terça-feira, 26 de janeiro de 2016

ARQUIVO X - A Volta dos que não foram


por Antero Leivas
Não, não estou sacaneando esta que é uma das cinco melhores séries de TV de todos os tempos, não. Me pego apenas afiançando uma realidade inconteste. Quem viu os dois primeiros episódios de uma série de seis, trazendo o retorno dos agentes, Fox Mulder e Dana Scully e que tenha lhes acompanhado desde 1993, deve ter tido a mesma sensação que eu: parece que eles sempre estiveram lá. O que de certa maneira é verdade, mesmo que nosso último encontro tenha sido no longa-metragem para o cinema Eu quero acreditar de 2008. Ou seja, não foram 13, mas 8 anos que nos afastaram daquele porão obscuro no prédio do FBI. Ou na pior das hipóteses, do trio Scully-Mulder-Skinner.

Esta me parece, e eu quero crer que seja, uma tentativa apoteótica (e inédita na TV) de trazer de volta ao sucesso um dos maiores seriados de todos os tempos. O mesmo foi feito com Star Trek no cinema e coberto de êxito, diga-se de passagem. Refiro-me ao elenco ORIGINAL e não ao atual remake na telona ou desmembramentos na telinha. Já X-Files sempre pensei que o lugar deles é na TV.

O roteirista, surfista, produtor e diretor de cinema e TV, Chris Carter ao lado de seus mais vigorosos asseclas, manteve-se extremamente fiel à história e o que é melhor: o tempo TAMBÉM passou para os personagens. Mulder ainda posa de enfant terrible do FBI e Scully não é mais aquela descrente deprimida, todavia Fox adquiriu uma acidez, além de sua melancolia habitual e Dana, sorri razoavelmente e até se dá ao luxo de acreditar. Só o diretor assistente Walter Skinner não mudou NADA. Nem na aparência, nem no cargo. Só adquiriu um cavanhaque, que lhe confere um ar ainda mais misterioso. 

Sim, o vilão mor, o Lex Luthor deles, também está de volta: o Canceroso. Como? Ainda não sabemos direito e o que eu suspeito, guardarei pra mim. 



Ok, Eles estão meio "velhinhos", o premiadaço David Duchovny está com 54 e a laureada Gillian Anderson com 47 anos. Ela, particularmente, emagreceu bastante e o cabelo foi "atualizado" e ele exibe uma ruga ou outra e até uma barriguinha, contudo soa-nos até algo como a trajetória de Rocky Balboa: vemos o tempo passar tanto pra eles quanto pra nós, aproximando-nos ainda mais.

Apesar do engano de datas, o canal a cabo Fox apresentou uma Maratona aceitável, ainda que com algumas falhas, baseando-se no gosto do autor. 22 episódios oscilando entre bons e geniais. Eu faria só de geniais, afinal todo mundo sabe que eu entendo mais de Arquivo X do que o Chris Carter, certo? Certo? Alguém há de confirmar.



Após quase 26 horas da tal Maratona (e tem gente que fica vendo escola de samba...), seguem-se os tais episódios do que está sendo chamado de "minissérie", entretanto discordo. Minissérie, se fossem seis capítulos continuados. Não são. Pelo que entendi, abre com um episódio da Mitologia, seguem-se quatro "monstros da semana" e fecha com mais um da Mitologia. O primeiro episódio, confesso, tem um gosto um tanto requentado, porém o segundo salva a pátria, com direito até ao Monolito. É, aquele do Kubrick mesmo. Diz a crítica estadunidense que vai melhorando a partir do terceiro até culminar de maneira magistral. Por mim, ficando assim já tá ótimo. E a nova geração que se lasque.



Carter foi esperto. Rezou na cartilha de Walking Dead: meia dúzia de episódios para o (re)começo. Assim deixa um gosto de "Quero mais" até no Duchovny que já se mostrou disposto a avançar, afinal, segundos suas próprias palavras: "Não faz sentido voltar e parar". Concordamos, óbvio. Não o velho costume de 24 episódios, realidade cada vez mais esquecida e ultrapassada pelo próprio gênero, mas quiçá mais uma temporada ou duas ou três de uns 10, 12 ou 13 episódios...

E voltando aos primeiros capítulos novos... Calma, aparentemente não figurariam, nenhum dos dois, numa seleção de essenciais, porém se encaixam à perfeição com o resto da série. Agora, foi ou não foi ótimo eles voltarem, sem nunca ter ido? Hein? Hein?

Arquivo X concorre ao Oscar de... Ah não, não tem nada a ver...

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