terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

DEADPOOL - O Filme Mais Sério Da Marvel



Por Antero Leivas, 
o Deadpool do Engenho de Dentro



Triboulet, o mais célebre dos Bobos de todas as cortes do Império Bizantino suportou bárbaras torturas e sofrimentos, até ser assimilado ao reinado do nobre francês Luis XII, que se ria da maneira com que este narrava suas agruras. Ao Bobo, cabe como se sabe, falar mal de reis e rainhas sem incorrer em riscos ou perigos. Apesar de suas deformidades é tão considerado na corte que talvez seja o cargo mais importante após os monarcas.


O maior dos bobos da editora Marvel foi criado por Rob Liefeld e Fabian Nicieza em 1991. Deadpool, um mercenário insano, falastrão, a comprometer a seriedade de quaisquer missões impossíveis pelo mundo afora. Sua origem nos quadrinhos não vem ao caso, só podemos adiantar que costuma dar baitas dores de cabeça a Hulk, quase todos os X-men e principalmente ao idolatrado salve-salve Wolverine. Foi necessário, um quarto do século, após tímidas investidas em desenhos animados, para que este palhaço fortemente armado estreasse com toda nobreza nas telas do cinema.


Dirigido pelo estreante, craque nos efeitos especiais, Tim Miller, o filme que ora está quebrando a banca nas bilheterias, pode-se dizer que é o que de mais sério a Marvel já realizou. Sim ou você pensa que há algo engraçado na construção de uma comédia? Pergunte aos Bobos da Corte...

A direção de Miller é segura e subversiva a um só tempo. Perfeita para o estilo.

O mercenário bufão Wade Wilson fatura perseguindo pessoas quer seja para matar ou apenas para dar um susto, como no caso do entregador de pizza que enchia o saco de uma adolescente. Só isso já rendia um bom enredo, porém há mais. Wilson apaixona-se por Vanessa, uma Cabíria 2.0, prostituta de bom coração, e após uns dias de sexo selvagem, descobre que vai morrer e vislumbra uma luz no fim do túnel ao ser recrutado para ser curado de sua doença fatal e ainda adquirir certas habilidades especiais. Quem não?



É então levado para um sinistro laboratório comandado pelo mutante Ajax (Francis?) imune à dor e sentimentos, que ao lado de outra mutante, a brutamontes Anjo, submeterá o pobre à tanto martírio que ele terá a pele eternamente alterada, pra não dizer destruída. Tá, cortemos a chatice, blablabla, etc, surge Deadpool!

Ryan Reynolds, o ex Sr Johansson, finalmente acerta na mosca, aliás, na pulga da mosca! Depois de um malfadado Lanterna Verde e um ainda pior simulacro de Deadpool no discutível (e ruim) Wolverine: Origens, coube a ele dar vida e movimento a uns dos mais divertidos e menos desgastados personagens da Marvel Comics Group. Sortudo o sujeito...



A bela Morena Baccarin é o par romântico do maluco, o que faz com perfeição. Cedo pra saber se vira par romântico definitivo, entretanto não deveria, pois o anti-herói não tem par fixo. O filme ainda conta com o auxílio luxuoso de Colossus, no mais puro (e perfeito) CGI e da adolescente Míssil.

Como não amar um filme que elimina a quarta parede desavergonhadamente, esculacha a estética super-heroística, com ênfase no Wolverine; na Marvel, no filme e em si próprio e ainda arruma tempo de trucidar um a um seus inúmeros desafetos, à base de espadas, automóveis, tiro, porrada e bomba desbragados? Com um tratamento DIGNO, apesar do orçamento (nem tanto) modesto, elejamos Tim Miller para as partes 2, 3, 4, 5, 10...

Dá-nos a impressão de que Vingadores pode parar por aí, queremos mais e mais Deadpool. E Cable. E X-Force. E, por favor, sem essa de muitos “happy endes”, pois o cara se ferra em 90% de suas investidas amorosas, porém desta vez passa e faz todo o sentido.

Atenção pro vovô Stan Lee encarnando um DJ de puteiro, os borbotões referenciais, a cega cheiradora e onde está Rob Liefeld?

A trilha sonora, ora irônica, ora agitada no último, ora hilária, invade com exatidão cirúrgica e permeia o casal de pombinhos tarados e suas atitudes que enrubesceriam o mais nerd dos fãs do Thor ou do Capitão América. Finalmente um (não) herói como se deve! A atriz brasileira Morena Baccarin tá coberta de razão, quando filosofa: "É uma história de amor". Amor pornô, meio 'hard boiled', contudo amor. Sim e na trama também estão as drogas e o rock and roll!

Triboulet e todos os Bobos do mundo estão orgulhosos...

Adendo: Agora só falta a DC adaptar o Lobo



FICHA TÉCNICA
Ano: 2016
Título Original: Deadpool
Título em português: Deadpool
Título em japonês: Deadpool
Título em yiddish: דעאַדפּאָאָל
Direção: Tim Miller
Roteiro: Paul Wernick, Rhett Reese

Elenco: Anthony J Sacco, Ayzee, Ben Wilkinson, Brad Archie, Brianna Hildebrand, Dan Zachary, Ed Skrein, Fabiola Colmenero, Gina Carano, Hugh Scott, Jason William Day, Jed Rees, John Dryden, Karan Soni, Antero Leivas, Kyle Cassie, Kyle Rideout, Leslie Uggams, Morena Baccarin, Naika Toussaint, Olesia Shewchuk, Paul Lazenby, Rachel Sheen, Ryan Reynolds, Sean Quan, Stan Lee, Stefan Kapicic, Style Dayne, T.J. Miller, Taylor Hickson, Tommy Proctor, Tony Chris Kazoleas

Produção: Kevin Feige, Lauren Shuler Donner e Simon Kinberg
Key Grip: Função que, há até bem pouco tempo, ninguém sabia o que era e nós também não diremos, porque temos a mais absoluta certeza de que você não está lendo isso, assim como não leu que Antero Leivas, o autor deste texto chato e pretensioso, teve seu nome incluído no elenco aí acima.

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