segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Os filmes do Oscar: A PONTE DOS ESPIÕES (seis indicações)


Por Ricky Nobre



 Os filmes de cunho político de Spielberg são os que menos rendem na bilheteria, sendo Munique (2005) um dos seus trabalhos menos bem sucedidos na arrecadação. Apesar de ter a espionagem como tema, A Ponte dos Espiões não é exatamente um filme do gênero. Ambientado no início da década de 60, no auge da guerra fria, é de fato um filme que tem a política como principal enfoque, para a frustração de muitos que esperavam um típico filme de espiões com ação. 


Baseado num caso real (e como tem casos reais nesse Oscar!!), o roteiro dos irmãos Coen (olha só!) conta a história de James Donovan, um advogado especialista em patentes que é escolhido para defender um russo (Mark Rylance) acusado de espionagem. Tom Hanks, impregnando seu personagem de integridade e bom mocismo como de costume, interpreta o advogado que, do momento em que assume a defesa do espião, já começa levando seu trabalho muito mais a sério do que o governo julga adequado. Conforme ele aponta falhas no processo de investigação e acusação ao defender seu cliente, as reações de autoridades à sua volta vai deixando claro que aquele julgamento nada mais é do que um grande espetáculo para mostrar ao mundo a maravilhosa democracia que é a América. O destino do espião, porém, não pode ser outro a não ser a pena de morte. Mas a defesa não colabora.


Esta é apenas a primeira parte de A Ponte dos Espiões, porém não entraremos no mérito para não darmos mais spoilers do que o necessário. Basta dizer que Donovan possui, além de uma inabalável e infantil fé nas instituições democráticas americanas, uma razão muito prática em sua defesa do russo Abel. E essa visão desencadeia os eventos na segunda metade do filme, onde Donovan irá encarar desafios que ele jamais sonhou viver.


É desnecessário entrar no mérito da narrativa de Spielberg. Mesmo em seus filmes menos interessantes, ela é sempre precisa e dramática, fazendo os 142 minutos passarem rápido. A construção e a interação dos personagens de Donovan e Abel é um dos pontos altos do filme, investindo na humanização dos cidadãos de nações que se odeiam. O resgate da história é muito interessante, porém, no geral, não é nem de longe o mais memorável dos filmes de Spielberg, tampouco a indicação a melhor filme é das mais merecidas. Mas se formos comparar com os demais indicados...

INDICAÇÕES AO OSCAR
Melhor filme
Ator coadjuvante: Mark Rylance
Roteiro original: Matt Charman, Ethan Coen e Joel Coen
Música original: Thomas Newman
Mixagem de som
Direção de arte

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