segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

O NOME DELA É JESSICA


Por Renato Rodrigues 

Eu queria gravar um Vlog Alcateia com a galera sobre essa série, mas cadê tempo? Então vamos de crítica escrita mesmo. A Marvel pode estar bobeando em não ter feito até hoje um filme solo da Viúva Negra... E nem o de nenhuma heroína, o que até se explica, pois a Marvel não tem nenhuma “Mulher Maravilha” em seu panteão. Quase todas a personagens femininas são parte de um grupo (como Jean Grey e Mulher Invisível) ou coadjuvante de outro herói (como Mulher Hulk, Elektra, Mulher Aranha, etc) . Por outro lado, na TV, ela tem investido com muito mais coragem na mulherada.

A primeira temporada de “Agente Carter” foi muito bem produzida com todo o climão anos 40 e o sentido de continuidade que tanto me agrada dentro do universo Marvel. Por ele ficamos sabendo o que aconteceu após o desaparecimento do Capitão América e provavelmente veremos as origens da SHIELD (se a série continuar, ela já está agora na sua segunda temporada). A personagem Peggy Carter (Hayley Atwell) mostra que pode se virar muito bem sozinha num mundo pós-guerra onde todos esperavam que ela só arrumasse um marido e sossegasse o facho criando seus filhos.

Sendo assim, após uma bem sucedida temporada do Demolidor, a santa Netflix investiu na desconhecida Jessica Jones, uma heroína incomum que se recusa a pagar mico vestindo capa e a saltar de telhados para salvar os fracos e oprimidos. Vou falar só da série pois não cheguei a acompanhar os quadrinhos. A trama gira em torno da detetive particular que dá nome à série e que possui secretamente poderes de superforça e resistência (à bebidas e noites sem dormir, principalmente). Os Vingadores já são de conhecimento público após a “batalha em Nova York” e as pessoas com habilidades incomuns começam a não ser mais tão incomuns assim, sendo chamados de “dotados” dentro da série. 

Foram 13 episódios onde ela tenta pegar Kilgrave (David Tennan), o homem com poderes de manipulação capazes de fazer você enfiar um lápis no olho ou votar no Bolsonaro. Ela já esteve em seu poder no passado e isso dá um ar meio “Lei & Ordem - UVE” à história, dando uma densidade nunca explorada antes em séries baseadas em quadrinhos. Tudo é quase uma metáfora aos relacionamentos abusivos e aos traumas que podem destruir as vidas das pessoas após isso. 

Jessica é uma personagem humana, mal humorada e ranzinza, mas capaz de arriscar a vida para salvar terceiros quando necessário. É uma heroína, mas nunca admitiria isso. Em certo ponto a gente quase esquece que está no Universo Marvel, onde ricaços voam de armadura e semideuses lutam atirando martelos mágicos, o que é legal! Afinal o mundo não gira em torno das “maravilhas” e as pessoas comuns têm seus problemas também.




Apesar do carisma de Jessica, a trama pareceu pequena para tantos episódios. Kilgrave tem aquele fator “inimigo invencível” que com o passar dos episódios parece meio apelão demais. Ao contrário do Demolidor, as histórias paralelas não foram tão interessantes e nem sempre desembocam na saga principal, parecendo estar ali somente para completar os 13 episódios. Fico imaginado se mostrassem mais casos paralelos dela como detetive (ela é boa nisso, mesmo sem poderes) e deixassem a caça ao Kilgrave mais como pano de fundo pra resolver no fim, se a série não teria sido mais ágil. 

A presença da enfermeira Claire Temple (Rosario Dawson) ajudando Jessica me deu o clique do que faltou: Se tivessem investido mais em crossovers do que em novelinha, a série ganhava mais (Na opinião deste humilde fã de quadrinhos que também é noveleiro eventual). 

Fora esse elemento “estiiiica pra caber”, é uma série muito boa, um grande passo para termos mais séries ou filmes com super-heroínas e o ALCATEIA.COM recomenda. A loba Eddie Van Feu já declarou que “Acabou Jessica” e não deve retornar à segunda temporada. Eu verei ainda, firme e forte! E estarei treinando meus fracos poderes de resistência a birita enquanto isso.

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