quinta-feira, 1 de junho de 2017

MULHER MARAVILHA: UMA HEROÍNA ABSOLUTAMENTE NECESSÁRIA

Por Eddie Van Feu

Toda geração tem heróis onde se espelhar. Imagine a surpresa e a alegria de ver que a heroína que inspirou a minha geração também inspira crianças de todas as idades até hoje!


Havia um vazio de heroínas nas telas há muito tempo. Mas esse vazio não existia no coração das meninas de todas as idades (e, por que não, de muitos meninos também). A Mulher Maravilha foi eternizada por Lynda Carter em uma série dos anos 70. A série era bobinha e eu não lembro particularmente de absolutamente nenhuma cena, mas a personagem se tornou tão importante para mim a ponto de se tornar uma meta. Eu queria ser a Mulher Maravilha! Incorporei seus valores, copiei sua classe e nunca houve cantada que me fizesse mais feliz do que “Olha, a Mulher Maravilha passando!”.


Quando a DC anunciou que finalmente faria um filme de um de seus personagens mais marcantes, mesmo sem nenhuma série ou filme depois de Lynda Carter, todos vibramos! E trememos! A DC não tem feito grande coisa com os grandes personagens que têm. O que será que faria com a princesa amazona? Será que ela seria uma Xena mais soturna, sem nenhum humor e verdadeira Kick Ass sem diálogos interessantes? Mas o otimismo imperou! Afinal, a pequena participação da personagem no tenebroso Batman Vs Superman se tornou a única coisa unânime. Todos concordaram que foi a melhor coisa do filme. Então, lá vamos nós para o cinema!


E que surpresa!!! Que surpresa boa! Pela primeira vez, temos não só um ótimo filme da Mulher Maravilha, mas também um ótimo filme da DC! A Folha chegou a dizer (e eu ri, claro) que o filme é tão bom que parece da Marvel. O amigo lobo Ricky Nobre já fez seu parecer técnico sobre a obra (leia a crítica aqui), então gostaria de falar de outras coisas.


Gal Gadot deu uma simpatia à personagem que a tornou adorável. Mas ela deu sorte! Pegou uma personagem sólida cujo conteúdo foi respeitado pelo roteiro. Temos uma heroína forte, mas sensível. Que busca a justiça de um modo lúdico, que vê o mundo de um jeito simplista, que é inocente sem ser estúpida e é valente sem ser um cliché. É a menina-mulher-mãe que existe em todas as mulheres, sem deixar de ser a mulher-amiga-namorada que todos os homens gostariam de ter ao seu lado. E, apesar de sua mãe lhe dizer que o mundo não a merece, é escolha dela se vai dar seu melhor ao mundo mesmo assim.


O filme tem algumas pequenas falhas, sendo a maior delas o vilão e sua motivação meio dúbia com um plano que não faz sentido. Mas tem taaaanta coisa legal que as falhas são perdoadas facilmente. Chris Pine é um excelente Steve Trevor e sua química com Gal Gadot é perfeita. O pequeno grupo de desajustados que acompanha a heroína tem personalidade e é humanizado, assim como as situações dramáticas e tristes que uma guerra, pano de fundo da história, traz. As amazonas são mulheres maduras que nos enchem de orgulho e mandam uma mensagem para as espectadoras de que elas podem envelhecer e continuarem maravilhosas.


Há muitas mensagens positivas e inspiradoras no filme, mas eu me emocionei demais com uma em especial. Quando ela chega ao mundo dos homens, precisa de encaixar de alguma maneira em um cenário onde ela seria um mero acessório sem voz, sem opinião e sem capacidade. E por mais que ela se mescle, ela não se encaixa. Ela diz a que veio, e toma suas decisões. 


E assim que Steve Trevor vê suas ações, passa a confiar nela! E sua equipe a apoia. Ela fez por onde conquistar a confiança deles. Diferente de Superman, que chega com uma proposta forçada pelo roteiro com “atraí assassinos siderais para seu planeta e destruí Metropolis, mas vocês me amam assim mesmo porque sou seu salvador”,  a Mulher Maravilha precisa provar porque deveriam confiar nela e faz por onde merecer a gratidão que recebe em troca.


E ela faz tudo isso sem deixar de ser ela, mesmo magoada, mesmo com medo, mesmo confusa ou decepcionada. Nesse momento, todo mundo precisa de uma heroína assim. Precisamos de seus braceletes para nos defender das balas que minam nossa autoestima, de suas botas para trilhar o difícil caminho profissional, de seu diadema para nos lembrar que temos uma cabeça pensante, de seu laço para nos atermos a verdade e vencermos as ilusões. 


Como ela, precisamos compreender que não há luz sem escuridão. E não estou falando apenas de mulheres, embora sei que ela fale mais para nós. Estou falando de todos que acreditam que podem tornar o mundo melhor, porque com todos os seus defeitos, ainda há muita coisa boa pela qual vale a pena viver e lutar. Não é sobre verdade, justiça, honra ou glória. A motivação para essa luta é a energia mais elevada do universo e, por isso mesmo, a mais difícil de se exercer e que já foi tão banalizada que muitos não querem mais ouvir. Pois é. O que motiva o coração de uma heroína dessa estirpe é o mesmo que pode salvar o mundo inteiro: o amor.




2 comentários:

Gabriel Maia disse...

Quando vi que Gal havia sido escolhida eu não gostei, mas dei o braço a torcer, ela fez um show como a amazona.
A mulher-Maravilha pra mim sempre foi a melhor dos lutadores da DC.

Nanael Soubaim disse...

O mundo lá fora não merece você, Diana.
Talvez não mereça, mas precisa de mim.