ATENÇÃO: OS TEXTOS DESTA SÉRIE SOBRE STAR WARS CONTÉM SPOILERS!!!
Começamos aqui nossa maratona preparatória para o último filme da saga dos Skywalker. Dizem que existem dois tipos de pessoas: os I, II, III, IV, V, VI e os IV, V, VI, I, II e III. Coloco-me sem arrependimentos entre os primeiros. É claro, existem os que ignoram a trilogia prequel e ainda os que evitam apenas o Episódio I. Existe ainda a "ordem machete", que é IV, V, I, II, III e VI. Atualmente, além dos episódios VII e VIII, temos ainda Solo e Rogue One e já existe quem escolha ordens alternativas além da cronológica para estes também. Mas meu TOC me impede de embarcar nesse bundalelê desregrado. E eu nem iria querer. O Episódio I é um filme odiado, talvez exageradamente. Apesar de ser inquestionavelmente o pior filme da saga, A Ameaça Fantasma (1999) tem suas qualidades redentoras. Poucas, mas tem.
Por
algum motivo bizarro, desaprenderam a fazer o Yoda marionete, talvez na
tentativa de rejuvenescê-lo (mas afinal, o que são 40 anos pra quem tem
900??). Como resultado, foi substituído por uma versão digital no
lançamento do bluray.
A começar por Palpatine. Tudo referente a ele, desde sua figura até o plano de mestre de tomada de poder que já começa nesse filme, é perfeito. Darth Maul é uma figura sensacional na forma como é encarnada por Ray Park, mas é muito mal explorado, merecia sobreviver para outro filme (o que, de fato, aconteceu na série animada Clone Wars, com desdobramentos em Rebels). A corrida de pods é, sem dúvida, a melhor sequência do filme, impecavelmente realizada. Infelizmente, a esse ponto, estamos apenas na metade da exibição. Padme, com seus figurinos épicos, aparece como uma figura de fibra, corajosa e resoluta, e que não perde em credibilidade por ser vitima das manipulações de Palpatine (apesar da ideia absurda de uma "rainha adolescente que foi eleita"). O Obi-Wan de Ewan McGregor já começa muito bem e parece bem mais esperto que seu mestre no que se refere a Anakin (o próprio Qin Gon chega a admitir isso). E não é culpa do jovem Jake Loyd que seu Vader infante seja tão aquém do esperado. Um ator mirim inexperiente jamais conseguiria dar densidade aos inacreditáveis diálogos que Lucas escrevia e achava tão legais. Como são também um pouco injustas as criticas que hoje se fazem às lutas com sabres de luz. Quem viu em 1999 sabe o enorme passo adiante que foram em relação à trilogia original. Há até quem considere a melhor luta de toda a saga. Todo o design do filme é sensacional e John Williams cria em Duel of Fates um dos temas musicais mais marcantes da saga.
A rainha em seu traje número 843.
Vendo 20 anos depois, as qualidades que empolgaram em seu lançamento empalidecem diante de aspectos intragáveis como midichlorians, Jar Jar (tudo, tudo relacionado a ele e, acima de tudo, as inacreditáveis piadas com excrementos e flatulência, se bem que o racismo, mais evidente para o público americano, não fica atrás), a falta de uma sombra em Anakin que fosse discernível ao público e que transmitisse algum desconforto real, e o "talento" geral de Lucas para diálogos. Sua direção carece de peso e maturidade (o que já era evidente no Episódio IV, mas que ali não era um problema). Enquanto produtor, função que ele exerceu com exclusividade por 20 anos, Lucas escolheu apostar majoritariamente no público infantil neste Episódio I, levando ao extremo o que já havia lhe gerado criticas no Episódio VI. A montagem por vezes adquire contornos surpreendentemente amadores, com cortes frouxos e uma falta de dinâmica nos diálogos que chega a parecer deliberada. Não é a toa que a febre dos fanedits (remontagens de filmes feitas por fãs com a intenção de amenizar ou resolver seus problemas) se iniciou justamente quando fãs resolveram remontar Ameaça Fantasma batizando-a de The Phantom Edit, conquistando reconhecimento da imprensa e até do próprio Lucas.
Temos, portanto, um péssimo cartão de visitas para aqueles que estariam tendo seu primeiro contato com Star Wars (a menos que você tenha 6 anos). Mirando tão pesadamente no público infantil, é compreensível que os adultos hoje que preferem esta trilogia prequel à original são justamente os que cresceram com ela, tendo um relação emocional bem maior com os episódios I a III. Ainda que alguns defendam que é possível começar a assistir a saga a partir do episódio II, alegando que este primeiro não acrescenta nada de relevante, acredito que apenas a presença de Darth Maul e o acompanhar o início do plano de dominação de Palpatine já são motivos suficientes para não tirar Ameaça Fantasma de sua lista.
Lucas resolveu lançar em 2011 uma versão 3D do filme nos cinemas. Um fracasso retumbante!
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