por Antero Leivas
Pode-se dizer que Sylvester Stallone inaugurou um novo
gênero de filme com Rocky, Um Lutador
há 40 anos: o filme por afeição. Ao que me consta o boxer Rocky Balboa é o
único personagem com uma extensa história de vida no cinema. Começamos
conhecendo-o na infância, nos reencontramos na adolescência, seguimos
amadurecendo, de tempos em tempos acompanhando toda sua empolgante carreira,
ficamos adultos... E de repente dá-se um longo período sem nada sabermos. Mais
ou menos como aquele velho amigo que um dia, sem aviso, some de circulação. Que
será que foi feito dele? Isto é, sabemos que casou, teve um filho, se
aposentou... E depois? Terá morrido? Se separado? Saiu do país? E passado um
período, nos reencontramos. Sua esposa faleceu, o filho é um adulto e ele
entrou para o comércio, é dono de um restaurante meio temático.
Há contentamento, melancolia e despedida, desta feita tendo
a certeza de que não nos veremos mais, todavia satisfeitos. Ora, ele chegou ao
ápice e finalmente relaxou, missão cumprida... Mas não...
Quando menos esperamos dá-se um segundo (e mais dramático)
reencontro. Aquele nosso amigo está decadente, cansado, envelhecido e o filho
foi morar longe...
Heróis não deveriam envelhecer, mas como fazer? O Rocky é um
cara do povo, um sujeito gente fina, simpaticão, amigo da galera. No fundo tem
um Q de felicidade revê-lo. Mas ele está doente...
O esportista criado pelo ator Sylvester Gardenzio Stallone
fez uma bela carreira no cinema, porém com resultados diferenciados.
Rocky um Lutador
dirigido por John G. Avildsen é a obra máxima, receita de superação e fé que os
melhores livros de autoajuda jamais conseguiram realizar.
Rocky II, A Revanche
- é o melhor "mais do mesmo" da história da sétima arte.
Rocky III, O Desafio
Supremo - consolidou o mito
Rocky IV - foi a
fábula de um personagem panfletário enfrentando um "monstro de outro
planeta"
Rocky V -
Curiosamente a volta do diretor original não ajudou muito. Esta é a continuação
mais fraca de toda a série.
Rocky Balboa - O
fim da saga. Um fim melancólico, porém digno.
Creed, Nascido para
Lutar é o começo de uma nova era. A saga de Adonis Johnson/Creed, filho
bastardo de Apolo Creed, o grande amigo (e rival) de Rocky Balboa.
Recomeço triunfal de uma trama sobre boxe completamente nova
e ao mesmo tempo nostálgica. É original, desde a fotografia às bandas sonoras,
mas os primeiros acordes de Gonna Fly Now, de Bill Conti, a
trilha mais motivacional de todos os tempos, se fazem ouvir; a escadaria também
está presente e até os ovos sendo quebrados... Rocky está lá, é lógico. Tanto
física quanto filosoficamente. Um personagem que envelheceu melhor que o
próprio ator. O cineasta Ryan Coogler, de Fruitvale Station, repagina a
epopeia do herói lutador e faz de cada uma das lutas no ringue, um espetáculo
inédito e empolgante. O roteiro é dele e do Sly (Extraoficialmente. Ou você crê
nessa de que o velho Stallone só deu um pitaco ou outro no script?) e dá a
Coogler, aval suficiente para que ele cuide do filme Marvel do Pantera Negra, em 2018.
Acredito estarmos diante de mais uma trilogia. Provavelmente
a última. Última com a presença Real (de realeza mesmo) do boxeador da rua Tusculum,
1818 localizada num humilde bairro da Filadélfia.
Crescemos com ele, nada mais natural derramarmos uma ou
outra lágrima, afinal envelhecemos, contudo... Heróis não deveriam envelhecer,
muito menos morrer...
Ah sim, Stallone leva o Oscar de Ator Coadjuvante!
INDICAÇÃO AO OSCAR:
Ator coadjuvante: Sylvester Stallone
Um comentário:
E eu, como fã desde garoto do personagem e do ator tenho de dizer; ficou genial.
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