Por Ricky Nobre
A presença militar ocidental no Afeganistão vai bem além dos
manjados EUA, Inglaterra e França. Dinamarca é um dos países menos lembrados
por manter tropas em território afegão, começando em 2001 e sendo retiradas em
2013. Guerra, de Tobias Lindholm,
aborda esse período a partir de experiências do microcosmo dos combatentes.
Basicamente, três frentes de batalha são mostrados na
narrativa. A primeira no país devastado, onde a tropa comandada por Claus
Pedersen tenta proteger a população civil dos ataques dos talibãs que ainda
resistiam naquelas áreas, tarefa dificultada pelas barreiras da língua e
diferenças culturais. Na Dinamarca, a segunda frente mostra a batalha de Maria,
esposa de Claus, em manter a casa e os três filhos durante a longa ausência do
marido, ausência esta que afeta as crianças em diferentes níveis. A terceira
batalha será travada com a volta de Claus, onde ele precisará encarar as
consequências de uma decisão que tomou em batalha, que teve uma resolução
trágica.
Guerra tem uma narrativa e roteiro simples, ainda que pese o
drama e a tragédia dos personagens. Sem grandes arroubos, o filme parece manter
uma visão pessimista sobre a eficácia da presença militar na região e sobre
seus efeitos nos combatentes e suas famílias, onde, além de suas vidas, seus
valores éticos também estão em risco e podem terminar atingidos por estilhaços.
A resolução é um tanto abrupta, como se não houvesse mais o
que discutir após o destino de Claus ser definido. A indicação ao Oscar parece
um tanto exagerada. Talvez a Academia tenha se surpreendido, acostumada à sua
visão nacional, com uma guerra sendo retratada sem qualquer espécie de
apologia.
INDICAÇÃO AO OSCAR
Melhor filme estrangeiro
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