sábado, 20 de fevereiro de 2016

Os filmes do Oscar: GUERRA (uma indicação)


Por Ricky Nobre



A presença militar ocidental no Afeganistão vai bem além dos manjados EUA, Inglaterra e França. Dinamarca é um dos países menos lembrados por manter tropas em território afegão, começando em 2001 e sendo retiradas em 2013. Guerra, de Tobias Lindholm, aborda esse período a partir de experiências do microcosmo dos combatentes. 


Basicamente, três frentes de batalha são mostrados na narrativa. A primeira no país devastado, onde a tropa comandada por Claus Pedersen tenta proteger a população civil dos ataques dos talibãs que ainda resistiam naquelas áreas, tarefa dificultada pelas barreiras da língua e diferenças culturais. Na Dinamarca, a segunda frente mostra a batalha de Maria, esposa de Claus, em manter a casa e os três filhos durante a longa ausência do marido, ausência esta que afeta as crianças em diferentes níveis. A terceira batalha será travada com a volta de Claus, onde ele precisará encarar as consequências de uma decisão que tomou em batalha, que teve uma resolução trágica.  



Guerra tem uma narrativa e roteiro simples, ainda que pese o drama e a tragédia dos personagens. Sem grandes arroubos, o filme parece manter uma visão pessimista sobre a eficácia da presença militar na região e sobre seus efeitos nos combatentes e suas famílias, onde, além de suas vidas, seus valores éticos também estão em risco e podem terminar atingidos por estilhaços. 


A resolução é um tanto abrupta, como se não houvesse mais o que discutir após o destino de Claus ser definido. A indicação ao Oscar parece um tanto exagerada. Talvez a Academia tenha se surpreendido, acostumada à sua visão nacional, com uma guerra sendo retratada sem qualquer espécie de apologia. 

INDICAÇÃO AO OSCAR
Melhor filme estrangeiro

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