sábado, 28 de abril de 2018

VINGADORES: GUERRA INFINITA – O começo do fim.

Por Ricky Nobre


Não é lógico nem justo analisar Guerra Infinita como qualquer outro filme. Não existe precedente na história do cinema para o projeto que começou a ser desenvolvido pela Marvel com o Homem de Ferro e que agora está completando 10 anos e 19 filmes. Guerra Infinita não é (ou não deveria) ser o ápice desta jornada, que ainda tem 3 filmes pela frente antes da total reformulação já anunciada. Com Homem Formiga e Vespa estreando em três meses e Capitã Marvel em um ano, tudo terá um fim de fato em Vingadores 4, em maio de 2019. O que se vê no filme que estreia agora nada mais é do que uma colossal apoteose de todas as sementes plantadas em cada filme do estúdio até agora. Dizer que o filme é “um sonho nerd” é subestimá-lo, pois ele ultrapassa em muito as mais otimistas expectativas do fãs do gênero. 

 

A trama todos já sabem a esta altura. Thanos está em busca das Joias do Infinito (que começaram a aparecer em Capitão América) e os heróis deste e de outros mundos precisam se juntar para detê-lo. É simples assim. O que torna Guerra Infinita inesperado e único é um amálgama sem precedentes de fanservice, quebra de expectativas e ousadia, algo que chamou a atenção recentemente em O Último Jedi, mas que agora parece pífio em comparação (sem faltar o respeito com o Episódio VIII, um filme bastante subestimado, apesar de seus problemas). Isso tudo é possível graças à maestria da direção dos Irmãos Russo e do roteiro de Christopher Markus e Stephen McFeely. O filme mostra tudo o que você quer ver, com direito a aparição surpresa de personagem inesperado e interações que todos esperavam, como a épica batalha dos egos de Tony Stark e Dr. Strange. O roteiro, porém, surpreende o espectador constantemente e com dez minutos de filme ele já deixa claro que nada nem ninguém está seguro e que qualquer coisa pode acontecer. 

 

Os Russo já haviam avisado que este seria o filme do Thanos, e eles não estavam exagerando. Isso funciona graças a um perfeito casamento entre um roteiro inspiradíssimo, direção inteligente e uma brilhante interpretação de Josh Brolin. Thanos é plácido. Não se abala, não tem arroubos de vilania. Ele sabe exatamente o que quer, o que está fazendo e que sua meta é imperativa para o bem estar do Universo. Seu maior arroubo emocional é quase singelo, ainda que profundamente sombrio. Tamanha calma e segurança de Thanos o torna um dos vilões mais verdadeiramente assustadores das últimas décadas e uma referência para muitas outras que virão. Thanos é perfeito. 

 

Guerra Infinita é ousado em muitos níveis, mas nada pode ser discutido sem entregar suas incontáveis surpresas. Ele vai do mais inesperado e inédito (como sua apavorante conclusão) até algo clássico e praticamente esquecido, como a simples tradição de ver super-heróis fazendo coisas de super-heróis, enquanto ouvimos música de super-heróis! (aliás, obrigado Alan Silvestri!). A maestria dos Russo atinge todos os níveis, inclusive dando uma aula ao inepto do Taika Watiti ao usar uma tonelada de humor, dosando, balanceando com magnífica perfeição com os mais simples ou profundos momentos de drama. Um determinado diálogo entre Thor e Rocket é uma avalanche de piadas que, ao fim, termina com lágrimas e, surpreendentemente, funciona! Por esse e outros incontáveis momentos, percebe-se que a característica chave da direção dos Russo, além do imenso talento, é a maturidade. Depois do abominável Ragnarok, é um indescritível alívio ver o comando novamente nas mãos de adultos, dando sequência ao que foi feito no recente e sensacional Pantera Negra

 

Se você conseguir escapar de spoilers, saiba que absolutamente nada será capaz de prepará-lo para Vingadores: Guerra Infinita. Se ele tem, não um defeito, mas uma ressalva, é que provavelmente ele terá um fragmento do impacto (e do sentido) se visto por alguém que não acompanhou nenhum filme do estúdio até agora, pois, repetindo o que foi dito no início, não é um filme comum, mas um dos últimos capítulos de uma épica série de aventuras. Depois de 38 anos, O Império Contra Ataca finalmente possui um sucessor: um filme de ação perfeito, com surpresas de arrepiar os cabelos, profundamente emocional e dramático, uma verdadeira montanha russa de gargalhadas e lágrimas. Guerra Infinita é o filme de super-heróis impossível, inconcebível, que jamais poderia ser feito. Mas o tempo... O tempo faz coisas extraordinárias.

 

COTAÇÃO: 

VINGADORES: GUERRA INFINITA (Avengers: Infinity War, 2018)
Com: Robert Downey Jr., Chris Hemsworth, Mark Ruffalo, Chris Evans, Scarlett Johansson, Benedict Cumberbatch, Don Cheadle, Tom Holland, Chadwick Boseman, Paul Bettany, Elizabeth Olsen, Anthony Mackie, Sebastian Stan, Danai Gurira, Letitia Wright, Dave Bautista, Zoe Saldana, Josh Brolin e Chris Pratt.
Direção: Anthony Russo e Joe Russo
Roteiro: Christopher Markus e Stephen McFeely
Fotografia: Trent Opaloch                         
Montagem: Jeffrey Ford e Matthew Schmidt
Música: Alan Silvestri

 

Um comentário:

Carlos Shokozug disse...

E como vc disse, ainda não é o fim.