quarta-feira, 17 de abril de 2019

A MALDIÇÃO DA CHORONA - MAIS PARA ANABELLE QUE INVOCAÇÃO DO MAL

Por Eddie Van Feu

Com produção de James Wan, a gente já se anima. Com visual bonito, fotografia belíssima e sequências interessantes, como a cena de Sam com o guarda-chuva e o vento misterioso, La Chorona entrega o que se espera de um filme de terror: alguns bons sustos e uma entidade assustadora. Mas deixa outros pontos a desejar. 


La Chorona se apoia no mito da Mulher de Branco, presente em todas as culturas, e que faz qualquer pessoa normal sentir calafrios. Presente até hoje no imaginário mexicano, a Chorona (ou a Mulher que Chora, ou a Mulher de Branco ou ainda a Bela da Meia-Noite) é o fantasma de uma bela mulher que matou os próprios filhos para se vingar do marido, ou, em algumas versões, do homem que amava mas que não quis casar com ela. Ao se dar conta do que fez, ela se arrepende e termina com a própria vida. 

O filme traz uma agradável surpresa ao localizar a história no mesmo universo da série A Invocação do Mal, e considero um ponto positivo fugir um pouco da já conhecida solução do exorcismo cristão. Um ex-padre é um xamã que socorre a família amaldiçoada pela entidade. 


O filme podia ser muito melhor se tivessem tido um pouco mais de atenção com o roteiro. Repetindo os erros de Anabelle, as personagens não se comportavam como pessoas normais, mas como reles instrumentos para o roteirista fazer o que queria sem ter muito trabalho. Crianças viam coisas estranhas, mas não falavam nada, nem uma com a outra. Sem motivo aparente, omitiam informações preciosas, mesmo quando a própria mãe podia ser presa. A mãe, por sua vez, era muito distraída para não notar que os filhos estavam esquisitos. A Chorona foi camarada o bastante para deixar uma marca física em cada um deles, o que era uma prova do que tinham visto, mas ainda assim ninguém falava nada. E, enquanto todo mundo está berrando na porta dos fundos brigando com uma fantasma enfurecida, nenhuma criança normal faria a única coisa que deixaria a criatura entrar. 

A melhor coisa do filme foi o curandeiro, que conseguiu dar um toque de humor e saídas criativas para situações apavorantes. Mesmo a Chorona não ficou muito bem construída. Patrícia (Patrícia Velasques, a Ananksunamun de A Múmia), foi outra personagem que só existia para fazer o que o imbecil do roteirista lhe dizia e por isso suas ações não faziam o menor sentido. 



Se você ignorar essa inconsistência dos personagens e um excesso de poder do fantasma, pode se divertir com bons sustos, um visual bonito e uma trilha sonora bacana. O colega jornalista do Poltrona Vip que estava ao meu lado notou um Easter Egg que teria passado batido por mim. Quando a mãe chega em casa, as crianças estão assistindo o desenho de Scooby Doo. A atriz interpretou Welma na versão cinematográfica do desenho. 









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