem:
Uma Noite de Crime (2013)
The Purge: Anarchy (2014)
The Purge: Election Year (12 Horas Para Sobreviver - O Ano da Eleição/Uma Noite de Crime 3) – 2016
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