segunda-feira, 1 de outubro de 2018

VENOM



Por Gabriel Maia
Há uma coisa interessante nos personagens que nos entretém e nos inspiram. Muitos deles são criados, ou acabam sendo direcionados para alguma discussão.

Venom, inicialmente um vilão do Homem-Aranha, era a união do jornalista fracassado, Eddie Brock, e um alienígena que agia como simbionte.
Me espanta ver as discussões de hoje em dia onde só importa saber quem é o mais forte, quem mata quem e quem tem mais recursos do que quem.
Quando quadrinhos eram coisas só de nerds havia todo o tipo de discussão que girava em torno de políticas sociais e ciências.

Mas porque estou comentando isso?
Porque Venom trás isso à tona.

O alienígena age como um simbionte. Na biologia, “simbiose” são dois organismos trabalhando juntos pela sobrevivência de ambos. Um exemplo disso são os líquens, união de algas e fungos. As algas produzem moléculas de energia (por serem fotossintéticas) e os fungos as protegem de morrer desidratadas. Simbiose.

O alienígena entra também na discussão de ufologia, se existem ou não vidas em outros planetas e como elas poderiam ser. Normalmente pensamos em aliens com formas humanoides, mas o simbionte trás a ideia de uma forma de vida que aparenta uma gosma que se une a um hospedeiro.


Como funciona a relação simbiótica de Venom? O simbionte dá ao hospedeiro todos os poderes que o personagem demonstra (força, velocidade, agilidade, mimetismo...) e em troca o alienígena se alimenta dos hormônios e outras moléculas liberadas pelo corpo humano.
O curioso é que o alienígena tanto pode agir em simbiose quanto como um parasita.

A diferença?

O simbionte trabalha pelo bem dos dois, já o parasita suga tudo o que pode do hospedeiro sem dar nada em troca. Isso aconteceu em uma edição especial de realidade alternativa onde o simbionte quase mata Peter Parker absorvendo toda sua vitalidade deixando-o como um idoso,


absorve as energias gama do Hulk deixando apenas o Banner,


e ataca o Thor antes de ser destruído.

Mas uma discussão que parece ter passado despercebida pelo público em geral é o fato de Venom falar de modo sutil sobre drogas.

Oi?
A forma como o simbionte age no hospedeiro é retratada de muitas perspectivas nos quadrinhos, inclusive ajudando a combater o câncer de Eddie Brock, mas nos cinemas houve uma fala em especial que ajuda a direcionar o comportamento do alienígena para a discussão sobre drogas.

Em “Homem-Aranha 3” Peter é encontrado pelo alienígena que se une a ele dando uma sensação boa, e o personagem passa a agir de modo estranho, o jovem gentil passa a ser mais ousado e agressivo, beirando o descontrole emocional atacando pessoas comuns e machucando Mary Jane que tentava pará-lo. Ao ver como ele estava fora de si, Peter tenta retirar o alienígena de si e este encontra Eddie Brock.


Em outro momento do filme Peter diz para Eddie: “Eu sei como é... você se sente forte... mas você vai se anular, liberte-se!”.

“Homem-Aranha 3” saiu em uma época de boatos em que o ator principal estivesse envolvido com drogas e, verdade ou não, a relação entre o alien e o hospedeiro é visível neste ponto de dependência para se sentir bem tirando da realidade inclusive quando Peter, em uma das cenas em que o personagem está muito abalado, olha para o suposto uniforme com aquela expressão de quem precisa de algo para se sentir melhor, como muitos dos jovens que enfrentam problemas e usam drogas para saírem da vida que levam.

No novo filme Venom será retratado como herói. Agora vamos aguardar para saber quais novas discussões o filme nos trará.



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